domingo, 25 de janeiro de 2015

Cumprimos, mas não foi bom

Este é o tipo de jogo que detesto. Começa por ser um jogo para cumprir calendário. O adversário é fraco e vem jogar para o pontinho da praxe. Mete-se todo lá atrás. Monta todos os autocarros que pode e faz todo o anti-jogo que a habitual complacência dos árbitros permite.

Os jogadores do Sporting começam por se deslumbrar. Parece haver muito espaço para jogar. Engano redondo. Há espaço até à entrada da área. Dentro dela não há um centímetro quadrado livre. O adversário joga com dois defesas laterais de cada lado. O Carrillo e o Nani começam a ficar bloqueados.

É preciso marcar cedo para desbloquear estes jogos. De outra forma, o adversário ganha moral. O Montero falha um golo cantado a passe de Carrillo. Mau prenúncio. Na primeira parte, praticamente só temos mais duas carambolas dentro da área.

Na segunda parte aceleramos um pouco mais o jogo. Mas, nestes jogos, jogar com um avançado é dar descanso à defesa. Com o Montero o descanso é ainda maior. O rapaz está sempre a recuar, quando o que precisamos é exactamente do contrário. Precisamos de um avançado na linha do fora-de-jogo sempre pronto a desmarcar-se e a empurrar a defesa para trás. Não há recuos e apoios frontais que resistam quando ninguém se desmarca nas costas do avançado ou se lembra de rematar de fora da área.

O Marco Silva resiste a meter o Tanaka no início da segunda parte. Só o faz depois dos sessenta minutos. Entra o Mané também. Prepara-se o assalto final. Preparam-se os corações para o sofrimento final também. Mas o Tanaka é um autêntico Xanax. Desmarcação rápida para o centro da área, a pedir um passe soberbo do William Carvalho, cabeçada para uma defesa notável e recarga do João Mário que dá o primeiro (e único) golo.

O mais difícil estava feito. Esperava-se a qualquer momento o golo da tranquilidade. O Nani chega a tê-lo nos pés, mas é displicente. Uma jogada daquelas não se conclui assim quando se está a ganhar por um. O golo da tranquilidade não aparece. A Académica tenta aparecer no ataque mas não consegue.

No último minuto dois disparates seguidos. Falta sobre o William Carvalho que o deixa no chão. Em vez de pararem o jogo, os jogadores do Sporting avançam para a área para tentarem o segundo. Não conseguem e bola para novo ataque da Académica. Ainda não estávamos refeitos do disparate anterior, já o Mané estava a desmarcar um avançado da Académica para o único remate perigoso à nossa baliza.

Mantemos a pressão sobre o Porto e distanciámo-nos do Guimarães. Os objectivos foram alcançados. Mas é preciso aprender. Aprender a resolver depressa e bem estes jogos e a congelá-los na sua fase final.

9 comentários:

  1. Subscrevo com convicção! Vimos exactamente o mesmo jogo, amigo Rui Monteiro! Se jogarmos assim em Arouca...

    SL

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    1. Meu caro,

      Espera-se outra agressividade no ataque. Não vale a pena andarmos a fazer cócegas à entrada da área.

      SL

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  2. Típico sportinguista, vê tudo só com o coração :-)

    ""Mantemos a pressão sobre o Porto --(e Benfas. isto ainda nao acabou)...:-) e distanciámo-nos do Guimarães. Os objectivos foram alcançados. Mas é preciso aprender. Aprender a resolver depressa e bem estes jogos e a congelá-los na sua fase final.""

    Aprender?!?! Fácil.. Comprar o árbitro,.. Hahahahaha!!

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    1. Meu caro,

      Nós bem gostaríamos de os comprar. Não tem sido fácil, como se vê pelos resultados.

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  3. Como refere o Álamo, "vimos exactamente o mesmo jogo".
    Subscrevo.

    Acho que o melhor Montero viu-se com Tanaka em campo (o golo tem muito de Montero, não estou a gozar, é ver a jogada), e isso não deverá ser ocasional.
    E acho que nos faltou um elemento muito melhor que Adrien no meio-campo. E esse elemento existe no plantel (mais que um, até).
    E como diz o Octávio: "vocês sabem bem do que é que eu estou a falar"

    SL

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    1. Caro Cantinho,

      O Montero a jogar sozinho na frente rende pouco. Quando recua alguém tem que entrar nas costas. Ou está lá outro avançado ou, então, têm que ser os médios a entrar.

      O Adrien no ano passado jogou acima das suas possibilidades. O LJ tirou muito bom partido das suas qualidades. Este ano pede-se mais. Pede-se mais discernimento a atacar. Não dá. Acho que há melhor como o Wallyson.

      Um abraço

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    2. Caro Rui,

      Concordo com a análise ao Montero. Mas não sei se isso só se resolve com mais um avançado. Acho mesmo que passa pela segunda opção, "os médios a entrar". E repara que o golo é isso (João Mário, mesmo estando a jogar mais recuado), e acho que André Martin faz isso muito bem, tal como Gauld, como e viu na 1ª parte contra o Belenenses (onde só jogamos com um avançado mas a dinâmica permitiu levar muita gente para as zonas de finalização e, muito importante, mais que uma vez).

      Adrien precisa de ver que não é o mais importante daquela equipa. Há outros. E o seu rendimento não se coaduna com uma titularidade sem mérito. Gosto dele, mas agora precisamos de algo diferente, principalmente no aspecto ofensivo. Daí pensar que Martins, Mané e Gauld (ou Nani no meio) deveriam ser as principais opções.

      Um abraço.

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  4. Ainda gostava de ver (principalmente nestes jogos contra autocarros) um meio campo com William, João Mário e Montero e ataque com Nani, Carrillo e Tanaka, enquanto não volta o Slimani. Isto porque me parece que o Montero é a coisa mais parecida com um distribuidor de jogo que temos.

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  5. Caro Rui,

    Eu não vi o jogo mas a sua análise parece bem mais condizente com o resumo que o relato dos jornalistas de serviço. Pergunto-me se terá faltado aqui uma nota ao Tobias - não sei se esteve bem mas vi-o a salvar um golo cantado.

    SL,

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