segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Um campo de cânhamo cercado por dois irredutíveis gauleses

Há dias vi (e ouvi) uma reportagem sobre o cânhamo, nas suas diferentes variedades e utilizações, com mais ou menos canabidiol (CBD) ou tetra-hidrocanabinol (THC). Desde a cosmética à farmacêutica ou ao têxtil, há um conjunto de indústrias que cada vez mais recorre ao cânhamo. A relação do cânhamo com o jogo de sábado contra o Santa Clara não é evidente para os menos atentos ou distraídos. Também não a compreendi de imediato. Havia um campo com ervas, muitas ervas. Podiam ser alfaces, beterrabas ou até couves-galegas ou tronchudas. O disparate do Coates, a meias com o Adán, levantou suspeitas. As alfaces, as beterrabas ou as couves não produzem aquele efeito. Quando o guarda-redes do Santa Clara saiu desembestado e se enfaixou contra o defesa central, permitindo o segundo golo do Pedro Gonçalves, a relação encontrava-se definitivamente estabelecida. 

Jogar num campo de cânhamo não parece nada fácil, sobretudo quando não está devidamente licenciado, tal o nível de THC que, aparentemente, libertava. Não sei o que é que o Rúben Amorim sabe de cânhamo e das suas aplicações, mas pareceu bem informado. Contrariando os táticos, os que falam sobre táticas e saídas de bola e assim, colocou a dupla Palhinha-Matheus Nunes no meio-campo. Foi um regalo vê-los a jogar, principalmente na primeira parte. Sitiaram os de Santa Clara e não havia forma de saírem da ilha onde eles os meteram. Nunca dois pareceram tantos, fazendo lembrar a dupla Astérix-Obélix ou Vidigal-Duscher. O Pedro Gonçalves marcou o primeiro golo e esperava-se outro a qualquer momento quando o Coates e o Adán foram envolvidos por uma nuvem de THC. A nuvem era de tal dimensão que eu mesmo fiquei tonto. 

Na segunda parte, depois de lavrado o campo de cânhamo, as coisas começaram a complicar-se. A bola ganhava vida própria e não havia quem a segurasse. Entrou o João Mário e a bola, por respeito, deixou de andar aos trambolhões como se fosse um paralelepípedo. Houve oportunidade para ver o Sporar aliviar uma bola a meio metro da baliza e a ficar transparente quando uma outra bola passou por ele sem nele embater sequer. Tudo acabou bem quando o Mathieu encarnou no Feddal e uma biqueirada para a frente levantou outra nuvem de THC, permitindo o segundo golo do Pedro Gonçalves. 

Não há muito a acrescentar. A equipa está bem e recomenda-se. O lado direito da defesa deixa-nos sempre em sobressalto. Percebe-se a importância do Neto na equipa, pela sua liderança e capacidade de mobilização de muitos jogadores jovens. Não resisto ao trocadilho: não se percebe é a razão de se chamar Neto a quem joga com colegas que têm idade para ser seus netos. Não digo que se deixe de o chamar pelo nome próprio, mas pelo menos avó Neto seria mais carinhoso e adequado. Quanto ao árbitro e aos comentadores da SporTv, nada de novo. As faltas sobre os nossos jogadores têm sempre direito a qualificativo ou explicação. A falta nunca é falta e tão-só. É falta mas sem intensão ou intenção, conforme os casos. Para nós, a regra passou a ser a seguinte: é falta mas não para livre ou “penalty”, é uma coisa em forma de assim. 

8 comentários:

  1. "Feddal encarnou no Mathieu " :) Muito bom

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  2. A da encaranação do Feddal no Mathieu está muito boa! Mas prefiro a da falta de intenç(s)ão dos comentadores da SportTv e restante CS acarneirada.
    SL

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    1. Caro Aboím Serôdio,

      Vendo o "penalty" marcado a favor do Famalicão esta jornada, ficamos esclarecidos quanto aos qualificativos e às explicações dos comentadores.

      SL

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  3. SportTV ainda não fechou?
    Bom, bom é o Domingão.

    João Balaia

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    1. Caro João,

      Com um pouco de sorte, a SporTv está incluída no pacote das empresas de comunicação social estabelecido pelo governo que beneficiaram dos nossos impostos para apoiar dificuldades económico-financeiras decorrentes da pandemia. Ainda são os sportinguistas a pagar quem os atazana permanentemente.

      SL

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