Relato:
“Início do jogo e Artur Soares Dias passa para Luís Godinho. Artur Soares Dias dá indicações para Luís Godinho avançar no terreno e Luís Godinho avança. Artur Soares Dias dá indicações para Luís Godinho recuar e Luís Godinho recua. Espera, espera, está um jogador do Sporting a impedir a jogada de Luís Godinho. Luís Godinho afasta-o, bem, muito bem Luís Godinho! Artur Soares Dias dá indicações para Luís Godinho desmarcar e Luís Godinho desmarca. Bem, muito bem Artur Soares Dias e ainda melhor Luís Godinho!”
Análise ao jogo:
“O árbitro esteve muito bem. Vê-se que apitou para o início do jogo exatamente no momento em que o jogo se iniciou. É um lance de muito, muito difícil decisão. O jogo inicia-se com o apito e ao iniciar-se é porque houve o apito? Está-se em presença da dialética entre o ovo e a galinha. No início do jogo, no contexto desta dialética, a FIFA determina que se deixe jogar. Nem sempre os espetadores se encontram familiarizados com a dialética hegeliana e a sua oposição ao kantianismo e à dialética transcendental e é preciso esclarecê-los. No final da primeira parte, volta-se outra vez à dialética hegeliana e à forma como a FIFA a interpreta e, ao interpretá-la, determina a sua aplicação. A primeira parte acaba porque o árbitro apitou ou porque acabou a primeira parte é que o árbitro apita? A ação [de apitar] determina a inação [fim da primeira parte] ou é a inação [o não jogar] que determina a ação [o apitar]? A FIFA manda jogar, desculpe, não jogar, neste caso. O início da segunda parte e o seu final também não estão isentos de dificuldades interpretativas, mas a discussão reconduz-se ao início da primeira parte e ao seu final. A FIFA manda jogar ou não jogar, conforme os casos, dada a impossibilidade de determinar o início da relação de causalidade entre o ovo e a galinha, de acordo com a dialética hegeliana ou outra dialética qualquer. De mais simples análise é o sopro, o sopro no apito, em todos estes momentos. As imagens são claras. Nota-se nitidamente que o árbitro inspira primeiro, cumprindo as leis da FIFA. Menos informados, os espetadores tendem a estabelecer uma relação de permanente sequência entre inspirar e espirar, impedindo que se conclua também o que determina o quê. A FIFA interpreta essa relação como uma relação que, embora sequencial, se inicia com a ação de inspirar. Num primeiro momento, espirar é uma consequência de inspirar, e não o contrário, e só depois é que as relações de causalidade se sucedem, mas sem necessidade de apito. Luís Godinho e Artur Soares Dias estiveram muito bem, aplicando muito bem as leis e as suas interpretações da FIFA. As imagens são claras e os espetadores encontram-se esclarecidos. Não, de nada, não precisam de agradecer, estamos aqui para esclarecer.”
[O relato e a análise ao jogo são acompanhados de Missa Cantada, em fundo, de acordo com os livros litúrgicos e as melhores práticas litúrgicas]
Rui
ResponderEliminarDevia acompanhar o seu relato com música de fundo : de "Missa Cantada".
SL
João Balaia
Caro João,
EliminarTem razão. Já acrescentei.
SL