domingo, 31 de maio de 2015

A Taça de Portugal com especial dedicatória para a APAF

Devemos esta vitória da Taça de Portugal à APAF. Sem os árbitros a treinarem-nos a jogar com dez jogadores durante o campeonato, dificilmente teríamos ganhado uma final como esta. A perder, por um a e dois a zero, conseguimos ganhar a jogar com dez durante uma hora e quarenta e cinco minutos.

Para além disto, o jogo tem pouco que se lhe diga. Aos vinte minutos já o Rubem Michael tinha feito duas faltas para amarelo. O Pardo tinha feito mais uma. O Cédric faz penalty. O vermelho é no mínimo exagerado, para não dizer outra coisa. Podíamos estar em presença de um árbitro que tinha começado a ser rigoroso a partir do penalty. Que tinha mudado a forma de arbitrar com o penalty. Mas esta final tinha água no bico. A não expulsão do Baiano esclareceu o que havia para esclarecer. O Marco Ferreira tinha uma agenda e não disfarçava sequer.

É muito difícil analisar um jogo a partir destas circunstâncias. O Braga confirmou que é uma equipa medíocre. Marcou dois golos caídos do céu e, a jogar contra dez, praticamente não voltou a chegar à nossa baliza. O Sérgio Conceição constitui o protótipo de certos treinadores portugueses. Sobra em declarações e estilo gingão o que falta em capacidade para colocar uma equipa a jogar futebol.

A equipa do Sporting não esteve brilhante. Dificilmente se pode analisar o seu desempenho sem se ter em consideração as circunstâncias do próprio jogo. Teve um herói, um herói provável: Slimani. O homem não gosta de perder em circunstâncias nenhumas. Lutou sempre. Ganhou e perdeu bolas, mas nunca desanimou. No momento certo, estava lá para marcar o golo que fazia renascer a esperança. O Montero, às três tabelas, fez o resto.

O prolongamento foi penoso. A rapaziada não podia com uma gata pelo rabo. Mesmo assim, na primeira parte, a única oportunidade foi nossa. Na segunda, alguns jogadores já corriam perigo de vida. O Patrício, ao pé-coxinho, fez uma defesa magnífica e começou a escrever a história dos penalties. No segundo penalty, foi buscar a bola onde não parecia possível. A baliza ficou cada vez mais pequena para os jogadores do Braga. Só faltava esperar pelo inevitável.

As finais são para se ganhar. Ganha-se porque se merece ganhar e merece-se ganhar porque se ganha. É um truísmo que tendemos a esquecer. Ganhámos. É isso que ficará para a história.

domingo, 24 de maio de 2015

Meio balanço

Não vi o jogo de ontem. Ganhámos e, por isso, cumprimos a obrigação. Parece que merecemos ganhar também. O Nani acabou a participação no campeonato com um golo. É um prémio merecido.

Até agora, fizemos uma época pelo menos tão boa como a anterior. Os pontos e, consequentemente, as vitórias, derrotas e empates são equivalentes. Os nossos adversários fizeram melhor do que época anterior. Acontece.

Também não nos podemos esquecer que tivemos uma excelente participação na Liga dos Campeões. Só não passámos à fase seguinte pelas razões do costume: uma boa dose de interferência da arbitragem. Estamos na Final da Taça de Portugal. Com uma equipa de miúdos, fizemos mais ou menos o mesmo do que no ano passado na Taça da Liga.

O Marco Silva tinha condições para fazer mais e melhor do que o Leonardo Jardim? Vamos esperar pela final da Taça de Portugal e depois falamos.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Com sete letras apenas se escreverá a história no sábado

Confesso: sou um frustrado jogador de andebol. Não desejei ser polícia nem bombeiro. Só jogador de andebol. Tentei. Errei, errei sempre. Nunca errei melhor.

Ver o Sporting em andebol deixa-me tão empolgado como a ver futebol. Tenho uma camisola autografada do Hugo Rocha de quando ganhámos a Challenge Cup. Pedi-a à mãe dele, que é minha colega. Andei com ela vestida durante todo o dia de trabalho.

Ver hoje o Sporting contra o Porto quase me levou às lágrimas. Os do Porto são melhores; só entravam de caras naquela equipa o Rui Silva e o Pedro Portela. Têm muito mais alternativas. São mais altos a mais forte. Têm um treinador extraordinário.

 Mas eles tremeram. Tremeram no primeiro jogo, mas o Gilberto Duarte resolveu. Passearam-se no segundo. No terceiro, secámos o Gilberto Duarte e eles não encontraram alternativas fiáveis. Hoje inventaram o Yoel Cuni Morales. Surpreendeu-nos até acabar com tiros de pólvora seca. O Gilberto Duarte ainda resolveu na primeira parte do prolongamento, mas não demos hipóteses na segunda. Não sofremos um único golo.

Não temos o Quintana, não temos jogadores tão altos e tão fortes, mas defendemos admiravelmente. Sobretudo fomos encontrando diferentes variantes, que surpreenderam o adversário.

No ataque é que não estamos tão bem. Não temos poder de fogo de primeira linha. O 6x0 do Porto parece sempre chegar para as encomendas. Nas transições rápidas e nos contra-ataques ainda fazemos alguma mossa. Temos que jogar em permanentes trocas de bola e de posição, com a primeira linha em cima da defesa e, por isso, no limite do erro. O Bruno Moreira não consegue bloquear o deslocamento da defesa. Tudo é conseguido com muito esforço. Às vezes parece que rematamos de olhos fechados. E necessário temporizar, deixar o Quintana definir-se e rematar melhor.

E Sábado? Se o andebol fosse matemática, estávamos arrumados. Felizmente não é. Se a defesa continuar assim, eles vão tremer. A defesa pode-nos manter em jogo, gerando menos pressão para marcar no ataque. Se assim for, vai ser taco a taco. No final ganhará quem tiver os jogadores com coragem para decidir bem nos momentos decisivos. Hoje, foram o Spínola e o Portela, nos sete metros.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Está tudo dito

Está tudo dito aqui. Não acrescento, nem retiro nada. Não saberia dizer melhor. E não se fala mais nisto.

domingo, 17 de maio de 2015

Sem enfiarmos um barrete qualquer não estamos descansados

É difícil pensar numa maneira mais desastrosa de acabar a época. Notícias sobre renovações, não renovações e aquisições todos os dias. Orçamentos que não se sabe se existem. Treinador no olho da rua ainda sem a época acabar e com uma final da Taça de Portugal por disputar. Conferências de imprensa de um lado e de outro que só servem para alimentar especulações e tensões. Previa-se, assim, o pior para este jogo.

Começou mal. O Tobias Figueiredo decidiu oferecer um golo ao Braga. O rapaz não é mau jogador. Tem tudo para ser um bom central: é alto e não é tosco de pés. O problema é a cabeça. Não tanto no recurso à dita para acertar na bola, mas na sua utilização para pensar melhor no que faz e não se precipitar. Resta saber se é defeito ou feitio.

A perder por um a zero, o Braga meteu-se dentro da área e começámos o carrossel a ritmo de caracol do costume. Ficámos à espera de uma arrancada do Carrilo ou de um remate genial do Montero. O Montero fez o remate genial do costume. Azar, a bola foi à trave e o Carrillo estava fora-de-jogo quando recargou de cabeça para a baliza. Esgotado o remate genial por jogo do Montero, ficámos entregues à sorte. O árbitro perdoou a expulsão de um jogador do Braga, por falta à entrada da área. O Nani tentou pela milionésima vez a folha seca que quase, quase parece que vai dar golo. Para compensar, o árbitro inventou um penalty a nosso favor.

Na segunda parte apertámos mais um bocadinho. O Braga ainda se meteu mais dentro da área, se tal ainda era possível. Num canto, acabámos a fazer o dois a um. Cabeçada do William Carvalho, defesa do guarda-redes e remate do Tobias com o pé que tinha mais à mão. O Braga não abanou. Continuou metido dentro da área à espera não se sabe bem do quê. Mais um canto e mais um golo. O Adrien, depois de tentar trezentos remates de fora da área por época, costuma marcar um golo destes, normalmente quando menos falta faz.

O Braga, por dever de ofício, avançou no terreno. Em duas ou três jogadas, ainda podia ter marcado um golo. Depois deixou-se de maçadas também. Nós fomos trocando a bola até aborrecermos de morte o adversário e os espetadores. Estava-se nisso quando, a acabar o jogo, o Carrillo fez o centro do costume – que, nele, até parece fácil – e o Slimani empurrou-a lá para dentro. Prefiro os golos banais do Slimani aos geniais do Montero.

Acabado o jogo, fiquei a pensar no Sérgio Conceição e no Braga. A equipa não joga rigorosamente nada. Tem bons jogadores. Só que mete-se dentro da área, os jogadores vão-se atrapalhando e chamam às transições ofensivas ou contra-ataques uns charutos para a frente e umas correrias de um ou outro ciclista, como o Pardo. É um barrete como este do Sérgio Conceição que nos espera para a próxima época.

domingo, 10 de maio de 2015

Para a praia e em força!

Hoje tinha previsto ir à praia. Esqueci-me de propor a aprovação deste programa. Cá em casa trocaram-me as voltas. Não fui à praia, foram, por mim, os jogadores do Sporting e do Estoril (não se trata de um trocadilho com a designação do Estoril). Este jogo contra o Estoril não interessava nem ao Menino Jesus (o autêntico, porque o outro não é menino nenhum).

Se havia dúvidas, os jogadores rapidamente as esclareceram. Tudo muito devagar e a jogar em souplesse. Não há um jogador do Sporting do meio-campo para a frente que resista, depois de receber a bola, a rodopiar sobre ela e a tentar fazer uma tabelinha impossível ou um passe de trivela. Andámos com a bola para trás e para a frente, mas na área não mora ninguém. Sem balizas e com o Montero somos a melhor equipa do Mundo. Não é embirração. É que o rapaz não ataca as bolas de cabeça, limita-se a saltar por dever de ofício. Não ganha um ressalto, nem sequer chega a pressionar os defesas. Mas a culpa não é só dele. Até o Adrien procura encontrar o Zidane que supostamente está dentro dele.

Estávamos neste chove-que-não-molha, quando o Carrillo, para impedir um pontapé de baliza, entrega a bola a um defesa. O Cédric estava mal colocado e um ciclista qualquer do Estoril veio por ali fora e só parou dentro da área. Depois de fazer um disparate qualquer a bola, às três tabelas, acabou nos pés de um avançado que limitou-se a metê.la lá dentro.

Reagimos, continuando a entediar a rapaziada do Estoril. Na segunda parte, continuámos no mesmo tom. Até que, numa carambola também, o Ewerton meteu-a lá dentro. Ainda tivemos mais uma oportunidade, com o guarda-redes a fazer a defesa de uma vida. Podia tê-la guardado para um jogo mais a sério, onde fosse preciso tal feito.

Chega-se ao momento em que é preciso substituir os extremos. Fica-se na dúvida, sai o Mané ou o Carrillo, que estava a ficar maluco de tanto sol lhe bater na moleirinha. O problema não é decidir quem sai. O problema é decidir quem entra. Entra o Capel. Passado um bocado, sai o Adrien e entra o André Martins. É com estas substituições que o treinador nos explica que nunca poderíamos fazer mais do que fizemos durante este campeonato.

Este jogo não tem história nem moral. Fica a sensação que, se o Ewerton tem chegado no princípio da época, talvez outro galo tivesse cantado. Compreende-se a gratidão dos adeptos do Estoril relativamente ao Marco Silva. Quem viu jogar aquela equipa nos últimos anos e quem a vê jogar agora, não tem dúvidas sobre a sua qualidade.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Balanços de um Sportinguista indeciso

Agora que a época está mais do que decidida será altura de fazer um balanço da nossa participação na Liga. Como para mim o futebol é totalmente irracional estou indeciso entre a teoria do "apenas não fizemos mais porque não nos deixaram" e a "insustentável leveza do Tanaka". Penso que estas duas teorias se sumarizam em dois momentos marcantes da época:

Dia 9 de Novembro. Depois de ter estado a 3 pontos do primeiro lugar, recuperando uma desvantagem acumulada nos primeiros jogos da época, tivemos um desastre em Guimarães e recebemos o Paços. O líder tinha então um teste difícil na Madeira. Em ambos os jogos, a escassos minutos do fim, os árbitros assistentes têm uma espécie de alucinação e decidem que têm a certeza absoluta que viram coisas que simplesmente não aconteceram, anulando um golo ao Nacional e um ao Sporting por fora-de-jogo. Se não fossem tais alucinações teríamos acabado a jornada a 4 pontos da liderança; terminámos a 8. Uma distância que se veio a revelar irrecuperável: apenas durante escassos minutos conseguimos voltar a estar a menos de 4 pontos do líder, aqueles poucos que estivemos em vantagem no derby em que o Benfica levou um autocarro a Alvalade.

Dia 11 Janeiro, último minuto de um equilibrado Braga-Sporting. Livre, Tanaka, Golo. Ficamos a 5 pontos do Braga; se a bola vai uns centímetros ao lado, ficaríamos apenas a 2, empatados com o Vitória de Guimarães. Descolamos da luta com Braga e Vitória pelo 3º lugar e passamos a estar na luta pelo 2º lugar e a sonhar com a liderança.

O que seria a nossa época sem aquele golo? O que seria a nossa época sem aquelas estranhas alucinações? Nunca saberemos.

Se tentar ser racional (acho que não devia), diria que estamos onde merecemos.
Começámos a época com os nossos melhores centrais no banco ou na bancada e dois estarolas em campo. Empatámos jogos em casa em que não aparecemos para jogar partes inteiras. Perdemos vantagens preciosas porque não soubemos segurar a bola e fazer fita ao mais pequeno toque. Com ou sem ajudas, não vemos o Benfica fazer isso.
Mas do outro lado acho que a diferença é colossal. Não vejo muitos jogos do Braga, mas creio que não haja mais de 1 ou 2 jogadores do Braga que lutariam por um lugar no nosso onze. Não vejo mais vontade nem mais treinador. Independentemente do que possa acontecer num ou outro jogo, o que nos separa deles é muito mais que um magnífico golo do Tanaka.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Ganhar, ganhar sempre, mesmo que seja a jogar assim-assim

Não vi o jogo no sábado. Estava num encontro que todos os anos reúne um conjunto de amigos que estudou no Instituto Superior de Agronomia na década de oitenta. Une-nos o Instituto Superior de Agronomia, mas une-nos mais as noites no Cais do Sodré ou na Nova América. Como se vê, o resultado foi muito melhor que o do Sporting. Ganhámos de goleada.


Revi ontem o jogo contra o Nacional. O Marco Silva vai tentando dar oportunidades a alguns jogadores. Mais do que promover a rotação da equipa, estas escolhas constituem prémios de consolação. São, sobretudo, reveladoras da falta de alternativas na equipa para certas posições.

Não se consegue imaginar a equipa sem o William Carvalho. O Tanaka é bom rapaz, mas não chega. O Montero parece acordar. Agora, o futebol não se joga com a bola somente. Não basta a nota técnica. É necessário correr. É necessário pressionar os adversários e as linhas de passe para a saída da bola da defesa. É necessário disputar bolas na área como se não houvesse amanhã. É necessário meter a cabeça à bola com convicção e não com os olhos fechados.

Demos uma parte de avanço, mas ganhámos na mesma. Ganhámos com naturalidade. É isso que se espera de uma equipa que pretende ganhar títulos: que ganhe, jogando bem ou jogando assim-assim. 


(O Rui Patrício fez uma defesa extraordinária. A vitória começou naquela defesa. Mais uns pontos que lhe ficámos a dever)