Já foi. Ontem o Sporting cumpriu
trinta e um jogos seguidos no campeonato sem perder. Noutros espaços
clubísticos seria um acontecimento estratosférico digno apenas de deuses do
Olimpo; mas como se trata de um grupo de jogadores jovens (até o João Pereira
rejuvenesceu) dirigidos por um treinador pouco graduado (mas muito perseguido e
que quando sair para outras latitudes será genial), tudo não passará de um
momento (longuíssimo, diríamos), de estrelinha (uma constelação!), de um paio do
lombo em constante gestação.
A questão da desmontagem da
equipa do Sporting continua o seu curso. Miguel Cardoso mostrou mais uma vez
como é fácil desmontar a equipa do Sporting sem a (conseguir) contrariar. A
teoria do puzzle (que acabamos agora mesmo de inventar) demonstra como é
simples desmontar um puzzle de 2000 peças (por exemplo), e depois arrancar os
cabelos e algumas das unhas dos pés no desespero de não o conseguir montar,
mesmo contrariado.
A desmontagem de uma equipa não é
nunca acompanhada de uma folha de instruções adaptável a cada situação, e sendo
o futebol um jogo em que as peças se movem sozinhas, ao contrário das damas, ou
mesmo do dominó, podemos sempre ser surpreendidos pela forma como a equipa
previamente desmontada joga. Foi isso
que ontem aconteceu em catadupa durante a primeira parte de um jogo que, aos
quinze minutos, poderia ser de confortável vantagem para a equipa
constantemente desmontada.
Desconfiados, os jogadores da
equipa da casa (uma equipa que normalmente tenta jogar futebol), não percebiam
porque raio o campo estava tão pequeno, já que os jogadores da equipa
previamente desmontada apareciam sempre em cima do acontecimento. Estariam a jogar
em vantagem numérica? Seria aquilo a tal intensidade? Resultaria apenas de
uma vontade indómita? Treinar-se-á o acreditar? Vários jogadores da equipa de
casa (que gostam de jogar futebol) já se escreveram em cursos de coaching e psicologia positiva, esperando-se
um verão de estudo intenso. Ao intervalo o resultado era lisonjeiro para os
estudiosos perplexos da equipa da casa.
No segundo tempo, Cardoso, após
desmontar a equipa adversária, desmonta também a sua, e volta a montá-la com
uma peça fora do puzzle: Mané. Amorim, sem dúvida inspirado pela visionária
acção do oponente, rapidamente montou algumas das peças desmontadas, valendo-se
de um novo carburador: Matheus Nunes. Foi com a naturalidade dos audazes que o
Sporting chegou ao dois-a-zero pelo Paulinho. Um grande golo que ele já
merecia, sendo a par de Palhinha (voltou a encher o tal campo aparentemente pequeno)
e de Coates, os grandes protagonistas da noite, sem exclusão de nenhum dos
outros. O Sporting não tem estrelinhas, mas lá que parece uma constelação, parece.
Parabéns, texto fabuloso!
ResponderEliminarSL
Obrigado, meu caro!
EliminarSL
Gabriel Pedro, esse texto é uma espécie de pano encharcado na tromba de alguns (estou a pensar nos ilustres Paulo Abreu, Jaquim da Rita, e cia, ou comandita, o que acharem que eles realmente formam)
ResponderEliminarSL
Meu caro,
EliminarNada de novo. A não ser a ausência do Braga nas últimas semanas da disputa do 3ºlugar. E nada de comunicados.
SL
O tal do Cardoso convenceu-se que é um grande treinador, até foi para o estrangeiro. Mas para fazer a desmontagem do puzzle precisa, apenas do dedo médio, já para a montagem é preciso muito mais que isso.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarDesmontar até parece fácil. Montar não é para todos. E para contrariar o futebol do Sporting é necessário algo mais que estrelinha...
SL
Deverá ser preciso um curso de Alfabetização (que no caso poderia ser um curso de Honestidade) para que houvesse pelo menos vergonha no soletrar das palavras sobre um aconteciumento visto por milhares de pessoas. Entao nao e que o Cardoso disse claro e em bom som que o que valeu ao Sporting foi o penalti?
ResponderEliminarQuem parece que fez o curso foi o Carlos Brito, o (novo?) comentador da Sport TV. Ao contrario de dois nomes ditos sportinguistas que por ali andam a tentar demonstrar tanto que são "objectivos" só falando das capacidades das equipes adversárias, Brito falou das duas equipes, dos jogadores, das jogadas com objectividade e sapiência. E esse sim, desmontou os detalhes. Fiquei positivamente admirado.
Meu caro,
EliminarO treinador do Rio-Ave procurou a saída possível. Talvez não tenha assistido ao jogo com atenção. Vai fazer melhor com o Porto, de certeza.
De resto, os comentadores comentam a sua dor. É ler o mister Xavier.
SL