A cabeça do nosso treinador não é
monótona. A cada jogo ele arranja uma forma de alinhavar uma equipa nova,
confundindo assim o adversário e a própria equipa, cujo sistema de não ter
sistema, feito com jeito e de forma sistemática, até pode dar alguns frutos, ainda
que mirrados. O nosso treinador não fez a pré-época, andava por essa altura a
observar as bancadas vazias de um tristonho Jamor, nem participou na
contratação dos jogadores, embora a escolha dos mesmos nos pareça ter sido
feita através de requisição civil, tentando ocultar, em parte, a greve dos
nossos dirigentes em dirigir.
O Borja tem aquele ar de bom
samaritano que nasceu num sítio pobre da América Latina, mas deu a volta,
afastando-se de um mundo de drogas e violência, só não se sabendo como e quando se
tornou jogador de futebol. Nem ele sabe, apenas a requisição civil. O Rosier,
ainda não o topei bem, tem estilo de raper dos subúrbios de Montauban, embora Montauban seja demasiado pequena para ter
subúrbios, ele ainda assim arranjou maneira, não se sabendo bem quando o futebol começou a
ser congeminado na sua cabeça. Musicalmente está nos antípodas de Jesé,
futebolisticamente temos as nossas dúvidas. Ontem jogou o Neto e o Ilory, a
intenção era desde o início convencer o adversário do esquema de três centrais
e dois laterais subidos, escondendo o verdadeiro às de trunfo: Coates. Coates
tem golo. Em qualquer das balizas. E fez um grande jogo.
Tudo baralhado como deve ser,
ainda assim passamos os primeiros dez minutos a jogar de pé para pé cá atrás. Quando
quisemos que a bola chegasse ao meio campo, estava lá o Doumbia. Ele já avisou que
não foi para isso que o requisitaram: andar ali a receber e a ter que passar a
bola, observando a posição dos outros jogadores, equipa contrária incluída,
isso enerva-o, fica nervoso com a bola redondinha nos pés, mais ou menos como o
Bolasie, só que o Bolasie usa isso para endrominar o adversário e a si próprio,
com resultados variáveis, diga-se. O Doumbia fica igualmente nervoso com a
proximidade do Eduardo, apenas se acalmando quando, levantando a cabeça, o que é raríssimo,
encontra a imagem de nosso senhor Bruno Fernandes a pairar no campo. Aí, nesse
momento, sorri e sente-se um verdadeiro jogador de futebol.
Estava frio, o jogo ainda não
tinha aquecido e já os Noruegueses tinham papado dois golos. Aqueles Noruegueses,
embora sejam muito interessantes como figurantes (ou mesmo actores) da série
Vikings, como jogadores da bola deixam algo a desejar. Nesse sentido, entendem-se
muito bem em campo com alguns dos jogadores do Sporting, que embora nunca
tenham participado em castings para a série Vikings, têm alguma veia artística,
já que conseguem representar (de forma razoável) um jogador de futebol
profissional.
A segunda parte trouxe-nos à memória
que no futebol (principalmente quando joga o Sporting) como na sétima arte,
tudo é possível. Mas foi apenas por momentos. Ganhámos bem. Venham de lá esses
toscos dos Holandeses.
(* Valhalla)
quando a análise é melhor que o jogo só temos que agradecer:)
ResponderEliminarJL sempre
SL
Meu caro ou minha cara?
Eliminarnão tem nada que agradecer eu é que agradeço a visita.
SL
Caro Gabriel,
ResponderEliminarO Silas foi criticado por o Coates e o Ilori terem passado o jogo contra o Tondela entre si. Aparentemente, terão passado 66 vezes. Com três centrais, a probabilidade do Coates e o Iori trocarem a bola entre si reduz-se, mesmo que essa redução seja mais do que compensada pela quantidade de passes entre o Coates e o Neto. Chama-se a isto tática.
Um abraço
CAro Rui,
EliminarTrata-se de uma verdade objectiva, parafraseando um comentador analista da Sport tv. Poderia apenas ser verdade, mas não: também é objectiva. É claro que também temos as verdades subjectivas e as subjectividades verdadeiras.
A cabeça do nosso treinador não é monótona!
Abraço