Esta minha incursão pela metafísica suscitou mais interesse do que esperava. Não sei se foi da (pseudo) filosofia ou do Benfica. Porventura, terá sido da entremeada. Mas nem só de comunicados da SAD vive a filosofia (do) benfiquista. Há mais declarações que implicam análise rigorosa.
Quando perguntado sobre as claques do Benfica, Luís Filipe Vieira respondeu: “Nunca sube que o Benfica tinha claques”. A conjugação da primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo saber com pronúncia açoreana não é para aqui chamada. O que é para aqui chamada é a relação entre saber ou conhecimento e existência. Há quem afirme que o que existe define os limites do que se sabe. Luís Filipe Vieira afirma o contrário, o que se sabe define os limites do que existe, isto é, o que não se sabe não existe. No entanto, uma questão subsiste: e quando se insiste em não saber? Bernardo Soares diz-nos que não saber é não existir. Neste caso, quem insiste em não saber, existe, está-se é a fazer de morto.
Na conferência de imprensa após o jogo do Benfica contra o Sporting, Rui Vitória afirmou: “Foi uma arbitragem descontrolada”. Este qualificativo da arbitragem não se define por si próprio, define-se por oposição ao seu antónimo. Neste caso, não se põe o dilema do “ovo e da galinha”, foi a galinha (a arbitragem controlada) que apareceu primeiro. Quem sabe o que é uma arbitragem descontrolada, “mutatis mutantis”, sabe o que é uma arbitragem controlada. Voltando à metafísica benfiquista, o saber é o princípio da existência: se se sabe o que é uma arbitragem controlada então é porque tal tipo de arbitragem existe. Os “vouchers” e os emails indiciavam que tal existisse, embora o Benfica se tenha recusado a aceitá-lo. Desse ponto de vista, a afirmação do Rui Vitória é revolucionária, não chega à conclusão pelos factos mas pela filosofia.
Depois da SAD do Benfica ser constituída arguida no caso e-Toupeira, na televisão, André Ventura afirmou: “Isto não tem a ver com corrupção desportiva, tem a ver com corrupção dita comum: a corrupção definida no Código Penal”. A relação vai para além do saber e da existência, envolvendo a linguagem. Há quem afirme que a linguagem e o conhecimento são uma e a mesma coisa, só se sabendo o que se consegue formalizar de algum modo. É a linguagem que define os limites do que se sabe. Se perguntassem a André Ventura o seguinte: “Senhor doutor, o que pensa de corrupção que envolva a magistratura do Ministério Público?”. A resposta seria lapidar: “É comum”. Os significados de comum são: vulgar, frequente, habitual, que não tem grande significado ou valor. Neste caso, é a linguagem que (de)limita a existência ao (de)limitar o que se sabe. Em conclusão, nada disto é potencialmente grave, é comum, vulgar, frequente, habitual e não tem grande significado ou valor.
Brilhante! Num mundo em que o valor das palavras está em baixa cotação, este tipo de textos sobre futebol rareiam. Que nunca lhe falte a inspiração. SL.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarDesde que exista saúde, conversa não nos falta.
SL
a negação é sempre uma reação a um receio provocado por um desconhecimento conhecido...
ResponderEliminarTemos medo de algo que sabemos que não é bom mesmo não sabendo o que é...
Mas negar é saber que existe qualquer coisa... mano que essa coisa não seja mais que eu próprio....
As claques organizadas não existem, mas uns tipos que entram antes dos jogos para colocar bandeiras e petardos são apenas uns amigos que gostam de vestir de vermelho e piquenicar em bancadas... o orelhas não sabe que existem.... mas alguém que trabalha para ele sabe e manada abrir a porta...
Ele lá do seu ninho vê todos os jogos este povo animado e imagina como seria se funcionassem com claques...
O etoupeira é igual, ele não sabe, logo não existe.... pena as escutas, os mails e as consequências envolvam pessoa que sabiam e que nós sabemos que eles sabem é que informavam quem não sabia.
Pois.... ainda bem que já se fala em coisas importantes
Abraço
Caro António,
EliminarNo Benfica, vão-se fazendo de mortos. Não sabem, nunca ouviram falar. Nada existe. É o resultado de uma opinião pública desportiva controlada como as arbitragens. Pode ser que por uma vez tenham azar com o Ministério Público.
Um abraço
E falar do clube que vai estar isento de participar na Champions?
ResponderEliminarDeixamos isso para as toupeiras ou anónimos.
Eliminarehehehee, acusou o toque, tadinho....
EliminarCorrendo as coisas de forma normal, há quem vá estar isento de jogar a champions, liga europa, liga portuguesa, taça de Portugal e taça da liga.
EliminarE falar do depósito na conta do Cardinal e no processo cashball/dinheirinho vivo para untar as mãos de jogadores adversários e apitadores? Não falam? Os filósofos de trazer por casa andam a comer muito queijo. Mas a gente não se vai esquecer dessas trampolinas, filhas legítimas da vossa maneira muito peculiar de ver a verdade desportiva, e estaremos cá para falar delas até que a voz nos doa.
ResponderEliminarPassem bem, senhores viscondes.
O anónimo é fã do whataboutism. É uma maneira menos peculiar de fazer doer a voz (e a mente). Talvez um pouco de (in)formação seja boa mezinha.
EliminarDiferente de si, caro anónimo, o Sporting utilizou um envelope devidamente identificativo da sociedade e lá dentro, para além do dinheiro, acompanhava uma carta devidamente assinada e carimbada. Nós somos só gente séria, não vá o corrompido dizer que nós não tentámos corromper.
EliminarCaros anónimos,
ResponderEliminarEu sei que os meninos querem brincar com outros meninos. A solidão é tramada. Eu também sou assim e compreendo-vos bem. Dou-vos um conselho. Criem um blogue, escrevam essas coisas que têm para dizer e vão ver que arranjam outros meninos que querem brincar convosco. Eu já tenho todos os meninos com quem quero brincar e não posso brincar com vocês.