O meu amigo Rui Monteiro, ao ver aquela monumental arrancada do Hulk em Moscovo na passada quinta feira, decidiu arrancar ele próprio de imediato para a capital do (nosso) império, onde, logo na sexta-feira, procurou convencer os tipos do FMI / Comissão Europeia, depois de resolvida aquela coisa das Finanças, a dar-nos uma ajuda externa para evitar qualquer vexame no Dragão.
Por isso, veterano poli-traumatizado por muitos Porto – Sporting, lá fiquei eu de comentar mais este clássico, com um argumento também ele clássico. Um Porto mais forte, com dois avançados extraordinários mesmo ao nível internacional (Falcão e Hulk), jogadores com capacidade física notável (como Álvaro Pereira) e um ritmo de jogo à europeia que as restantes equipas portuguesas não conseguem acompanhar (mesmo depois do jogo a meio da semana em Moscovo). Um Sporting realista, que deu tudo o que tinha, com um guarda-redes que se afirma, cada vez mais, como o melhor guarda redes português, um Matias que ameaça finalmente confirmar porque foi considerado o melhor jogador sul-americano e um André Santos que, a manter a sua evolução, não tardará em ser também ele mais um dos expoentes da nossa cantera. Duas defesas de papel a dar bastante emoção ao jogo, com diversos erros de principiante de Maicon, Rolando, Abel, Polga ou Evaldo.
Inicio tranquilo sem grandes correrias. Depois, o Porto com uma pressão elevada a partir do golo inaugural de André Santos (um pouco fortuito, reconheça-se) e com diversas oportunidades (superiormente defendidas por Patrício) até chegar ao merecido empate, num lance em que Evaldo decidiu homenagear o conhecido “Emplastro”, querendo aparecer na fotografia por trás de Falcão. Depois disso, a melhor oportunidade até ao final da primeira parte foi do nosso Djaló a falhar um golo cantado (“sou rico em sonhos, mas pobre em golos?”), conseguindo, na pequena área, cabecear por cima da baliza.
No início da segunda parte, um Porto ligeiramente por cima até chegar ao 2-1, em nova gaffe, primeiro de Valdés (que ainda não parece ter recuperado a sua condição física depois da lesão que sofreu) e, depois, de Polga (que insiste em fazer de homem estátua nos lances de bola parada). De seguida, o Porto a desacelerar, o Sporting a querer mais, mas a não conseguir recuperar a bola e, quando o fazia, com quase nula capacidade de construção ofensiva. Mesmo assim, saliência para uma boa oportunidade de Djáló (a passe do sempre generoso Maicon…) e um falhanço inacreditável de Valdés, completamente isolado desde o meio campo leonino, mas sem condição física para concluir com lucidez (Valdés, como o próprio nome indica, só vale a dez, será tão difícil de entender?). O Porto a voltar a ter uma oportunidade por Hulk (mais uma defesa notável de Patrício) e, logo depois, o 3-1, quando apanharam Abel distraído a reflectir sobre as estátuas-colunas de Platão, onde a ausência de movimento dá à figura uma verticalidade que faz dela quase um prolongamento do pedestal. De imediato, resposta à altura de Matias, fazendo o 3-2, após a defesa do Porto se ter dedicado a estudar a singular técnica de domínio da bola de Djáló.
E depois, para concluir, o habitual. Soares Dias, versão 2.0, até nem estava a fazer muito para justificar a sua presença no Dragão – umas faltitas aqui e ali a inclinar o campo (numa delas, o “patriota de serviço” na Sport TV viu que, afinal, tinha sido Matias a colocar a perna de forma a que Micael lhe batesse…), o perigo de golo da “pseudo-falta” de Guarin sobre… Helton, um fora de jogo de Falcão no primeiro lance de perigo do Porto, enfim, peanuts, para o que é tradicional. Também é verdade que não parecia ser necessário, até que… Rolando decidiu mostrar ao Sporting porque é importante voltar a ter uma secção de basquetebol… Excelente rotação e drible de Rolando com a sua mão direita, sem quaisquer passos, fazendo Moncho Lopez, o treinador de basquete dos portistas, pensar que poderá ter ali uma boa solução para melhorar a eficácia dos seus bases. Afinal, a clássica ajuda externa sempre chegou, pelos do costume e para os do costume.
Sou portita, mas gostei da tua análise.
ResponderEliminarAbraço
Acho muito mais escandaloso o marcar falta contra o SCP naquele choque de Guarin contra Helton, do que não ter marcado o penalty. Só porque no penalty pode-se sempre argumentar que "não foi com intenção", enquanto que no outro não há qualquer argumento possivel.
ResponderEliminarCaro Daniel,
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras e volte sempre pois o estaminé está aberto a portistas e (mesmo) a benfiquistas com sentido de humor. Um abraço,
Caro Mike Portugal,
Poderia concordar com a sua apreciação, não fosse o caso de me lembrar bem de outras decisões que dão para perceber bem a "intenção" de Soares Dias. Ainda esta semana espero ter tempo para recordar essas decisões. Saudações leoninas,