terça-feira, 16 de junho de 2020

Ao longe


Ouvi dizer que o Silas Amorim vale bem um estádio Eu Sou. São portas fechadas, segredos por revelar, são coisas do mundo, só se podem ver… ao longe (como diriam os Heróis do Mar). Os jogos são patuscos, rodeados de sombras e imagens projectadas pelos nossos sonhos; das bancadas exala um odor a compadrio misturado com publicidade enganosa. O Belenenses SAD está nas suas sete quintas, habituado a rumores de catástrofes anunciadas, há muito que treina e joga à porta fechada. Os comentadores fazem gáudio da sua importância sociológica e televisiva, ruminando impressões, discutindo vitupérios, anunciando novos mundos com amanhãs cantantes. Os jogos - vamos lá ver isso - são panaceias violentas que escondem o verdadeiro jogo, onde os peões se escondem do rei e do papa, conforme a religião. Treinadores afirmam-se surpreendidos, adeptos procuram, nem sempre em vão, o melhor viaduto para arremessar as suas tristezas, outros sobem a árvores e a prédios para justificar a sua função humanitária. Os jornais voltaram à normalidade possível, dentro da impossibilidade de outra. Fazem-se capas marcantes. Outras distantes. Os festejos são efusivos. Com ou sem máscara. Tudo a céu aberto. A liga dos calmeirões aterrará em Lisboa. Estamos preparados. A aposta na formação acompanha as dívidas e as dúvidas dos mais inconformados. São coisas do mundo, só se podem ver… ao longe.

7 comentários:

  1. Caro Gabriel,

    De longe, sem público e tanto foguetório mediático, o futebol nacional parece um jogo, um simples jogo, relativamente mal jogado. Precisamos que isto acabe porque só com o jogo a malta não se aguenta.

    Um abraço,

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    1. Caro Rui,

      A malta aguenta qualquer coisa menos isto. O Jogo, como nós o entendemos, não é o mesmo do Belenenses SAD. O jogo somos nós: até na escola secundária havia sempre umas miúdas a observar os nossos percalços.

      Um abraço

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  2. Excelente texto Gabriel,

    O nível por aqui é muito elevado ao contrário do futebol portugûes. Se já não havia pachorra agora muito menos. Com toda esta cosmética lá vamos ter de ficar com o Varandas...

    SL
    Paulo L.

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    1. Obrigado meu caro!

      A cosmética ainda vai no adro. O botox, ou se quisermos, a toxina botulínica, é um estado de alma. No final os rostos ficam todos iguais.

      SL

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  3. basta ver jogo dos lampiões ontem, para perceber que com público ou sem, no fim ganham do costume, nem que se tenha de jogar sem jogadores da equipa adversária.

    SL

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Sem jogadores será rebuscado: serão permitidos alguns jogadores de equipas adversárias em campo. O número exacto ainda estará por definir. Em estudo...

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