Não bastava jogar contra uma equipa com nome de laranjada ou refresco [prefiro 7-Up a estas bebidas isotónicas, para que conste]; não bastava jogar num campo e num estádio sem dono [no PREC chegou a ser uma Unidade Coletiva de Produção e, ao que dizem, passou a zona de caça turística gerida pela FPF com uns dinheiros do Cristiano Ronaldo à mistura]; como disse o Rúben Amorim, era preciso ainda preparar taticamente pior a equipa do que prepararia o Petit, prepará-la para menos do que nada. Em conclusão, para se estar preparado para tudo é preciso preparar-se para tudo ou para nada.
Quando se refere tudo é tudo mesmo, incluindo um novo fenómeno Lucílio Baptista. Este fenómeno caracteriza-se por se ver o que não se vê e não se viu, não sendo propriamente uma forma de adivinhar. Trata-se de um erro de paralaxe de uma pessoa, mas que altera a realidade de todas as outras ao seu redor. Já me aconteceu. Um dia, a passear de carro no Alentejo fui surpreendido por uma vaca a voar, apontando: “Olha, olha uma vaca a bater as asas, a voar!”. Ao meu lado, a minha mulher não disse nada, cumprindo à risca o protocolo do VAR. Essa situação foi analisada por um ex-árbitro na SIC. Que não, não era uma vaca. Que sim, era um mamífero. Que talvez fosse um veado. Que a afirmação correta devia ter sido: “Olha, olha um veado a bater as asas, a voar!”
A análise do lance do suposto “penalty” do Adan foi clara quanto ao erro de paralaxe e ao processo estranho de alteração da realidade. O tal ex-árbitro jura a pés juntos que o avançado não toca na bola, mas que precisava de uma imagem de demonstrasse que tinha sido o guarda-redes a tocar-lhe. Não se aplica o habitual se não é boi é vaca ou se não é galo é galinha. Sem visualização da genitália, se não é boi pode ser andorinha ou se não é galo pode ser rinoceronte. No “penalty” a nosso favor fez o favor de explicar que se o defesa se limitasse a espetar uma faca nas costas do avançado havia razões para mostrar o vermelho. Se ao mesmo tempo lhe enfiar um balázio na mona, então deve-se mostrar o simples amarelo.
Ando a ler “Sentir & Saber”, do António Damásio [não confundir com Manuel Damásio, se faz favor], e encontro-me especialmente preparado para compreender estas análises. Chama-se inteligência ou competência não explícita, resultado da evolução de processos bioquímicos que permitem detetar sem sentir, sem compreender, sem saber. Os seres unicelulares, como as bactérias, dispõem-se exclusivamente desta competência. Os homens, dispondo de sistema nervoso, combinam formas não explícitas e explícitas para a sua sobrevivência e nenhuma substitui a outra. Não tem mal, mas saber pressupõe sentir e compreender o que se sente: não há cérebro sem corpo, embora possa existir corpo sem cérebro.
Continua a ladainha que todas as equipas já compreenderam o sistema tático do Rúben Amorim. Umas porque estacionam o autocarro e não dão espaços nas costas da defesa, outras porque marcam a saída da bola pelos centrais e fecham as laterais, impedindo as subidas de Pedro Porro e de Nuno Mendes. As equipas vão perdendo, uma atrás da outra, mas estão a compreender, a saber. A única que compreendeu, que soube de facto, foi a equipa do Luís Godinho e, ainda assim, precisou da compreensão, da sabedoria da equipa do VAR. Os adversários não precisam de compreender o sistema tático do Rúben Amorim, mas tão-só de aprender com quem sabe sem saber, através de um longo processo de evolução da espécie que determinou o equilíbrio homeostático do futebol português.
Ganhou a única equipa que quis realmente empatar o jogo. Só não consentiu o empate, porque o Adan pensava que estava a lançar-se para o lado certo, tão certo disso estava que por pouco já não estava lá quando a bolha nele embateu, e também porque o João Mário disse qual era o lado para onde ia bater, só que era mais para dentro que o queria fazer.
ResponderEliminarO penalty cometido pelo B-triste e aquela mão marota foi só para não ser tão fácil empatar. Caramba, pensou o jogador do B-triste que esticou a pata dianteira para chegar à bola, passam 45 minutos a dar-nos a bola e nem isso são capazes de fazer como deve ser?
Para além dos três pontos, fica o consolo de que pelo menos aquela parcela já está lavrada. As equipas do Petit costumam ser mais da fruticultura, mas o B do B-triste deve ser de Batatal.
Claro que, segundo os cacarejadores das rádios, televisões e cassettes pirata, e palpita-me que também segundo aqueles senhores que estão preparados para reunir sábados à noite de emergência se necessário for, o Sporting devia ter perdido. No mínimo.
EliminarMeu caro,
EliminarAcho que não queríamos nada, nem empatar. Queríamos era fugir dali e quanto mais depressa melhor. Fugimos e ainda levámos três pontos. Como acredito no RA, estou em crer que se trata de uma estratégia para surpreender o Braga. Em boa verdade, o nosso melhor jogador, o Palhinha, estava indisponível para jogar, só para passear e foi o que fez.
SL
Tudo dito, caro Rui Monteiro. Excelente 2021, para si e para o Sporting Clube de Portugal.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarMuito obrigado. Muito bom ano para si e para o Sporting Clube de Portugal.
SL
Bom ano!
ResponderEliminarQue a inspiração se mantenha para nos divertir falando de coisas sérias. Bom ano para o SCP SL
Meu caro Zé Baleiras,
EliminarMuito obrigado. Bom ano para si e para os seus. Bom ano para o Sporting, naturalmente.
SL
Dos melhores textos de 2020 sobre "bola". Inclui imprensa escrita e digital.
ResponderEliminarObrigado Rui, abraço e um excelente 2021.
Muito obrigado Eduardo. Bom ano para si e para os seus. Bom ano para o Sporting, naturalmente.
EliminarAbraço
Dizem que Petit andou a cavar o relvado com 1 trator antes do jogo, Petit também mudou , antes dava paulada.
ResponderEliminarSaiu uma equipa vencedora e 2 derrotadas, a dos apitecos fizeram mais do que Petit para ganhar. Não só não ganharam como vão levar com Coates, Palhinha, Nuno Santos e o Pedro Gonçalves no jogo com o Beaga,
Fontanelas reagiu forte e nomeou uma equipa de respeito para Alvalade e lamentou não ter Lucílio e Calabote, assim ficaria o assunto resolvido.
SL
João Balaia