terça-feira, 22 de abril de 2014

Profecias que se cumprem a si próprias e prognósticos no fim do jogo (I)

Os campeonatos só interessam até que esteja decidido o vencedor. Após o apito final dos jogos que os decidem, festejam-se e, em seguida, passam a estatísticas. Agora, entra-se na fase das narrativas sobre os (de)méritos das equipas. A história, mesmo a pequena história do futebol, é escrita pelos vencedores. As narrativas dessas vitórias têm dois papéis: legitimam quem ganha, mesmo que a legitimidade e a justiça da vitória sejam duvidosas, geram um contexto para a época seguinte. É importante estar atento a estas narrativas, pois elas condicionam o futuro.

Atribui-se um grande mérito ao Luís Filipe Vieira por ter mantido o Jorge Jesus. O que parecia uma loucura apresenta-se como um ato de gestão visionário. A manutenção do Jorge Jesus dependeu do LFV e de muitas outras circunstâncias.

Há várias que a explicam. Escolho um delas: o jogo da Taça de Portugal contra o Sporting. Esse jogo foi em 9 de novembro de 2013. Depois de um início de campeonato engasgado e a jogar miseravelmente, o Benfica estava em terceiro lugar a três pontos do Porto. Esteve a ganhar por três a um. Permitiu o empate. Ganhou por quatro a três. Assistiu-se a um dos maiores gamanços da história desta época; gamanço que foi mesmo reconhecido pela tradicional balbúrdia jurisdicional do futebol português.

Não posso, ninguém pode efetuar o exercício contrafactual. O que teria acontecido a Jorge Jesus se tem perdido, nos termos em que devia ter perdido (depois de estar a ganhar por três a um e de um início de época cheio de contestação e de maus resultados)? Não teria resistido, a meu ver. Teria saído pichado com alcatrão e penas no próprio dia. Não só não saiu como o Benfica ganhou confiança e moral. Sendo assim, quem é que assegurou a manutenção do Jorge Jesus no Benfica? O Duarte Gomes, pois claro. Mas houve mais…

13 comentários:

  1. Enfim, falar de arbitros nesse jogo é delirante, quando simplesmente um Benfica estoirado da Champions andou ali a engonhar e saem 2 golos do nada, aleatórios do Sporting, raça e coiso tal , ah e já pós 2 saidas de lesionados

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    1. Mais uma regra saída da era Vieirista:

      "Se durante um jogo de futebol profissional de uma competição oficial, uma equipa já se apresentar limitada fisicamente, devido a cansaço acumulado resultando mesmo em jogadores substituídos, a equipa de arbitragem (também ela profissional) deve-lhe prestar imediato auxílio, equilibrando as forças entre as equipas em competição, podendo mesmo funcionar como elemento extra na procura e alcance da vitória. À equipa limitada fisicamente, pode-lhe ser permitida qualquer tentativa de cometer actos que vão contra as regras do jogo, como a utilização de membros superiores no esférico ou mesmo pontapear adversários dentro da grande área. Aos actos ilícitos praticados pela equipa limitada fisicamente, mesmo comprovando-se a intencionalidade da sua execução, nunca se poderá comprovar a intenção em provocar dolo na equipa adversária."

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    2. Caro Cantinho,

      Simplesmente genial. Vou ter que passar isto para um post.

      Um abraço.

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    3. Caro Rui,

      Muito obrigado!

      É que esta teoria da “equipa limitada fisicamente” nunca me tinha sido apresentada. Fiquei surpreendido.

      Já me regozijava com aquela “é certo que vos roubaram 2 penaltys e deviam ter expulsado o Matic, mas se vocês jogassem mais escusavam de ser tão calimeros” (nota: o exemplo mantem-se no jogo em questão para manter uma coerência no post; no entanto, a teoria pode ser aplicada, infelizmente, a mais jogos. Ex: “É verdade que em Setúbal os 2 golos do Vitória são irregulares e anularam, mal, um golo ao Adrien, mas se o Sporting jogasse mais não estaria tão exposto aos erros da arbitragem”.
      É mais uma regra da era vieirista: “Jogas mal? Então podes (e deves) ser roubado!” A equipa de arbitragem mais que juiz, serve de justiceiro contra as más exibições (sim, porque uns jogaram sempre mal, os outros, mesmo vencendo por margens mínimas, estiveram sempre a gerir o jogo e resultado).

      abrço

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  2. Ainda há duas semanas andava esse FDP do Duarte Gomes a passear por um Shopping em Odivelas... Fato de treino e polo... só lhe faltava o fio de ouro e unha do mindinho crescidita...
    Os lampiões, nunca e em tempo algum são beneficiados... haver um presidente do carnide que admita alguma coisa é ficção científica.
    O mérito de LFV é relativo... embora todos o tenham atacado por manter o JJ... foi o medo de ele ir para o FrutaCP que o levou a manter em carnide.

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  3. Enfim, compreendo que não se compreenda por aqui a ginástica do jogo de 3 em 3 dias , face aos jogos de 15 em 15

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    1. Meu caro,

      Também compreendo que não compreenda que nós não compreendemos e por aí fora.

      Volte sempre

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  4. Mas, não foi o Jesus que disse (depois do Sporting, jogar numa competição europeia há 5ª feira, e ter que jogar com o Benfica no Domingo) que dois dias dava para recuperar uma equipe. Então queixam-se de quê? Pela maneira que falam, dá ideia que o Sporting, nunca jogou ao Domingo e ao meio da semana. Ao princípio do campeonato, era quando viesse o Inverno o Sporting não se aguentava. O Pedro Gomes, é que respondeu bem a esses "encomendadeiros". «No Inverno, o Sporting, até fez surf».

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    1. Meu caro,

      Nós queríamos jogar mais às quartas feiras para a Taça de Portugal e para a Taça da Liga. Vontade nunca nos faltou Futebol também não. Faltou-nos o Duarte Gomes.

      SL

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  5. "Assistiu-se a um dos maiores gamanços da história desta época;" - se quem escreveu isto não se está a referir a um penalty por lance fora da área, ou mesmo do campo, então ficamos a perceber a honestidade intelectual do autor.

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    1. Meu caro,

      Ainda bem que trouxe honestidade intelectual. Estamos bem precisados dela.

      Volte sempre

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  6. Caro Rui,

    Não gosto muito de efectuar este exercício do "e se", até porque poderia muito bem acontecer o Sporting falhar duas grandes penalidades e o Benfica jogar melhor com 10 do que com 11.

    Mas, olhando apenas para "factos" que me parecem de difícil discussão gostava de salientar uma interessante coincidência entre quatro jogos que, na opinião da larga maioria das pessoas, decidiram a época:
    - Benfica-Sporting, Taça de Portugal, jogo em que o Benfica conquistou ascendente moral sobre o Sporting: Figura do Jogo foi Duarte Gomes
    - Sporting - Nacional, jornada em que o Benfica alcançou o Sporting no topo da classificação: Figura do Jogo foi Manuel Mota;
    - Olhanense - Benfica,jornada em que o Benfica ultrapassou o Sporting no topo da classificação: Figura do Jogo foi Vasco Santos;
    - Benfica - Porto, jornada em que bate o campeão em título: Figura do Jogo: Artur Soares Dias.

    Uma conclusão possível é que de grandes figuras se faz um campeão...

    SL,

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