segunda-feira, 7 de março de 2016

Não interessa a razão

O Jorge Jesus tem razão quando afirma que o Benfica não sabe como é que ganhou. O Sporting coletivamente é uma equipa mais forte que o Benfica. Jorge Jesus acrescenta às equipas que treina. A dimensão tática e coletiva que acrescenta às equipas que treina coloca-as mais próximas de serem bem-sucedidas. Só que estar mais próxima de ser bem-sucedida e ser bem-sucedida vai uma distância. Um treinador só controla aquilo que é controlável por ele. A qualidade dos jogadores em determinados momentos e a sorte, no futebol, mais do que em qualquer outra modalidade, fazem a diferença.

Como aqui escrevi, o Sporting este ano não tem melhores jogadores do que no ano passado. Essa diferença é muito significativa no ataque. Perdeu os melhores jogadores da época passada: Nani e Carrillo; sem ter encontrado alternativas à altura. Também precisava de encontrar um segundo ponta-de-lança. O Montero não é suficientemente regular. Também não é suficientemente intenso na pressão sobre a saída da bola da defesa para uma equipa que jogue com dois pontas-de-lança, deixando a equipa descompensada. O Teo foi uma contratação desastrada e a insistência nele acentuou o desastre. É exatamente no ataque que a qualidade dos jogadores mais diferença faz.

O Jorge Jesus exige muito aos seus jogadores. É necessária muita disciplina individual e coletiva. É necessário estar sempre pronto para pressionar o adversário quando se perde a bola. Quando se ganha a bola, é necessário dispor sempre de linhas de passe seguras. Não há espaço nem tempo para distrações ou para descansar dentro de campo. Esta exigência paga-se do ponto de vista físico e anímico. Só nas últimas duas épocas no Benfica é que o Jorge Jesus percebeu a necessidade de gerir melhor a equipa. Na penúltima, tinha alternativas para todos os gostos e feitios. Na última, o avanço que conquistou ao início permitiu-lhe fazer essa gestão sem grandes contratempos.

No Sporting, não há um plantel com suficientes soluções que permita a gestão do esforço da equipa. Na segunda volta tem acontecido o que aconteceu em algumas épocas no Benfica: a equipa e os seus principais jogadores encontram-se profundamente desgastados. Por isso é que sempre se defendeu que a participação na Liga Europa diminuía a equipa e as suas possibilidades de ser bem-sucedida no campeonato. Esta situação seria sempre agravada, face aos seus adversários, pelo facto de ter começado a época mais cedo, fruto da participação na pré-eliminatória da Liga dos Campeões. O Jorge Jesus também estava consciente destas dificuldades, mas havia pouco que pudesse fazer.

Tendo toda a razão do Mundo, o Jorge Jesus perdeu uma boa oportunidade para estar calado. O futebol não é patinagem artística, como costumo dizer. Não interessa a nota artística ou a técnica. Só interessam as que entram. O Benfica ganhou o jogo que tinha de ganhar. O Sporting perdeu o jogo que não podia perder. Pensei que o Kelvin lhe tinha ensinado alguma coisa. Pelos vistos, não.

9 comentários:

  1. Em NATO code: Five by Five. Perfeitamente legível e correcto e permitindo boa recepção de todos.
    A questão é saber se os sócios, adeptos e corpos directivos entendem a sua mensagem e têm coragem de mudar.
    Obrigado e um abraço
    CFBernardino

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    1. Meu caro,

      Obrigado pelo seu comentário. É necessário racionalizar estas coisas. De outra forma acabamos no "é preciso levantar a cabeça".

      Um abraço

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  2. Compreendi, finalmente, porque é que o União nos ganhou, o Boavista empatou, etc, etc.
    Mas, sim, o que conta é, sempre, o resultado final positivo, não importa como se chega lá. Xistras, capelas, ferreiras & comandita, continuai, estais absolvidos...

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    1. Meu caro,

      Os resultados não se explicam. São isso mesmo: resultados. São auto-explicativos.

      O Sporting só pode ganhar apesar dos árbitros. É um pressuposto. Sabemos isso desde o início. O Benfica e o Porto é que podem ganhar por causa dos árbitros. É um duopólio.

      SL

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  3. caro Rui,

    É no seu último parágrafo que está o cerne da questão. Está lá tudo.

    Há muito tempo que o JJ gere mal a sua (des)comunicação (e não é o único).
    Como diria Sun Tzu, aquele que se empenha a resolver as dificuldades resolve-as antes que elas surjam.
    SL

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  4. Um aspecto que nao referiu e que tem sido tambem determinante a má gestão da pressão de ter que ganhar, nos primeiros 30 mt de jogo os jogadores do Sporting ainda nao estavam cansados mas demoraram a entrar no jogo exactamente porque entraram demasiado pressionados , sentiram em demasia a responsabilidade de terem que ganhar,quizá Bryan falhou tanto por esse motivo , a cabeça, está tudo na cabeça....
    O crescimento do Sporting nestes ultimos 3 anos provoca uma pressão acrescida de todos pelo aumento da ansia pelo titulo, ainda nao aprenderam a gerir essa ansia que provoca pressão, ainda nao estavam afinal ...preparados

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  5. E estou sempre disponível para trocarmos sempre ideias sobre futebol e o Sporting

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  6. Vejo que nao lhe interessa muito os meus comentários desejo-lhe toda a sorte e sucesso no seu blog, boa tarde.

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    1. Caro Júlio José Coelho,

      Claro que me interesso pelos seus comentários. Aliás, interesso-me pelos comentários de todos, procurando responder a todos.

      O problema foi que só vim cá no dia 7 responder aos comentários e o seu comentário foi no dia 8.

      O Sporting está a perder gás há uns tempos. Perdendo gás, viu o Benfica aproximar-se. Essa aproximação gerou, porventura, alguma ansiedade. Essa ansiedade talvez não tenha sido bem gerido.

      No entanto, não separo a dimensão física da psicológica. O Desgaste físico implica desgaste psicológico. Nem sempre as pernas fazem o que a cabeça manda. O desgaste físico gera desgaste psicológico. A falta de profundidade do plantel associada a uma metodologia de treino e de jogo que não dá descanso, colocou muitos jogadores à beira do colapso. No Sporting há sempre dois ou três jogadores que são substituições obrigatórias. Nenhum deles dura um jogo todo.

      SL

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