quinta-feira, 3 de março de 2022

Real e sua representação ou futebol na Broadway

Para cada um de nós, a realidade, o real não existe, existindo, sim, a sua representação. O olhar pressupõe um entendimento sobre o que se vê e nem todos vêm o mesmo pois dispõem de entendimentos diferentes. Esta sobreposição entre o que se vê e o seu entendimento encontra-se bem expresso no Poema das Coisas Belas, de António Gedeão. Aqui vão uns versos:

"Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas, Mas só são coisas quando coisas percebidas, Por que direi das coisas que são belas? E belas para quê?"

"Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas, Sem precisarem de ser coisas percebidas, Para quem serão belas essas coisas? E belas, para quê?"

Ontem, o Evanilson tropeçou no Pedro Porro e caiu, aproveitando ainda para lhe enfiar uma bofetada nas fuças. O Paulinho tropeçou no Bruno Costa e caiu também. Os tropeções e as quedas são iguais, diferenciando-se uma situação da outra pelas fuças amassadas. A representação do Evanilson e a representação do Paulinho constituem uma dupla representação, a representação de dois artistas que remetem para a representação do real, sendo essa representação diferente para mim e para o árbitro Dias. Há dias, a representação do Taremi também foi diferente para mim e para o árbitro Pinheiro. Há mais dias ainda, a representação do Pepe e a queixada amassada do Coates também foram diferentes para mim e para o árbitro Almeida. 

Três jogos, dois empates e uma derrota. É mau? Podia ser melhor? Podia ser pior? Não sei nem me interessa. Representação é arte, teatro, não é desporto. Se fosse desporto, futebol, interessava, sendo arte performativa, tanto faz que seja drama ou tragicomédia, revista ou ópera, desde que seja boa e se desenrole nos sítios certos, na Broadway ou no Parque Mayer, tanto faz também.     

11 comentários:

  1. ��������

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    1. Meu caro,
      Não conhecia o Poema das Coisas Belas? Não o percebe? Nem depois de explicado? Não sei que lhe diga.
      SL

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    2. Também o árbitro Soares Dias e seus compadres da comunicação social também não compreenderam. Para eles foi penalty, quando, em rigor o jogador do Porto deveria ter sido expulso, por agressão.
      Mas as incompreensões neste País do futebol são tão grandes, que até num jogo profissional, o clube do Porto trouxe de casa, o árbitro para apitar.
      E assim de incompreensão a incompreensão se vai fazendo a história do clube da fruta....
      S.L.

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    3. Meu caro,
      O Evanilson para ganhar posição mete o braço e enfia uma cotovelada no Pedro Porro. Não está em causa que penalty não foi. O que está em causa é saber se o Evanilson leva amarelo ou vermelho, dependendo se se considera mais ou menos intencional a agressão ao adversário. Continuar a discutir o jogo como se isto não existisse e não mudasse o jogo é que a mim não me apanham. O lance do Paulinho, quanto a mim, não é falta. No entanto, por um lance exatamente igual a este é revertido um penalty contra o Porto e a expulsão do Uribe ainda há duas semanas contra o Moreirense.
      SL

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    4. "Cegada" também foi arte nas ruas de Lisboa.- Cegada reorientação trágica - cómica criada por cegos...daí o seu nome SL

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    5. Meu caro,
      Pior cego é o que não quer ver e aí incluo também um ou outro sportinguista.
      SL

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  2. Respostas
    1. Meu caro,
      O árbitro Dias marcou penalty por causa das tochas, é isso?
      SL

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  3. Enquanto não acabarem com os penaltyes nos 90 minutos haverá sempre piscineiros e arruaceiros a explorar a facilidade com que se obtêm. E continuar-se-á a ver teatro em vez de futebol sempre que os piscineiros e arruaceiros não estiverem a ganhar...

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  4. À laia de um freitas lobo, e já há uns valentes anos atrás houve alguém que, ingenuamente, se referiu ao futebol como a arte do engano. Cá pratica-se isso. De cima a baixo. É o chamado lindo serviço. Atrevo-me a dizer que, com o distanciamento adequado, é quase belo!

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