domingo, 13 de abril de 2014

Gil Vicente: uma equipa com princípios de jogo bem definidos

Às vezes os jogos são maus pelo mau estado de terreno. Outras vezes face ao mau estado da equipa adversária. Desta vez, foi o caso.

O Gil Vicente, como diria um Freitas Lobo qualquer, é uma equipa com princípios de jogo bem definidos. Só que os princípios não são compatíveis com o jeito dos seus jogadores para a bola. Uma equipa como a do Gil Vicente tem a responsabilidade de se conhecer. Devem jogar todos cá atrás e, quando têm a bola, mandam uma biqueirada para a frente, na expetativa que o grandalhão que colocaram a avançado possa num bambúrrio qualquer criar um lance de golo.

O Gil Vicente não é assim. Tenta sempre sair com a bola controlada, mesmo que bola atrapalhe os defesas. A jogada repetiu-se vezes sem conta. Um dos centrais passava a outro e esse, após uma corrida ou um mero franzir de sobrolho do Slimani, acabava por atrasar à queima para o guarda-redes que invariavelmente atirava a bola para fora. Perante este tiki-taka, qualquer adversário se aborrece e deixa de ligar ao jogo. Foi o que nos aconteceu. Nem o William Carvalho se conseguiu concentrar.

No início, o jogo parecia que não ia ser assim. Boa jogada entre ao Cédric e o Carrillo, balão para a molhada e o Slimani marca um golo à Jardel. Aquela bola completamente morta e ligeiramente atrasada só pode dar em golo por um predestinado da cabeçada. Depois disso, ficámos com a convicção que o Gil Vicente não ia sair de Alvalade sem a mala cheia. Mas, não. Não desarmaram. Começaram a aborrecer o adversário. O Sporting não ficou atrás e aborreceu-se a si mesmo e a todos que estavam a ver o jogo. Continuou a faltar o último passe e as jogadas de perigo iam-se perdendo por precipitações atrás de precipitações.

Imaginávamos que na segunda-parte iríamos entrar a matar para acabar com o jogo. Nada disso. O Gil Vicente não atava nem desatava e nós continuámos aborrecidos. Ainda esperámos que nos últimos minutos o Gil Vicente arriscasse qualquer coisa para tentar empatar o jogo pelo menos. Mas eles estavam agarrados que nem uma lapa ao resultado.

O Leonardo Jardim de repetente viu a luz. Deu duas palmadas no Montero e meteu o homem em campo. O homem não se fez rogado. Deu um nó em dois defesas e deixou o Jéfferson em grandes condições para, de uma vez por todas, fazer um último passe em condições. Mas o Jéfferson nada. Mesmo assim, o homem não desistiu. Grande passe a desmarcar o Carrillo e o Carrillo desta vez não entrou em crise existencial e fez um passe para o Heldon empurrar para o golo.

Bem, este jogo também está resolvido. Ainda não é esta semana que o Benfica é campeão. Dizem-me que vai jogar contra o Arouca. Também me dizem que o jogo é em Aveiro. Fico na dúvida se o jogo é contra o Beira-Mar ou contra o Arouca. Pode ser também que seja desta que fiquemos apurados definitivamente para a fase de grupos da Liga dos Campeões. Como se viu contra o Sevilha, o Porto está com vontade de ajudar.

8 comentários:

  1. Excelente, caro amigo
    Muito melhor o seu texto do que o jogo. A literatura a ultrapassar a realidade que a inspira. Nestas linhas nem o Gil Vicente conseguiu atrapalhar, antes pelo contrário, ajudou o discurso.
    Parabens.

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    1. Meu caro,

      Devíamos pegar nos nossos texto, editá-los, ilustrá-los e procurar vendê-los a uma editora. Acho que na pé-época esta coisa ainda se vendia. ^Tínhamos que arranjar um título suficientemente parvo. Não custa tentar. Conheço umas pessoas do meio. Vamos a isso? Não tenho tempo , mas sou suficientemente estúpido para me meter numa alhada destas.

      Um abraço

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  2. Desculpar-me-ão, mas o Gil tem um princípio de jogo bem definido: não jogar, nem deixar jogar!
    Como no final disse o seu treinador, "se não fosse aquele golo logo no início...", deixando no ar umas reticências sobre o que poderia ter acontecido se esse golo tardasse uns 10 ou 15 minutos, seria bem possível que a sua tática 6x3x1 mudasse para 3x6x1, embora ficasse inalterável o pontapé prá frente e fé em Deus.
    E há quem defenda o alargamento da Liga...

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    1. Meu caro,

      Não estamos de acordo. Eles procuram jogar. Não sabem é jogar. Como não sabem jogar, atrapalham o adversário. É que adversário parte do princípio, errado, que eles sabem jogar à bola.

      SL

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  3. Gil Vicente: uma equipa com princípios de jogo bem definidos (mas que tem Pecks...)

    Quanto ao jogo do slb, diz o Record que o Cardozo marca muitos golos em Aveiro. Só que geralmente é contra o Beira-Mar. Que grande confusão.
    As estatísticas também dizem que o slb, no seu historial, vence mais jogos em casa do que fora. Não sei porquê que ainda não ficou estabelecido que só deviam jogar em casa para a Liga. Acho que este também era um desejo de Eusébio.

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    1. Meu caro,

      O Benfica é o país e o país é o Benfica. Não faz sentido dizer que o Benfica joga fora ou em casa. É por isso que os autorizam a que joguem onde lhes der mais jeito.

      SL

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  4. O Gil foi das equipas mais incapazes que vi esta época em Alvalade. Deixaram que saíssemos sempre a jogar que até parecia que o Mauricio era um virtuoso. Era jogo para 3 ou 4 golos, mas fomos totalmente inconsequentes. O Mané esteve 70 e tal minutos a mais em campo e o Montero esteve quase o mesmo tempo a mais no banco. É que num jogo assim, é muito coxo ter apenas um único avançado que só tem jogo de cabeça.

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    1. Meu caro,

      Não percebi porque razão o Mané jogou. Manifestamente não estava em condições. Não se percebeu a razão para que o Montero não entrasse mais cedo. Era um jogo para ele, como se viu.

      Um abraço.

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