quinta-feira, 6 de maio de 2021

Vai ser um trinta-e-um?

 

Já foi. Ontem o Sporting cumpriu trinta e um jogos seguidos no campeonato sem perder. Noutros espaços clubísticos seria um acontecimento estratosférico digno apenas de deuses do Olimpo; mas como se trata de um grupo de jogadores jovens (até o João Pereira rejuvenesceu) dirigidos por um treinador pouco graduado (mas muito perseguido e que quando sair para outras latitudes será genial), tudo não passará de um momento (longuíssimo, diríamos), de estrelinha (uma constelação!), de um paio do lombo em constante gestação.

A questão da desmontagem da equipa do Sporting continua o seu curso. Miguel Cardoso mostrou mais uma vez como é fácil desmontar a equipa do Sporting sem a (conseguir) contrariar. A teoria do puzzle (que acabamos agora mesmo de inventar) demonstra como é simples desmontar um puzzle de 2000 peças (por exemplo), e depois arrancar os cabelos e algumas das unhas dos pés no desespero de não o conseguir montar, mesmo contrariado.

A desmontagem de uma equipa não é nunca acompanhada de uma folha de instruções adaptável a cada situação, e sendo o futebol um jogo em que as peças se movem sozinhas, ao contrário das damas, ou mesmo do dominó, podemos sempre ser surpreendidos pela forma como a equipa previamente desmontada joga. Foi isso que ontem aconteceu em catadupa durante a primeira parte de um jogo que, aos quinze minutos, poderia ser de confortável vantagem para a equipa constantemente desmontada.

Desconfiados, os jogadores da equipa da casa (uma equipa que normalmente tenta jogar futebol), não percebiam porque raio o campo estava tão pequeno, já que os jogadores da equipa previamente desmontada apareciam sempre em cima do acontecimento. Estariam a jogar em vantagem numérica? Seria aquilo a tal intensidade? Resultaria apenas de uma vontade indómita? Treinar-se-á o acreditar? Vários jogadores da equipa de casa (que gostam de jogar futebol) já se escreveram em cursos de coaching e psicologia positiva, esperando-se um verão de estudo intenso. Ao intervalo o resultado era lisonjeiro para os estudiosos perplexos da equipa da casa.

No segundo tempo, Cardoso, após desmontar a equipa adversária, desmonta também a sua, e volta a montá-la com uma peça fora do puzzle: Mané. Amorim, sem dúvida inspirado pela visionária acção do oponente, rapidamente montou algumas das peças desmontadas, valendo-se de um novo carburador: Matheus Nunes. Foi com a naturalidade dos audazes que o Sporting chegou ao dois-a-zero pelo Paulinho. Um grande golo que ele já merecia, sendo a par de Palhinha (voltou a encher o tal campo aparentemente pequeno) e de Coates, os grandes protagonistas da noite, sem exclusão de nenhum dos outros. O Sporting não tem estrelinhas, mas lá que parece uma constelação, parece.

8 comentários:

  1. Gabriel Pedro, esse texto é uma espécie de pano encharcado na tromba de alguns (estou a pensar nos ilustres Paulo Abreu, Jaquim da Rita, e cia, ou comandita, o que acharem que eles realmente formam)
    SL

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    1. Meu caro,

      Nada de novo. A não ser a ausência do Braga nas últimas semanas da disputa do 3ºlugar. E nada de comunicados.

      SL

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  2. O tal do Cardoso convenceu-se que é um grande treinador, até foi para o estrangeiro. Mas para fazer a desmontagem do puzzle precisa, apenas do dedo médio, já para a montagem é preciso muito mais que isso.

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    1. Meu caro,

      Desmontar até parece fácil. Montar não é para todos. E para contrariar o futebol do Sporting é necessário algo mais que estrelinha...
      SL

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  3. Deverá ser preciso um curso de Alfabetização (que no caso poderia ser um curso de Honestidade) para que houvesse pelo menos vergonha no soletrar das palavras sobre um aconteciumento visto por milhares de pessoas. Entao nao e que o Cardoso disse claro e em bom som que o que valeu ao Sporting foi o penalti?
    Quem parece que fez o curso foi o Carlos Brito, o (novo?) comentador da Sport TV. Ao contrario de dois nomes ditos sportinguistas que por ali andam a tentar demonstrar tanto que são "objectivos" só falando das capacidades das equipes adversárias, Brito falou das duas equipes, dos jogadores, das jogadas com objectividade e sapiência. E esse sim, desmontou os detalhes. Fiquei positivamente admirado.

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    1. Meu caro,

      O treinador do Rio-Ave procurou a saída possível. Talvez não tenha assistido ao jogo com atenção. Vai fazer melhor com o Porto, de certeza.

      De resto, os comentadores comentam a sua dor. É ler o mister Xavier.

      SL

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