segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Contos do Gin Tónico

Pior do que as arbitragens, só os comentários sobre elas. Os árbitros são maus, sobre isso ninguém tem dúvidas. Quando o deixam de ser, passam a bons comentadores de arbitragem e sobre isso já ninguém tem dúvidas.

No célebre livre indirecto nas Antas há uns anos, o argumento “a posteriori” foi o de a bola ter sido dirigida objectivamente ao guarda-redes e de isso ser demonstrável pelo facto de ele não ter tido necessidade de se deslocar para a agarrar. Essa teoria fez tanto vencimento que o Vítor Pereira elaborou uma norma a dizer coisa parecida, que passou a vigorar na jornada seguinte. Com essa norma se legitimou uma decisão anterior, como se a norma pudesse ter efeitos retroactivos. Depois de cumprido esse efeito, a norma desapareceu da mesma forma que apareceu (sem ninguém perceber).

A norma não dava para esta vez e, portanto, esperava com interesse as explicações. A coisa piorou. A imaginação está a faltar e, por isso, ficámo-nos pelo “parece que”, “pode ser interpretado como” e coisas afins. As explicações para os penalties do Benfica foram muito interessantes também. O jogador queixa-se de a bola lhe ter acertado na barriga ou da cabeça, logo não há dúvidas que a cortou com o braço.

Não costumo ler e, muito menos, comprar jornais desportivos. “O Jogo”, então, é um autêntico mistério para mim. Há dias enviaram-me este conjunto de comentários ao lance do penalty não assinalado na Luz a favor do Feirense. Todos são extraordinários, cada um à sua maneira. O conjunto é tão coerente como qualquer um dos “Contos do Gin Tónico”, do Mário – Henrique Leiria. Mas o último comentário, do Paraty, devia integrar uma colectânea de escrita surrealista. É qualquer coisa do tipo: “foi penalty, mas o árbitro não viu nem podia ter visto. Há mesma hora estava na Fonte dos Passarinhos, no Calvário, a beber uma mini e a comer um pires de tremoços, enquanto lia o último New York Times Book Review”.

6 comentários:

  1. queres melhor que isso?
    lê a parte do "record" dedicada aos casos do jogo, benfica-guimarães!
    diz qq coisa como isto:" a bola tocou na barriga do jogador mas como pareceu mão foi bem assinalado!"

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  2. E... não se pode exterminá-los?

    C. Serra

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  3. Leão da Infante Santo12 de setembro de 2011 às 21:47

    Cuidado, porque na Fonte dos Passarinhos não entra quem quer...

    Estou à vontade para o dizer, já lá entrei várias vezes ao longo de mais de 30 anos, eheheh

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  4. Caro Jonas,

    Ainda não vi nenhuma imagem que demonstre que a bola foi à mão. Mas melhor mesmo foi o teceiro. Aí é que foi extraordinário.

    SL

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  5. Caro C. Serra,

    Nós vamos fazendo o nosso trabalho cobrindo-os de ridículo. Costuma-se dizer que o ridículo mata, mas a estes não.

    SL

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  6. Caro Leão da Infante Santos,

    Quando estudei nos anos 80 em Lisboa ia muito à Fontes dos Passarinhos. Por isso é que me lembrei dessa mítica cervejaria quando escrevi o "post".

    SL

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