sábado, 13 de agosto de 2016

Mudar de relvado

Terminei a época passada no Tribuna. Foi aí que assisti à maior série de vitórias do Sporting da sua história (digo eu). Não chegou para ganhar o campeonato. Resolvi mudar de relvado também. Voltei ao Flávio para ver o jogo contra o Marítimo. Desde que a cabeleireira da minha mulher lhe disse que o nosso vizinho era atleta olímpico de taekwondo, tenho, do ponto de vista desportivo, um outro olhar sobre o bairro onde vivo. Ainda hei-de ver o Marcelo por cá a distribuir uma comenda.

Depois de uma pré-época de arromba, sem o Slimani e a ameaça de deserção dos Aurélios, previa o pior. Com os Ruízes na frente, o Jesus optou por um “tiki-taka” sem balizas. Muitos apoios frontais, muitas fintas e tabelinhas e pouco remates e presença na área. Com esta táctica estamos sempre a suspirar por um canto ou um livre, porque de outra forma não há maneira de meter a bola lá dentro. A situação ainda piora quando vemos os Ruízes fazerem-se a um cruzamento do João Pereira com os olhos fechados. Não via uma coisa destas desde os gloriosos tempos do Postiga.

Numa bola parada, acabámos por marcar um golo, que contou com benefício do Xistra. Quando há penalty não há lei da vantagem. O Xistra deu a lei da vantagem e o Coates meteu-a lá dentro. Pelo caminho, o Patrício resolveu mostrar-nos porque é hoje um autêntico monstro das balizas. Acabámos a primeira parte em modo assim-assim.

Na segunda parte, o William Carvalho decidiu estar em todo o lado ao mesmo tempo. Asfixiámos o Marítimo e fomos falhando golos atrás de golos em grande estilo. É difícil encontrar alguém que falhe melhor do que o João Mário. Só o Bryan Ruiz e nem sempre. Desta vez, marcou um golo de baliza aberta. Uma novidade, portanto.

Esta época vai ser como a anterior. Tentámos a quarta ressurreição do João Pereira. Quando o vemos jogar, temos saudades do Scheolotto. Quando vemos jogar o Scheolotto, temos saudades do João Pereira. No lado esquerdo é pior. Entre o Zeegelaar e o Jéfferson, preferimos o Bruno César. Os centrais parecem mais seguros. No meio-campo temos o William Carvalho e enquanto assim for temos meio-campo. O Adrien ajuda e se não ajudar o João Mário outro o Jesus arranjará para ajudar. Até pode ser um dos Ruízes. No ataque, temos o Slimani e muita nota artística. É capaz de não chegar. Quase temos saudades do Teo.

8 comentários:

  1. Regresso em grande forma... do Rui Monteiro.

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  2. Meu caro,

    "só" duas coisas que não concordo:
    - só temos saudades do Schelloto se jogar o Marian Had ou o Gil Baiano (J. Pereira fez um grande jogo e espero que se mantenha);
    - vejo com alguma preocupação esse regresso ao Flávio (ou, pior, o abandono do Tribuna que foi essencial no excelente final de época);

    quanto ao resto, a qualidade habitual, mesmo em plena silly season.

    um abraço

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    1. Caro Cantinho,

      Tem razão. O João Pereira não fez uma mau jogo. O que continua a ser inexplicável é a razão para se contratar em definitivo o Scheolotto se é para jogar o João Pereira.

      Um abraço

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    2. Sim, isso é totalmente incompreensível.
      Quase tanto como se contratar 3 defesas-esquerdos em 3 épocas e o melhor (ou único) para o lugar é um... médio.
      Ou iniciar uma época sem um único ponta de lança, sendo que o único disponível já deve estar a caminho da Argentina e não alinhou nos últimos 3 jogos da pré-época.

      É o Sporting. Se fosse tudo racional, não se chamava Sporting.

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    3. Caro Cantinho,

      O Jorge Jesus tem um fetiche com os laterais, sobretudo com os laterais esquerdos. Aliás, o mais parecido com o Eliseu é o Bruno César.

      Quanto aos avançados as coisas parecem mais complicadas. É difícil substituir dois malucos: O Slimani e o Teo. Cada um é maluco à sua maneira. O Barcos tem cara de maluco. Deve ter sido por isso que o contratámos.

      Um abraço

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  3. Caro Rui,

    Excelente crónica. Até ver mudámos muito pouco face à época passada. Em princípio isso são boas notícias, mas perante a falta de novidade acabamos assim, a falar do relvado ou a trocar de televisor.

    E podemos falar do Alan Ruiz, o novo. É difícil parecer pior que o Teo. Mas falámos aqui tanto da imprevisibilidade (ou loucura?) do Teo, que me pergunto se não vamos ter saudades dela. Havemos de ver.

    SL

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    1. Caro João,

      Vamos ter saudades do Teo. Não tanto do que ele joga, mas da possibilidade de falar de alguém quando não se consegue falar de mais ninguém.

      A Alan Ruiz não é o substituto natural do Teo. Ninguém é o substituto natural do Teo. Estou-o a ver mais no meio-campo, a substituir o João Mário, ou descaído para uma das alas, fazendo um pouco o que faz o Bryan Ruiz.

      Um abraço

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