O João Moutinho (JM) não foi uma maçã podre. Foi, simplesmente, um jogador mal aproveitado e mal aproveitado por ter sido promovido até ao seu nível de incompetência.
A história, como tantas outras no Sporting, é curta. O JM destacou-se a jogar nos dois lados do losango imaginado pelo Paulo Bento. E destacou-se sobretudo pelas características defensivas. Tinha como principal função, quando o Sporting perdia a bola, ajudar a fechar ao meio e a impedir o primeiro passe do adversário para o contra-ataque (agora chamado de transição ofensiva). Recuperava bolas sobre bolas, o que permitia manter o adversário sobre pressão, deixando a parte criativa do jogo para o Romagnoli.
O desempenho a jogar assim foi elevadíssimo. Até que a imprensa começou a achar que era pouco para tão grande talento. Nós, como de costume, fomos na conversa. Transformámo-lo em símbolo do Sporting, passámos a pagar-lhe o que não pagávamos a quase ninguém, demos-lhe a braçadeira de capitão e, pior do que isso, pusemo-lo a jogar a 10. A imprensa ficou satisfeita. Nós encontrámos o ídolo que ansiávamos. O jogador passou a estar cheio de si mesmo.
A partir daí foi sempre a asneirar. Perdi a conta às correrias infrutíferas que acabavam com ele a chocar com um adversário qualquer, a rematar para o balão ou a desmarcar os colegas pela linha de fundo. Como se não bastasse, passou a marcar todos os livres. Estava encontrado o seu nível de incompetência.
Foi para o Porto e lá não se deixam enganar. Se não sabe rematar, se não tem a intuição do momento de passe que deixa o seu avançado isolado, mas se tem inteligência táctica para equilibrar o meio campo, então, passa a jogar a 8 no 4x3x3 do Villas Boas. JM voltou a ser o jogador extraordinário que era. Só não passa por um virtuoso 10, nem é símbolo de coisa nenhuma.
Moral da história, nós formamos os jogadores, mas os outros clubes é que os sabem por a jogar. Nesses clubes são os treinadores que decidem como eles jogam e em que lugar jogam, e não a imprensa ou os próprios jogadores (ou os pais deles ou os empresários). Parecendo que não, faz alguma diferença.
Totalmente de acordo. Não é que ache JM um portento a nível técnico, mas a nível táctico, é do melhor que há em Portugal. Parecendo que não, era ele que aguentava o barco sempre que Paulo Bento não tinha cabeça para mais. Não passa de um traidor, mas rendo-me às evidências técnicas-defensivas que Moutinho protagoniza semana sim, semana sim.
ResponderEliminarAbraço, Nuno Rocha.
(Dos melhores blogues que conheço. Parabéns pela a inteligência, perspicácia e sagacidade.)
Caro Nuno Rocha,
ResponderEliminarO problema foi transformá-lo num ídolo e dar-lhe funções para as quais é incompetente.
Obrigado pelas palavras amáveis.
Um abraço também para si.
SL
@Rui
ResponderEliminarFartei-me de enunciar isto. Chamaram-me de tudo, afinal era o "menino querido" e não se podia criticar. E mais, sempre que marcava um lance de bola parada, dava um "passinho atrás, cruza as pernas e partia para a bola". Isso era um tique, que ninguém lhe corrigiu. Vejam o caso de CR7, quando parte para a bola o corpo está em perfeito equilíbrio.
JM é excelente no losango, a 10 vale 0 (zero), disse isso tantas vezes!!! Agora olha, é tarde. A ver se se salva o Carriço...
@braço!
Caro DUX_XXI,
ResponderEliminarMas nessa altura eramos poucos a dizer isso. Vamo ver se não estragamos o Carriço e outros da mesma maneira.
SL
Caro Rui,
ResponderEliminarestou completamente de acordo consigo, realmente esta utilização do Moutinho no Sporting (onde jogou em todos os vértices do losango) aliado à escolha de Djálo por Varela, mostra a verdadeira profundidade de Paulo Bento enquanto treinador. Mas nós no Sporting já sabemos isso (alguns ainda não), agora vão ser o resto dos portugueses e descobrir isso.
SL
Caro Krpan,
ResponderEliminarSó estamos em parte de acordo. Penso que o Paulo Bento também foi vítima das circunstâncias, embora não consiga engoliar a do Varela.
SL