Só aceitei realizar a conferência com a condição de, no fim, ver o jogo. Tinha um jantar notável à minha espera, mas só depois do jogo. Primeiro a obrigação, só depois a devoção. Entretanto, a conferência atrasou-se. Houve quem quisesse falar comigo no final. Simpaticamente, acedi em pulgas.
Acabei por ver a segunda parte. Fiquei com a sensação de não ter perdido muito. Para o bem ou para o mal, esmeramo-nos no que fazemos. Quando estamos a engonhar, engonhamos com zelo e proficiência. Esqueceram-se foi de explicar ao Mané ao que estávamos e ao que vínhamos. Os entusiamos da canalha depois dão nisto. O rapaz entusiasmou-se e, de repente, estava o Adrien na posição de que tanto gosta. A dúvida fica sempre no ar, para nós e para o guarda-redes. A pergunta que procura responder é sempre a mesma: é desta que remato para o lado esquerdo ou continuo a rematar rasteiro e colocado para o lado direito? O guarda-redes colocou todas as fichas na continuidade. Azar e um a zero.
Continuámos a trocar a bola atrás, mas agora ainda mais lentamente. Ficámos à espera que o Belenenses se desmanchasse. Que, por uma vez, se deixasse de cautelas e caísse sobre nós. Que nos desse umas abébias na defesa e no meio campo. Mas eles nada. Continuaram à espera que lhes oferecêssemos um golo.
Estava o jogo nesta modorra, quando se começou a fazer sentir o efeito Cosme Machado; fenómeno natural há muito estudado e ainda não completamente compreendido, face à sua aleatoriedade. Começou de forma insidiosa. De repente, não havia uma bola disputada de cabeça que não fosse falta contra nós. Os livres sucediam-se ao mesmo ritmo das demonstrações de falta de jeito dos jogadores do Belenenses para jogar à bola. Mas o Cosme Machado começa como uma brisa e acaba transformado num tornado. O Rojo, mais impetuoso, faz uma falta. O jogador do Belenenses rebola-se no chão como se lhe tivessem arrancado o dente do siso sem anestesia. O Cosme Machado aproveita de imediato.
O que estava mal, piorou. A jogar contra dez, o Belenenses viu-se na obrigação de atacar; algo que tinha evitado com muito esforço e dedicação. Tirou uns jogadores mais pequenotes e meteu outros maiores e mais frescos. Meteu um calmeirão com cara de poucos amigos. Quando entra um destes percebemos que estão à espera que numa molhada o grandalhão acabe por tropeçar na bola e marcar um golo. Mas este grandalhão não era dado a grandes tropeções, apesar de o Dier e o Maurício terem procurado insistentemente tropeçar um no outro. O William Carvalho é que não está para tropeções nestas alturas.
O jogo lá acabou. Ganhámos e ficámos definitivamente em segundo.
Festejámos, mas não muito. Ninguém no seu juízo perfeito festeja um segundo
lugar.
Rui Monteiro, não me diga, que as televisões acampadas no Marquês, estavam há nossa espera, que fossemos festejar o 2.º lugar? Tiveram que meter o rabinho entre as pernas, e ir fazer óó. porque a ressuscitação do Jesus (como manda a tradição) é no Domingo de Páscoa
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