Vi o jogo contra o Valência, na apresentação da equipa do Sporting aos adeptos e sócios, disputando o Troféu dos Cinco Violinos. Repetiu-se a tática contra o Liverpool com alterações pontuais de alguns jogadores: jogou o Bas Dost em vez do Luiz Phellype, o Coates em vez do Neto e o Thierry Correia em vez do Ilori. As alterações justificam-se pela maior qualidade relativa dos, agora, titulares. Continuou, assim, a aposta no Bruno Fernandes do lado esquerdo, esperando-se que estivesse no local certo sempre que necessário, independente de ser à direita, ao meio, à esquerda, atrás ou à frente, enquanto se procurava encaixar o Vietto no meio. À falta de melhores alternativas, o Bruno Fernandes tem a prorrogativa de fazer passes de trinta metros, sobrevoando a defesa contrária à procura do Raphinha e foi assim que se chegou ao golo, concluindo-se este movimento com um remate de primeira de Bas Dost que nem hipóteses de reação permitiu ao guarda-redes.
O avanço do Doumbia, quando dispúnhamos da posse de bola, originou bons momentos de controlo de bola no ataque, que foi sempre muito móvel, mas que não dispõe no Bas Dost o jogador ideal para este efeito, dado nem sempre recuar para tabelar entrelinhas ou se deslocar em desmarcações para abrir espaço para entrada de trás. Os seus movimentos são na linha de fora-de-jogo, na tentativa de estar no sítio certo à hora certa para finalizar. O resultado foi uma boa primeira parte mas em que nos limitámos a fazer cócegas em vários períodos de tempo. A defender, não estivemos mal, com exceção das bolas paradas, repetindo-se os sustos do jogo contra o Liverpool. Cada bola metida ao segundo poste originava um “Nossa Senhora nos acuda”, com a equipa do Sporting em desvantagem numérica e sem o Borja perceber que deve fazer como os adversários e saltar para cabecear. Levámos um golo como se estivéssemos numa peladinha e não aconteceram mais desgraças por mero acaso e falta de pontaria dos calmeirões do Valência.
A organização deste jogo tinha como objetivo preparar a equipa do Sporting. Aparentemente, também tinha como objetivo preparar os árbitros para o campeonato que está a chegar. Foi evidente que os árbitros estão numa fase mais avançada de preparação da temporada do que a equipa do Sporting. Na primeira parte, o livre à entrada da área por suposta falta do Doumbia constituiu o primeiro aviso. Na segunda parte, o árbitro não foi de modas e assinalou “penalty” por outra suposta falta do Mathieu, quando, na melhor das hipóteses, o Coates terá chocado com o jogador do Valência. O Renan Ribeiro defendeu e assim se perpetua o mito que faz com que entremos no jogo da Supertaça sem necessidade de ganhar durante o tempo normal. Na tropa, a uma organização destas, chama-se treino com fogo real. Este contexto real acentuou-se com as repetições da SporTv, ignorando-se olimpicamente os lances mais controversos a nosso favor e não sendo esclarecedoras nos lances a favor do adversário.
E o Valência acabou por chegar ao dois a um, num lance em que o Coates sai a jogar à Beckenbauer e perde a posição, o lançamento do Bruno Fernandes é intercetado pelo adversário que de imediato mete a bola nas costas da defesa, onde aparece um avançado a passar para o meio para outro encostar. As repetições não permitiram verificar se o primeiro jogador estava em fora-de-jogo, mas, seja como for, em situação de fogo real o Mathieu teria chegado a tempo, não permitindo que a bola entrasse no meio. Entretanto, começaram as substituições. Percebemos que existem os primeiros, os segundos e os terceiros substitutos. Os primeiros são o Acuña, o Luis Neto, o Luiz Phellype e o Diaby. Os segundos são o Tiago Ilori e o Eduardo. Os terceiros são o Miguel Luís, o Eduardo Quaresma, o Daniel Bragança e o Gonzalo Plata.
Estamos habituados a tudo e a todos os resultados (há uns anos atrás, com o Domingos, levámos três do Valência na apresentação da equipa). Mas, como inteligentes que somos, gostamos de perceber o que nos é dado observar. Por muita reflexão que possamos fazer, ninguém compreende a posição ocupada pelo Diaby na hierarquia da equipa. Ficámos a saber que umas golas de proteção contra incêndios afinal são inflamáveis. Porventura, não são golas com esse fim, mas destinadas promover a saúde pública, reduzindo-se o número de fumadores e combatendo-se o tabagismo. É sempre possível encontrar uma explicação para o que aparentemente não tem. Por mais criativa que seja, é importante que nos encontrem a razão para o Diaby continuar não só na equipa como a constituir uma das principais alternativas aos titulares, em detrimento do Camacho, do Gonzalo Plata ou do Jovane. Ou o Marcel Keizer arranja uma explicação ou passará a ser mais um das golas.