Falar sobre futebol passou a ser um assunto. O futebol não
deveria ser um assunto, apenas um jogo. Mas em Portugal (que eu me lembre)
sempre foi um caso de vida ou de morte. Recordo-me bem de alguns “enterros” da
equipa anteriormente campeã, com direito a desfile e tudo. Se tivermos em
consideração os inúmeros casos que nas últimas décadas salpicaram o futebol porquês,
percebemos que o futebol se tonou parte do cancioneiro ao mesmo tempo que do
tribunal. Ser um assunto, portanto, não é de hoje. O que é de hoje é o filme
que envolve o assunto. O filme e a logística. Por exemplo, ontem nem me passou
pela cabeça deslocar-me a Guimarães para assistir ao jogo. Para isso precisamos
de ter em dia o livrete das operações especiais undercover, com especialidade em caracterização e fuga. Não é fácil
entrar naquele estádio (e noutros) sem um conjunto de habilidades e
caracterização apropriada. Requer passagens anteriores por Guimarães e
conhecimento da língua local. Também não é fácil sair do estádio,
principalmente se estivermos na bancada dos adeptos leoninos (qualquer outra é totalmente
desaconselhável, mesmo a experientes espiões). Durante o jogo a coisa também
não se afigura simples, teremos sempre de ter em conta os adeptos adversários e
os nossos. Fora das quatro linhas joga-se um jogo cuja linguagem é pertença de
apenas uns (poucos) eleitos.
Ontem foi mais um dia de jogo, perdão, de assunto. As
equipas entraram em campo e começaram a tentar jogar futebol, embora com as
paragens normais nos vários apeadeiros do costume. Enquanto teve pernas para a
intensidade de um jogo de futebol profissional, ainda que jogado às pinguinhas,
o Vitória pareceu dividir o jogo, principalmente na primeira parte, fruto de
algum desacerto (é assim que se diz?) leonino, criando assim a ilusão que estávamos perante um jogo de futebol. Na
segunda parte, com a naturalidade habitual, o Sporting falhou e marcou. De
repente o futebol voltou a ser um assunto qualquer que não interessa ao caso e
começamos a assistir à lenga-lenga habitual de protestos dentro e fora de
campo. Paragens, dentro e fora do campo. E uma carga policial, desta feita
apenas fora de campo, mas dentro do estádio. A partir daí o assunto ficou cada
vez menos dividido e o Sporting marcou e falhou, não necessariamente por esta
ordem, demostrando algum virtuosismo no assunto em causa. O futebol é um
assunto sério, ou o assunto é um futebol sério? Eis a questão.
Os adeptos do Vitória de Guimarães,e não só, não tem qualquer razão,até um zaralho via o penalti, é braço na bola, não bola no braço; e ficou outro por marcar sobre Sarabia , até o Tribunal do Jogo concorda.
ResponderEliminarE, se Paulinho e Slimani não falham golos cantados era goleada.
Joguem à bola, tem bons jogadores, deixem~se de berraria.
SL
Meu caro,
EliminarÉ por isso que é importante ler uma posta com atenção.
Se calhar até estamos de acordo...
Caro Gabriel,
ResponderEliminarDe facto o futebol não é um assunto, ponto. Como não assunto que é, não deixa de fazer correr muita tinta (hoje é tudo mais digital diga-se). A tinta é tanta que faz parecer um assunto (que não é).
Abraço,
RM
Caro Rui,
EliminarNão há pachorra, apenas assunto, sem assunto. Assunto e toda a cinematografia que o envolve. Sem esquecer a logística.
Um abraço
Claro, as expulsões perdoadas a Mbemba e Vitinha são um não assunto. ASD só é rigoroso para os jopgadores do Sporting como se viu na época passada no Braga x Sporting, em 10' 2 cartões amarelos a Inácio. Lisboa fica longe e não vão à pastelaria.
ResponderEliminarSL
Meu caro ou cara?
EliminarNão gosto de citar, mas tem de ser: "Se tivermos em consideração os inúmeros casos que nas últimas décadas salpicaram o futebol porquês, percebemos que o futebol se tonou parte do cancioneiro ao mesmo tempo que do tribunal. Ser um assunto, portanto, não é de hoje. O que é de hoje é o filme que envolve o assunto. O filme e a logística."
SL
1 - Se houvesse justiça em Portugal, como num pais normal, o Guimarães já estava, há muito, a jogar em Bragança. Aquela gente não sabe ver futebol e ainda pensa que está no tempo do Afonso Henriques, que nem sequer lá nasceu. A aldrabice começou aí e nunca mais parou, até dizerem que há futebol em Guimarães.
ResponderEliminar2 - Quanto ao Porto, mais uma vez, levaram o árbitro de casa.
Meu caro,
EliminarDe bragança a Lisboa são nove horas de distância, como diriam os Xutos ( na sua fase já decadente), quando a bola chega a Lisboa já o jogo terá acabado há muito.
É um assunto em que não há assunto. Talvez por isso a maior parte das vezes nem nos lembramos do jogo.
SL