quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

Imaginem o que diriam o Jorge Jesus e os comentadores habituais de uma vitória destas?

Este jogo contra o Porto tem vários ângulos de análise, pontos de vista. O primeiro é da situação absolutamente excecional de ver responsáveis de comunicação de clubes a trocar fanfarronadas a propósito da Covid-19 e da existência de testes “falsos positivos”. Se dúvidas existissem sobre a forma como o futebol e a sua organização se sentem impunes, sem sentido de responsabilidade, ficaram esclarecidas. Se mandasse, o futebol esta época tinha acabado ontem, ainda antes do jogo. Há coisas com as quais não se brinca.

O outro ponto de vista é o das declarações do Sérgio Conceição. O mau perder acaba por ser a parte hilariante. A desqualificação do adversário é mais desagradável, mas constitui uma simples forma de justificação, como se tudo tivesse dependido da sorte ou do azar. Defendeu a teoria sempre repetida no paleio futebolístico que um golo só se justifica se anteriormente se tiver perdido umas tantas outras oportunidades. Um golo no primeiro minuto não tem mérito. Ora, não é assim, cada golo justifica-se por si, não precisa de um entendimento temporalmente mais amplo. Este argumento desculpabiliza quem os sofre, tão-só. 

O jogo foi muito disputado na base do pontapé e da bofetada. O Porto jogou como sempre joga: Pepe na defesa, pontapé para a frente, aproveitando as diagonais do Marega ou o seu primeiro domínio, quando o consegue, para a equipa avançar, e pode ser que o Corona consiga ficar com a bola numa zona próxima da área, onde costuma desequilibrar. O Porto esteve por cima do jogo na grande maioria do tempo, mas sem grandes oportunidades. As oportunidades do Porto resultaram sempre de investidas recheadas de ressaltos que acertam nas canelas do Marega e tanto vão para a baliza como para trás, para os lados ou para fora.

A meio da segunda parte, com a entrada do Matheus Nunes, o Sporting passa a dominar e percebe-se que o Porto estava a começar a dar o berro. Mas o canela dourada é terrível e num ziguezaguear desenfreado, seguido de uns ressaltos, de uma rosca na bola e de um bocado de relva arrancado marcou o primeiro golo. Na cabeça dos jogadores do Porto, do seu treinador e dos comentadores, o jogo estava acabado. Não, não havia adversário, o Sporting era como se não existisse e, assim, não tivesse qualquer capacidade de resposta.

O Sporting já tinha começado a empurrar o Porto para a defesa e, com o golo sofrido e as substituições, ainda mais dominador ficou. O Porto recuou e, como sempre, revelou as habituais dificuldades em controlar o jogo quando tem de defender E na sequência de um livre [após a quarta ou quinta falta de um tal Grujić para segundo amarelo], acontece o golo do empate e não, não foi com a canela ou após uma série de ressaltos e de tropeções. O Porto recebe mal o golpe e expõe-se ainda mais a levar o segundo, tal como aconteceu na meia-final da Taça da Liga há duas épocas atrás, só que desta vez a bola não foi para o Ristovski, mas para o Jovane, dispensando os “penalties”.

A partir daqui podem-se exprimir todos os lugares-comuns: os jogos não encerram nenhuma moral; ganha quem merece ganhar; ganha quem marca mais golos; o jogo só acaba após noventa minutos e é preciso jogá-los todos e cada um. O Rúben Amorim está sempre a afirmar que o Sporting pode ganhar a qualquer equipa, jogo a jogo, mas ninguém acredita, especialmente os próprios sportinguistas. É preciso reconhecer mérito a quem o tem. É preciso reconhecer os erros e as insuficiências quando as há. Mas a verdade é que as coisas não acontecem por acaso, por pura sorte ou azar. 

Chega-se ao último ponto de vista. Dispensam-se comentadores com a cabeça cheia de preconceitos, não comentando o que veem mas o que esperam ver mesmo não vendo, nem se vendo. Ainda o jogo estava longe de estar no fim e já o Sporting tinha perdido e essa derrota significava que o rei sempre ia nu, como sempre disseram, e se estava perante uma sequência de três resultados negativos. Imaginem se fosse o Jorge Jesus a ganhar este jogo? O que diriam ele e os habituais comentadores?

7 comentários:

  1. Meu caro Rui, o país está de cabeça meio perdida com tanta coisa às avessas. No futebol, isto de o Sporting insistir em não dar razão a desgraças pré-anunciadas deixa todos alterados; veja lá que até se chega aqui e nos sai um ‘post’ sério, sem o fino humor e ironia que tanto caracterizam este blog. Está tudo de pantanas.
    Um abraço, Miguel

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    1. Caro Miguel,

      Tem razão, mas ontem estava um pouco irritado com esta coisa da Covid-19 e a forma parva como esta malta parva do futebol trata estas coisas que não são para brincadeiras. De certa forma, não desfrutei do jogo como devia desfrutar e desfruto quase sempre.

      Um abraço

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  2. Caro Rui:
    Como médico, percebi perfeitamente as explicações que o Presidente Varandes deu, e que, com sia licença, traduzo aqui:
    Os testes feitos pela Unilab ( propriedade do filho de Luis Filipe Menezes, o do sulistas, elitistas e liberais, e tem como alto quadro um filho de Fernando Gomes, o presidente da FPF) tem como director clínico em que, após laboratórios independentes, diferentes e em dias distintos, terem contradito o resultado da Unilab, reconheceu por mail serem falsos positivos. Até aqui tudo bem, embora dois falsos positivos seja realmente um azar, de tão raros. Já quando lhe foi pedido para o fazer oficialmente, por requesito da autoridade regional de saúde, fingiu esquecer-se e veio fazer declarações bacocas a dizer que queriam que ele assumisse ser um erro
    Daqui podemos tirar as ilações que quisermos.
    O que não se pode é, sendo supostamente adepto ou sócio do Sporting, depois de uma vitória sobre o campeão nacional, e de uma declaração forte do Presidente, que deixa muitas suspeitas no ar, ir para um blogue que é, como o nome indica, uma taberna, fazer o quê? Criticar o Presidente, porque tem dificuldades a comunicar, e como é que pode ser médico. Pois, Beethoven era surdo, Bill Gates e Steve Jobs Asperger, como é que puderam fazer o que fizeram? E Stephen Hawking? Se calhar escreveram tudo por ele. Que terá o cu a ver com as calças, como dizia alguém que muito estimei.
    Há pessoas que, na verdade, não merecem o Sporting
    Um abraço grande, e espero que o humor regresse em breve, até porque temos muitas razões para sorrir. Mesmo com menos argumentos que os rivais, de todo o tipo.

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    1. Caro José Lopes,

      Uma situação como a dos nossos dois jogadores precisa de ser imediatamente esclarecida. De acordo com o que sabemos, o Sporting fez a parte que lhe compete. Acompanha os jogadores diariamente, faz testes diariamente e sabe sempre com antecedência se existem problemas. Se os testes feitos pela Unilabs não são conformes esse acompanhamento também é natural que procurem despistar as situações, realizando mais testes e testes com outros laboratórios. O Sporting procurou esclarecer a situação.

      A Unilabs continua a fazer de conta que não precisa de esclarecer nada. É errado. Podem não ter responsabilidades. Os testes não garantem 100% de fiabilidade. Agora, é do seu interesse esclarecer o assunto com rigor e de imediato. Ficámos com umas bocas e um fazer de contas.

      Entretanto, no Porto a malta desata a brincar com coisas sérias, nomeadamente o seu diretor de comunicação. Não se acusa sem mais um clube de tentar cometer um crime público. Não se coloca em causa a honorabilidade de médicos e de um presidente não na qualidade de presidente mas de médico. O nosso diretor de comunicação também entrou na brincadeira e fez mal. O assunto é sério e deve ser tratado com a seriedade que o presidente do Sporting procurou tratar na conferência de imprensa.

      Passou um dia e continua tudo na mesma, sem a Liga esclarecer seja o que for e com a Unilabs mais ou menos na mesma. O assunto tem de ser esclarecido com todo o rigor. Se a Liga não o consegue fazer, que o façam as entidades públicas, nomeadamente a DGS. Não se podem fechar escolas para estes meninos andarem a brincar e a fazer de contas que não vivemos uma situação, grave, uma situação excepcional.

      Um abraço

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  3. Caro Rui,
    Espero esteja a dormir e bem mas eu ainda não estou!
    Não me vou repetir mas a verdade é que aprecio os seus comentários que, muitas vezes, estabelecem uma verdade que as arbitragens aleatórias quase sempre distorcem!
    Já sei que o Benfica perdeu mas, dado o falhanço profundo da FPF na sua bipolarização, que árbitro vão escolher para a resposta que não lhes interessa!
    Provavelmente será o Soares Dias (???) para salvar o FCP! Resta-me a confirmação também chamada Crisma!
    Sobretudo não se esqueça nunca que há gente que vai mais tarde para a cama a esperar os seus deliciosos comentários!
    O Alcoy ganhou ao RM! Há muito frio em Madrid!

    Sl

    Abraço

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  4. SL e não SI (que sei ser um sistema de medidas das mais variadas mas que não contemplam o futebol)

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    1. Caro Aboim Serôdio,

      De facto havia muito a dizer sobre a arbitragem do jogo contra o Porto. O Porto jogou como joga sempre, a dar pau o jogo todo. No final, 22 faltas para o Porto e 21 para o Sporting. Os jogadores do Sporting levam 4 amarelos e os do Porto 3.

      O Palhinha devia ter levado o segundo amarelo? É preciso perceber como é que levou o primeiro e perceber se esse foi o critério que o árbitro adotou em faltas equivalentes. O Palhinha não devia ter levado o segundo amarelo, devia ter levado o primeiro amarelo quando cortou a bola com o braço. Aliás, só a má consciência do árbitro pode justificar que não lhe tenha mostrado esse amarelo.Antes do Palhinha ter cortado essa bola com a mão, já havia o Grujić, jogador do Porto, devia estar na rua.

      Um abraço

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