sábado, 16 de janeiro de 2021

A saúde está primeiro e nós também

Há coisas que não se fazem, simplesmente não se fazem. O Ferro estava a fazer um mau trabalho, é isso? Perdemos para a Taça de Portugal e isso e só por isso é razão para se trocar o treinador principal pelo adjunto? O senhor Pereira do Automóvel Clube de Portugal ou da Direção Geral de Viação, não sei bem, disse o que tem de ser dito: não é por se andar a tirar a carta que se está em condições de conduzir. Quem tem filhos sabe isso muito bem. Facilitamos, damos-lhes as chaves do carro e no mínimo fica com um arranhão na porta ou com o para-choques amolgado, mesmo que seja para o tirar e voltar a colocar na garagem. 

O Rúben Amorim está a tirar a carta e deram-lhe o carro para as mãos, como qualquer pai faz com o coração nas mãos sabendo que o não deve fazer. Não andou bem, o carro naturalmente. Vi os últimos quinze minutos da primeira parte e os primeiros quinze da segunda, onde praticamente tudo de relevante aconteceu. Quando comecei a ver estávamos em pleno Plano A. Muita troca de bola para trás e para a frente, idas às linha para se voltar para trás e começar de novo, virando de flanco para fazer o mesmo do outro lado. De repente sai uma jogada de manual: os jogadores do Sporting e do Rio Ave concentram-se em três metros quadrados do lado direito, a bola sai da molhada para o Pedro Porro que faz uma passe a rasgar para o Plata, do lado contrário, que mete a bola de primeira para o Pedro Gonçalves a encostar de primeira também ao seu estilo, para o lado oposto ao do movimento da bola e natural movimento do guarda-redes. Foi um golo de manual, um golo digno de ser ensinado na escola de condução onde anda o Rúben Amorim.  

Até ao final da primeira parte podíamos ter arrumado o jogo. O Tiago Tomás rematou à entrada da área e o guarda-redes fez uma excelente estirada e safou a bola para canto. O Pedro Porro antecipa-se a um adversário e recupera a bola, mete-a no Pedro Gonçalves que a centra para o João Mário a deixar passar para o Nuno Santos, que enche o pé e a chuta para as nuvens. Na segunda parte entrámos em modo não sei se continuamos a pressionar alto e a atacar ou se recuamos um pouco para deixar o adversário adiantar-se e, com mais espaço, jogar em ataques rápidos ou contra-ataques. Contrariamente a muitos sportinguistas, considero que temos tantos planos como as letras do alfabeto. Não podemos é entrar com uma combinação de planos, com um pouco do A e o restante do B. A equipa ficou expetante, perdeu o controlo de jogo e expôs-se ao ataque do Rio Ave. 

Na primeira, o Mané faz um passe ao Ádan. Não avisados, na segunda tivemos a defesa sem saber bem se não recuava e fazia a linha de fora-de-jogo ou se recuava e ficava com um olho no burro e outro no burro. Optaram pela segunda possibilidade, que é o que fazem as equipas que não sabem o que fazer nestas circunstâncias. O Borja recuou a olhar a bola sem compreender bem onde se encontrava por referência ao Geraldes, portador da bola, e ao Mané que se desmarcava. Acabou tudo em golo do Rio Ave, após triangulação entre o Geraldes, o Mané e o Dala. Os rapazes foram fantásticos, pedindo imediatamente desculpa pois pensavam estar a marcar um golo pelo Sporting. Estão perdoados para que se saiba. Tarde ou cedo acabaremos por trocar alguns dos que temos por outros e esses por outros ainda até tudo acabar ao fim de trocas e baldrocas no regresso desses três outra vez e descobrirmos que também não os devíamos ter contratado de volta. 

Não vi mais. Fiquei a saber que empatámos. Admiti que estávamos a testar os nossos principais rivais, o Porto e o Benfica, a ver do que valiam, do que eram feitos e capazes. Queríamos que pelo menos um deles nos desse alguma luta, mas, se dúvidas houvesse, ficámos a saber um pouco mais tarde que isto está resolvido. Não há assim razão para não se acabar com isto, com o campeonato, entenda-se. A saúde está primeiro e nós também.

2 comentários:

  1. O Ruben A. quis testar o país, e as respostas são quase todas conclusivas, falta ver o resultado do teste principal.
    Porto: fraquíssimo, um empate, não aproveitando o deslize.
    Benfica: idem aspas.
    Braga: derrota e fim da ilusão de se intrometer na contas.
    Adeptos do Sporting: depressão profunda por liderarem o campeonato por 4 pontos em vez de 6.
    Direcção do Sporting: já terão percebido que estamos a meio do mês?

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    1. Meu caro,

      O seu comentário diz tudo. Um Porto x Benfica deprimente com duas equipas a jogar à marretada perante mais uma arbitragem deplorável, de um árbitro que nenhum jogador ou treinador respeita.

      O Braga, a melhor equipa de Portugal e arredores, a enfardar duas do Paços de Ferreira, mas, sim, é muito melhor equipa que nós e tem um plantel mais profundo. Que lhe faça bom proveito.

      Os sportinguistas, habituados a ganhar campeonatos atrás de campeonatos frustrados por estarem com quatro ponto de vantagem.

      Sim, uma direção que parece não perceber que precisamos de nos desfazer dos supranumerários e contratar um ponta-de-lança, pelo menos, e um defesa central se possível.

      SL

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