sábado, 16 de março de 2019

Enquanto os outros não jogam, folgam as costas


Menos de vinte e cinco mil pessoas em Alvalade (começa a ser normal). Mais algumas a assistir em casa ou no café. Treinar mais, com mais tempo, pelos vistos não é melhor. Mas deve dar para ver que Doumbia é um bocadinho melhor que o Gudelj. A semana tinha sido interessante em termos de faca e alguidar e alguns ressabiados trouxeram do carnaval a fantasia de messias; fantasia essa que volta e meia paira junto à estátua do leão. A nossa fantasia deveria ser apenas o Cristiano Ronaldo (ou, talvez, a Georgina). É o mais próximo que um dos nossos estará do Olimpo.

Isto tudo para não falar do jogo. O adversário demorou mais de meia hora para passar do meio campo. Deve ser a isso que os treinadores chamam de exibição conseguida. O Sporting quando não tem um adversário arranja sempre um. Nem que seja dentro de portas. Fizemos de tudo para não chatear demasiado o nosso oponente, ao mesmo tempo que tentávamos lançar no mercado uma nova gama de soporíferos. Quando chegou o intervalo foi um alívio para todos.

A segunda parte abriu praticamente com uma perdida do Raphinha. Logo a seguir uma bola, sabe-se lá bem como, chegou aos pés de um nosso adversário em frente à baliza, o qual, atónito, ainda olhou para o treinador a perguntar se era para marcar, a resposta foi qualquer coisa como acerta num dos gajos, um golo da nossa parte não faz parte da estratégia. E assim foi, o tipo chutou contra o Ristovski que era quem estava mais à mão. Da nossa parte, a estratégia não englobava qualquer golo de bola parada, principalmente de canto (e foram uns quinze). Mas não dizia nada na folha de serviço sobre marcar a partir de um lançamento lateral.

O Acuña que jogou muita bola lá no bairro sabe bem a importância de um bom lançamento para um companheiro que esteja à mama. Neste caso apenas desmarcou o Fernandes que já fez este ano duas voltas ao mundo em quilómetros corridos, enquanto a equipa adversária tinha adormecido com aquele medicamento que tínhamos distribuído na primeira parte. Contra o Bruno Fernandes não há estratégia que valha, o passe foi meio golo para o Raphinha brilhar.

A partir daí o treinador adversário fingiu que estava desiludido com o resultado. O Keiser que já sofre da síndrome portuguesa de que mais vale um pássaro na mão do que dois a voar, fingia que ia mexer para tentar matar o jogo. No meio disto tudo não admira que a bola não entre nas balizas. A não ser por um acaso, ou num lance trabalhado, como um lançamento de linha lateral com a equipa adversária a dormir.

13 comentários:

  1. Excelente texto.
    Sem soporíferos...

    SL

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  2. Um bom texto para evitar dizer,como eu, foi um jogo miserável!Desde Vercauteren que não via o Sporting jogar tão mal.SL

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    1. Meu Caro,

      Obrigado, ainda vamos muito a tempo de fazer melhor.

      SL

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  3. "Isto tudo para não falar do jogo" é excelente. A semana que se passou também foi interessante. Não precisamos de inimigos para nada.

    Abraço

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    1. Meu Caro,

      Somos interessantes e inventamos dificuldades. É caso único. Não sei se de louvar.

      Abraço

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  4. Isso não é de agora,até o João Rocha teve que enfrentar algumas alimaria,daquelas que agora pululam por aí a dizer que agora é que é preciso união

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  5. Caro Gabriel Pedro

    Parabéns por ter coseguido escrever uma crónica acerca de um jogo tão aborrecido. Só nós, sócios e adeptos do Sporting, conseguimos assitir a estes espetáculos tão desinteressantes.

    SL

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    1. Obrigado meu caro,

      Se calhar é masoquismo. Só pode melhorar...

      SL

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  6. Éramos, um bocadinho mais que 25 mil, éramos 28.129, já contando comigo. o jogo foi fraco. Mas, vale sempre a pena, ir a Alvalade, só para ver as camisolas verde e brancas a movimentarem-se no relvado (pouco importa quem as veste). O jogo pode ser fraco, mas o espectáculo é sempre deslumbrante (é necessário positividade e lirismo).
    J.Rocha. SL

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    1. Parabéns ao J.Rocha pelo seu sportinguismo.

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    2. Obrigado pela correcção.
      Eu próprio, se estivesse por Lisboa seriam 28.130. O espectáculo nem sempre é deslumbrante, mas grande parte das vezes as bancadas são.
      SL

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