sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Bem vindos a Valhalla*


A cabeça do nosso treinador não é monótona. A cada jogo ele arranja uma forma de alinhavar uma equipa nova, confundindo assim o adversário e a própria equipa, cujo sistema de não ter sistema, feito com jeito e de forma sistemática, até pode dar alguns frutos, ainda que mirrados. O nosso treinador não fez a pré-época, andava por essa altura a observar as bancadas vazias de um tristonho Jamor, nem participou na contratação dos jogadores, embora a escolha dos mesmos nos pareça ter sido feita através de requisição civil, tentando ocultar, em parte, a greve dos nossos dirigentes em dirigir.   

O Borja tem aquele ar de bom samaritano que nasceu num sítio pobre da América Latina, mas deu a volta, afastando-se de um mundo de drogas e violência, só não se sabendo como e quando se tornou jogador de futebol. Nem ele sabe, apenas a requisição civil. O Rosier, ainda não o topei bem, tem estilo de raper dos subúrbios de  Montauban, embora  Montauban seja demasiado pequena para ter subúrbios, ele ainda assim arranjou maneira, não se sabendo bem quando o futebol começou a ser congeminado na sua cabeça. Musicalmente está nos antípodas de Jesé, futebolisticamente temos as nossas dúvidas. Ontem jogou o Neto e o Ilory, a intenção era desde o início convencer o adversário do esquema de três centrais e dois laterais subidos, escondendo o verdadeiro às de trunfo: Coates. Coates tem golo. Em qualquer das balizas. E fez um grande jogo.

Tudo baralhado como deve ser, ainda assim passamos os primeiros dez minutos a jogar de pé para pé cá atrás. Quando quisemos que a bola chegasse ao meio campo, estava lá o Doumbia. Ele já avisou que não foi para isso que o requisitaram: andar ali a receber e a ter que passar a bola, observando a posição dos outros jogadores, equipa contrária incluída, isso enerva-o, fica nervoso com a bola redondinha nos pés, mais ou menos como o Bolasie, só que o Bolasie usa isso para endrominar o adversário e a si próprio, com resultados variáveis, diga-se. O Doumbia fica igualmente nervoso com a proximidade do Eduardo, apenas se acalmando quando, levantando a cabeça, o que é raríssimo, encontra a imagem de nosso senhor Bruno Fernandes a pairar no campo. Aí, nesse momento, sorri e sente-se um verdadeiro jogador de futebol.

Estava frio, o jogo ainda não tinha aquecido e já os Noruegueses tinham papado dois golos. Aqueles Noruegueses, embora sejam muito interessantes como figurantes (ou mesmo actores) da série Vikings, como jogadores da bola deixam algo a desejar. Nesse sentido, entendem-se muito bem em campo com alguns dos jogadores do Sporting, que embora nunca tenham participado em castings para a série Vikings, têm alguma veia artística, já que conseguem representar (de forma razoável) um jogador de futebol profissional.

A segunda parte trouxe-nos à memória que no futebol (principalmente quando joga o Sporting) como na sétima arte, tudo é possível. Mas foi apenas por momentos. Ganhámos bem. Venham de lá esses toscos dos Holandeses.


4 comentários:

  1. quando a análise é melhor que o jogo só temos que agradecer:)

    JL sempre

    SL

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    1. Meu caro ou minha cara?

      não tem nada que agradecer eu é que agradeço a visita.

      SL

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  2. Caro Gabriel,

    O Silas foi criticado por o Coates e o Ilori terem passado o jogo contra o Tondela entre si. Aparentemente, terão passado 66 vezes. Com três centrais, a probabilidade do Coates e o Iori trocarem a bola entre si reduz-se, mesmo que essa redução seja mais do que compensada pela quantidade de passes entre o Coates e o Neto. Chama-se a isto tática.

    Um abraço

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    1. CAro Rui,

      Trata-se de uma verdade objectiva, parafraseando um comentador analista da Sport tv. Poderia apenas ser verdade, mas não: também é objectiva. É claro que também temos as verdades subjectivas e as subjectividades verdadeiras.
      A cabeça do nosso treinador não é monótona!

      Abraço

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