sábado, 25 de agosto de 2018

As bandarilhas de Peseiro

Se bem percebi o que fui lendo esta semana, este jogo era um pró-forma. O Benfica tinha o jogo ganho, só não se sabia por quantos, e os sportinguistas estavam conformados. Quando soube a meio da tarde que o Mathieu não jogava e imaginei um lado esquerdo da defesa com o André Pinto e o Jéfferson, eu próprio não fiquei muito otimista.

O Peseiro surpreende pela simplicidade, sobretudo pela simplicidade como aprende. Contra o Moreirense, tentou jogar com o Battaglia e um estorvo ao lado e não resultou. Contra o Setúbal, tentou jogar com o Battaglia e outro estorvo ao lado e não resultou também. Hoje, jogou sem nenhum estorvo e resultou. Sem um estorvo, pode entrar um jogador que saiba jogar à bola. Jogou o Raphinha, para sorte nossa e dele e para azar do Grimaldo e do Benfica. A colocação do Raphinha do lado direito e a insistência em jogar por esse lado mesmo nos pontapés de baliza, condicionou a construção de jogo do Benfica, que vive de correrias pelas laterais.

O Benfica passou a contar com três arruaceiros para construir jogo: Rúben Dias, Jardel e Fejsa. Com eles e, por vezes, com o André Almeida, que nem o treinador nem a direção confiam, mas lança mau olhado a qualquer contratação para a sua posição. Com o Battaglia e o Acuna a controlarem o Pizzi, restava ao Benfica apostar todas as fichas no nosso Jéfferson. Apostou no Rafa e apostar no Rafa é o mesmo que apostar no Jéfferson mas ao contrário. O Benfica ficou limitado às bolas paradas e aos ressaltos. Nós, ficámos limitados à sorte e às abébias dos sarrafeiros da defesa adversária, dado que o nosso plano era o de evitar que o Benfica pudesse dispor do seu.

O jogo ficou ensarilhado e ensarilhado continuou durante noventa minutos. Em dois cantos os jogadores do Benfica esforçaram-se por acertar no Salin, que para os não humilhar resolveu fazer uns voos encarpados com meia pirueta. Num lançamento de linha lateral, a bola ressaltou no cocuruto da cabeça de um jogador do Sporting e permitiu uma rosca ao Cervi para grande defesa do Salin. Ao contrário, o Acuna rematou ao lado e o Montero antecipou-se ao Ruben Dias mas não conseguiu desviar a bola para a baliza.

A segunda parte prometia mais do mesmo. Só que do Rúben Dias é um jogador perigoso em todos os sentidos, para as canelas e outras componentes anatómicas que estejam abaixo do pescoço dos jogadores adversários, para a sua própria equipa sempre que árbitro não tenha sido devidamente ordenado. Centro atrasado, em “slow motion” Montero simula que se vai fazer à bola pelas costas do defesa, muda de trajetória e ganha-lhe a frente e o Rúben Dias com a raiva do engano procura arrancar-lhe os ligamentos dos tornozelos e uma rótula. Penalty e Nani a fazer um a zero. O Rui Vitória desatou a fazer substituições que só resultaram porque, por um lado, o Luís Godinho recuperou mais bolas do que o Gedson, e, por outro, o Peseiro enlouqueceu, fazendo entrar um dos estorvos e esperando que desta vez tivesse um resultado diferente.

Empatámos, mas é difícil o Benfica voltar a sofrer semelhante humilhação: acabar por não ganhar um jogo contra uma equipa onde jogaram o Castaignos, o Jéfferson e o Petrovic. O Peseiro enfiou estas três bandarilhas, se não contarmos com a do Salin. Enfiou, por fim, a bandarilha que está enfiada desde o primeiro dia: por um vigésimo do salário qualquer treinador português consegue fazer pelo menos o mesmo do que o Jorge Jesus (poupando-se, ainda, na bazófia).

12 comentários:

  1. Já posso deitar com um sorriso no rosto. Bem haja,caro Rui Monteiro!

    SL
    JHC

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  2. Caro Rui:
    Mais uma excelente crónica, como habitualmente.
    Faltou só dizer, até pelo que se ouviu dizer aos treinadores no final do jogo, que o nosso povo tem razão: Vila Franca é terra de toiros ( ou será de bois?), mas Coruche é terra de toureiros.
    Grande Abraço,
    José Lopes

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    1. Caro José Lopes,

      O Benfica só criou lances de perigo em lances de bola parada (é preciso treinar melhor esses lances). O Peseiro condicionou o jogo do Benfica e por isso esteve bem.

      A entrada do Petrovic é que não foi brilhante, mas as alternativas não eram brilhantes. O Montero tinha arrebentado e precisávamos de um avançado que segurasse umas bolas na frente e continuasse a pressionar e a condicionar a saída da bola. Esse avançado não existe. Também ficamos na dúvida se o melhor não seria refrescar as alas.

      Com mais alternativas, vamos ver se se safa. O Rui Vitória informou que o Benfica vai requerer semanas de nove dias para preparar melhor os jogos. Sendo assim, vão ser imbatíveis.

      Um abraço

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  3. Os treinadores são conhecidos por gostarem de touradas . Peseiro saiu com aplausoa, ia saindo em ombros. Rui Vitória saiu com silencios, mais um pouco com vaias.
    SL

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    1. Meu caro,

      Antes do jogo, o Peseiro era o patinho feio. Saiu com com duas orelhas.

      SL

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  4. Caro Rui:
    Face às condicionantes, concedemos ao Peseiro também um rabo, além das orelhas.
    Uma orelha para o Gaspar Ramos, outra para o Petit, e o rabo obviamente para o rapazito com barbicha de bode, o Rúben Dias!
    Já agora, parece que o menino Félix terá sido incorrecto, após marcar o golo, para com o Nani. Talvez ainda vá para o NBayern ( se quiserem outro barrete), para acabar no Swansea!
    Abraço grande
    José Lopes

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    1. Caro José Lopes,

      Como disse o velho João Pinto: prognósticos só no fim do jogo. Os benfiquistas devia aprender. Não aprendem e fazem figuras tristes.

      Abraço

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  5. O puto que fez parte da formação no FCP é bom, a educação não foi grande coisa, não admira atendendo às universidades que frequentou.

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    1. Caro João,

      É o que dá ganhar os jogos antes de os jogar.

      SL

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  6. Caro Rui,

    Excelente crónica, mais uma vez. Justa homenagem ao Ruben Dias, o nosso herói acidental - como se viu na 1a parte o Montero ia mandar aquela bola para uma bancada qualquer assim com o pé que tivesse mais à mão.

    Infelizmente mal tenho tempo para ver os jogos do Sporting, portanto ainda não tinha visto o Benfica jogar. Pelo que se lê nas capas dos jornais também eu estava preparado para um massacre. Não sei se o Benfica jogou menos do que tem jogado, ou nós mais. O que sei é que mais uma vez se desperdiçam dois pontos na luz nos últimos minutos de jogo. Mas como refere - e muito bem - começo também a achar que Peseiro consegue fazer tanto como o grande mestre da táctica com muito menos bazófia. Continuo é pouco convencido que consiga fazer mais...

    SL,

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    1. Caro João,

      Ou muito me engano ou com a determinação que se lhe conhece, o Montero meteu o pé para fazer um passe ao guarda-redes. O Ruben Dias foi providencial.

      Ainda não tinha visto o Benfica. Do que vi, não percebo a razão para tanto alarido. Estão como em anos anteriores. Muita correria pelo flancos e pouco mais. Sem o Jonas as coisas não funcionam.

      O Sporting jogou como de costume, de forma uma pouco desgarrada e mal. Agora, o Peseiro condicionou o jogo do Benfica durante parte do jogo, coisa que o Jesus já não é capaz, dado que a cabeça estão tão embaralhada em táticas que não vê o que qualquer comum mortal vê.

      Um abraço

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