1. Não havia problema se o Sporting ganhasse por um a zero todos os jogos que faltam até ao final da época. Mas das três vezes que isso aconteceu esta semana, ficou sempre a ideia que a probabilidade de conseguir uma série assim é nula.
2. Domingos foi-se embora. Os comentários deselegantes dos jogadores ao passado recente vão se repetindo: Pereira e os “picos”, Carriço e a “nova confiança”, Marcelo e “todos a correr”…A verdade é que nos últimos 4 jogos o Sporting não jogou nunca melhor do que antes da chicotada. Excepção feita, se compararmos com o jogo miserável com o Marítimo. Mas aí também se percebeu claramente que o plantel já tinha decidido mandar o treinador borda fora. Aliás, conforme as ditas declarações tornam evidente.
3. Ao contrário dos melhores jogos desta época, o Sporting joga há algum tempo com as linhas muito mais recuadas. Talvez porque Rinaudo, pela sua intensidade de jogo, permitia que Elias e Schaars se adiantassem no terreno. Este posicionamento tão atrás tem diversas consequências: o Sporting recupera poucas bolas no meio campo adversário; raramente aproveita o desposicionamento e o erro; o pobre do “chocolate branco” passa todo o jogo perdido com todos a léguas.
4. Wolfswinkel não só passa o jogo sozinho como passa o jogo a correr para nada. Qualquer movimento de rotura é inconsequente, dado que não há ninguém que o aproveite (Elias não tem uma oportunidade de golo desde que perdeu duas na Luz). O resto da equipa está tão distante que ele não abre espaços para ninguém quando leva os centrais consigo. Resta-lhe batalhar nas bolas altas e vir muito atrás para tabelar com os colegas. É natural que com isto se vá cansando, perdendo confiança e deixe de fazer alguns movimentos que até faziam lembrar o Liedson, em que pressionava os centrais e lhes ganhava a bola. Acresce que o rapaz não tem técnica, nem velocidade, para ganhar no 1 contra 1 quando está longe da área. Wolfswinkel é um bom finalizador, um avançado de área. Aliás, falta a este Sporting um avançado rápido e mais móvel que possa fazer esse tipo de jogo (Domingos ainda o tentou fazer com Jeffren, em Olhão).
5. Eventualmente, o recuo no campo é o reconhecimento de que esta equipa, neste momento, não tem pernas para correr muito. Aliás, tanto com o Rio Ave como com o Legia, o Sporting revelou pouca intensidade e rapidez na disputa da bola. Os adversários foram em geral sempre mais rápidos. Essa debilidade é parcialmente disfarçada com o facto de a equipa ficar mais compacta, com as linhas mais próximas. Também por isso as oportunidades do adversário têm sido menores, e as “Polgadas” menos vistas. E os centrais até parecem mais rápidos, porque o espaço que lhes fica nas costas se reduz.
6. Não se entende bem o que pretende Sá Pinto com o seu discurso mirabolante. Motivar a equipa? Tudo bem, mas era escusado ser tão hiperbólico. Se este Sporting ontem “foi perfeito”, o que se poderia dizer do que andou a fazer em muitos jogos da primeira volta, ou até contra o Porto em Alvalade. Mas uma coisa é certa, com Sá Pinto não há chutão para a frente. Antes assim.
7. Não se poderia exigir a Domingos que fosse campeão, mas não também não se poderia tolerar que o Sporting fosse eliminado da Taça da Liga pelo Gil Vicente e estivesse em 5º lugar na 15ª Jornada. É uma questão de exigência. E a exigência no Sporting não é a mesma de Braga, até porque as condições oferecidas também não são as mesmas. Não apenas em jogadores ou em Academias, mas em volume de adeptos e na sua disponibilidade de apoio. Isso basta para despedir, mesmo com a atenuante das inúmeras lesões. Esta equipa é capaz de jogar muito e muito mais. Não é uma questão teórica. Eles já o demonstraram. Resta saber se Sá Pinto é capaz de o pôr a jogar assim. E não é só uma questão de motivação. Também não é preciso ser o "rei da táctica". Inácio foi campeão com um modelo de jogo bem simples.