Não aprecio particularmente o futsal. Mas hoje não resisti à tentação de ver um bocado do jogo contra o Benfica. Ver um jogo destes confirma as nossas piores suspeitas, mas enche-nos de esperança no futuro.
Via o jogo enquanto trabalhava. Ia ouvindo os comentários e de quando em vez olhava para a televisão. Ouvia um locutor benfiquista completamente histérico. Num momento de maior gritaria lá prestei um pouco mais de atenção ao que se estava a passar. De acordo com o locutor dois jogadores, um do Sporting e outro do Benfica, tinha desatado à cabeçada. A veemência com que o homem dizia aquilo e a autoridade moral com que o dizia pareciam não deixar margens para dúvidas. E, então, pela repetição das imagens o que vejo: um jogador do Benfica enfia uma grande cabeçada no do Sporting. O do Sporting vai discutir com o do Benfica. O do Benfica manda uma cabeçada no do Sporting. E isto tem tudo a mesma gravidade. Para o benefício do infractor ser mais evidente o Sporting fica com menos um jogador o que, no futsal, é meio caminho andado para sofrer um golo.
De repente, estávamos a perder três a zero. E o entusiasmo do locutor era transbordante e completamente incontido. Apoderou-se de mim uma profunda raiva. Percebi que a mesma raiva se tinha apoderado dos nossos jogadores e do treinador. Temi que perdessem a cabeça; mas não.
Deram-nos a mais bela lição de como se pode usar a raiva com inteligência. O Sporting ganhou, contra o árbitro, a cobardia dos jogadores do Benfica e os comentários alarves do locutor. Não transmitiram a entrega da taça. Era última retaliação, mas ao mesmo tempo um gesto de impotência. Tínhamos ganho e contra isso nada havia a fazer.
Parabéns aos jogadores, aos treinadores e aos adeptos sportinguistas que estiveram no pavilhão. O jogo de ontem foi uma bela alegoria do que somos e queremos continuar a ser. Só se ganha quando se quer ganhar mais do que os outros. Só assim se ultrapassam os obstáculos do costume.
quando nao apagam a luz cortam a emissão, o efeito é parecido mas a cabeça continua a inchar.
ResponderEliminarÉ o serviço público que temos!...
ResponderEliminarÉ o servilismo a substituir o profissionalismo.
É a clubite a substituir a isenção.
É a incompetência dos jornalistas, comentadores, realizadores, produtores e directores de programas.
É a RTP à espera de ser privatizada!...
Coitados de nós!!!...
SL
Caro anónimo,
ResponderEliminarDe facto, o fanatismo é sempre mau. Pior é ver esse fanatismo na televisão pública.
SL
Caro Álamo,
ResponderEliminarA televisão deve ser um exemplo de imparcialidade e de contensão. Por exemplo, lembro-me muito bem dos comentários aos jogos de andebol feitos pelo Fernando Pais. Isso sim era serviço público.
SL