Para te avivar a memória, naquilo que realmente importa!
“Ficou assente que o resultado financeiro líquido (das deslocações do Sporting a Espanha para defrontar Barcelona e Real Madrid) reverteria a meu favor, no caso de chegarem a bom porto as negociações com os dois clubes espanhóis. Como é fácil de calcular, não cabia em mim de contente. Primeiro, porque me era dada a possibilidade de envergar a camisola do Sporting por mais uma época e, em segundo lugar, porque via resolvidas as minhas dificuldades.”
“Infelizmente, as coisas correram de maneira contrária ao nosso desejo e, por isso, vamos, então tratar de fazer a sua festa aqui…” Fui informado pela direcção do Sporting que na verdade, o Sporting iria a Espanha fazer os dois jogos mas com poucas ou nenhumas possibilidades de êxito financeiro. (…) Eu já sabia que as deslocações do Sporting lhe trariam um lucro aproximado de 60 a 70 contos…Adivinhem pois como ouvi a comunicação, não é verdade?”
“- Você terá a melhor festa de todos os tempos, homem! Não se preocupe com isso (…)”
“Enfim, abandonei o futebol para nunca mais tomar parte em jogos oficiais. Mas a organização da minha festa de despedida tem tanto de contar como a Nau Catrineta”.
“(Presidente do Sporting) – Então o que o traz por cá? Respondi: – Venho tratar do que ficou assente e combinado: a minha festa de despedida! – Lamento muito mas não posso agora tratar disso. Tenho muito que fazer. Logo no primeiro embate com a direcção do meu clube fiquei com a impressão que dali por diante, as coisas tomariam feição desagradável.”
“Agradeci muito a oferta e saí a caminho da Associação de Futebol de Lisboa. Sentia-me tão desorientado com o que se estava a passar que desci a Travessa Larga completamente inconsciente. Tive a sorte de encontrar no corredor o Vice-Presidente do Benfica, Sr.Francisco Retorta. Pedi-lhe alguns minutos em particular, que acedeu gentilmente como sempre. (Francisco Retorta) – Essa data está, contudo tomada pelo Benfica. Se não for para jogar com o Barcelona será para qualquer outra organização desportiva do clube. Mas se você estiver interessado em fazer a sua festa no dia 5 de outubro e se o Barcelona não vier a Lisboa, estou crente que o Benfica lhe cederá a data que lhe está reservada. Prometo-lhe que o Benfica, além de lhe ceder a data, não realizará em 5 de outubro qualquer festival desportivo. – Mas senhor Francisco Retorta, lembro-lhe que essa data só me será concedida se o Benfica desistir dela a tempo de eu tratar dos pormenores da minha festa… – Vá descansado, Peyroteo. Trate de tudo porque o Benfica o ajudará no que necessitar. Você bem merece.”
“O contraste que surge no choque da minha amargura pelo caminho que a direcção do meu clube estava a fazer seguir a efetivação da minha festa, e a radiante alegria que de mim se apoderou ao ouvir a promessa do Vice-Presidente do Benfica – DO BENFICA…promessa que era a garantia de poder realizar a minha festa – o choque, o contraste, não me permitem por delicadeza e pelo respeito que me merecem os dois grandes clubes e as suas massas associativas, agradecer ao Benfica, como seria meu desejo. Que o leitor pense o que me apetece dizer…”
“Agradeci ao Sr.Francisco Retorta. Mas que palavras encontrarei para gravar, nestas páginas humildes do meu livro de memórias, o agradecimento que devo ao Benfica representado pelo seu Vice-Presidente.."
No entanto é justo dizer que a história não acaba aqui: "Em 1949, quando tinha apenas 31 anos Peyroteo decide retirar-se das lides desportivas, e fazer uma festa de despedida. Provavelmente isso é motivado pelas divídas que a sua loja de artigos desportivos em Lisboa tinha. A sua festa de despedida tinha o objetivo de angariar algum dinheiro. Em 25 de Setembro de 1949, Peyroteo, fez o seu último jogo 4oficial com a camisa leonina, contra o Atlético. A sua despedida do Sporting acontece em 5 de Outubro de 1949, num jogo frente ao Atlético de Madrid, e em seguida é transcrita a sua declaração de despedida: “Fui soldado nas fileiras do desporto nacional e um soldado não foge ao cumprimento do seu dever, seja qual for e em que circunstâncias for! Mas de hoje em diante, reconheço que sou um soldado velho… Não posso corresponder às exigências de preparação de um jogador de futebol que queira manter-se em forma e ser útil ao seu clube e à modalidade que pratica. Quando entro em campo, vou cheio de vontade de jogar, mas, depois de meia dúzia de pontapés na bola, apodera-se de mim um enfastiamento inexplicável.” O dinheiro angariado permitiu pagar as suas divídas, mas pouco depois teve que fechar o seu negócio que não foi lucrativo e retornar a Angola, onde permaneceu por pouco tempo. De regresso a Portugal tornou-se Seleccionador Nacional, estavamos na época de 1961/1962. Apenas fez dois jogos como Seleccionador visto que uma derrota por 4-2 frente ao Luxemburgo levou ao seu despedimento. Esse jogo porém seria um momento histórico visto que foi nesse jogo que Fernando Peyroteo lançou um jovem atleta do Sport Lisboa e Benfica chamado Eusébio da Silva Ferreira." in http://knoow.net/desporto/futebol/peyroteo/
e aqui: https://www.youtube.com/watch?v=GZBDM3h8KAo
Folgo em saber que, quando calha, também lêem uns livros. Quem diria. Por outro lado, o Sr Saraiva prova-nos que o gabinete de crise está atento. Porque Será?
Caro anónimo, Independentemente do que possa ter corrido menos bem, naquele tempo não haviam toupeiras, mas havia Benfica & esquemas, algo que dura até hoje. Leia por favor o que acrescentei na resposta anterior ao Saraiva. SL
Naquele tempo, ou em qualquer outro, os golos também contam. Nem sempre bastam, mas lá que contam, contam. E o Peyroteo marcou muitos. Isso não há toupeira que esconda.
Para te avivar a memória, naquilo que realmente importa!
ResponderEliminar“Ficou assente que o resultado financeiro líquido (das deslocações do Sporting a Espanha para defrontar Barcelona e Real Madrid) reverteria a meu favor, no caso de chegarem a bom porto as negociações com os dois clubes espanhóis.
Como é fácil de calcular, não cabia em mim de contente. Primeiro, porque me era dada a possibilidade de envergar a camisola do Sporting por mais uma época e, em segundo lugar, porque via resolvidas as minhas dificuldades.”
“Infelizmente, as coisas correram de maneira contrária ao nosso desejo e, por isso, vamos, então tratar de fazer a sua festa aqui…”
Fui informado pela direcção do Sporting que na verdade, o Sporting iria a Espanha fazer os dois jogos mas com poucas ou nenhumas possibilidades de êxito financeiro.
(…) Eu já sabia que as deslocações do Sporting lhe trariam um lucro aproximado de 60 a 70 contos…Adivinhem pois como ouvi a comunicação, não é verdade?”
“- Você terá a melhor festa de todos os tempos, homem! Não se preocupe com isso (…)”
“Enfim, abandonei o futebol para nunca mais tomar parte em jogos oficiais. Mas a organização da minha festa de despedida tem tanto de contar como a Nau Catrineta”.
“(Presidente do Sporting) – Então o que o traz por cá?
Respondi: – Venho tratar do que ficou assente e combinado: a minha festa de despedida!
– Lamento muito mas não posso agora tratar disso. Tenho muito que fazer.
Logo no primeiro embate com a direcção do meu clube fiquei com a impressão que dali por diante, as coisas tomariam feição desagradável.”
“Agradeci muito a oferta e saí a caminho da Associação de Futebol de Lisboa. Sentia-me tão desorientado com o que se estava a passar que desci a Travessa Larga completamente inconsciente. Tive a sorte de encontrar no corredor o Vice-Presidente do Benfica, Sr.Francisco Retorta. Pedi-lhe alguns minutos em particular, que acedeu gentilmente como sempre.
(Francisco Retorta) – Essa data está, contudo tomada pelo Benfica. Se não for para jogar com o Barcelona será para qualquer outra organização desportiva do clube. Mas se você estiver interessado em fazer a sua festa no dia 5 de outubro e se o Barcelona não vier a Lisboa, estou crente que o Benfica lhe cederá a data que lhe está reservada. Prometo-lhe que o Benfica, além de lhe ceder a data, não realizará em 5 de outubro qualquer festival desportivo.
– Mas senhor Francisco Retorta, lembro-lhe que essa data só me será concedida se o Benfica desistir dela a tempo de eu tratar dos pormenores da minha festa…
– Vá descansado, Peyroteo. Trate de tudo porque o Benfica o ajudará no que necessitar. Você bem merece.”
“O contraste que surge no choque da minha amargura pelo caminho que a direcção do meu clube estava a fazer seguir a efetivação da minha festa, e a radiante alegria que de mim se apoderou ao ouvir a promessa do Vice-Presidente do Benfica – DO BENFICA…promessa que era a garantia de poder realizar a minha festa – o choque, o contraste, não me permitem por delicadeza e pelo respeito que me merecem os dois grandes clubes e as suas massas associativas, agradecer ao Benfica, como seria meu desejo. Que o leitor pense o que me apetece dizer…”
“Agradeci ao Sr.Francisco Retorta. Mas que palavras encontrarei para gravar, nestas páginas humildes do meu livro de memórias, o agradecimento que devo ao Benfica representado pelo seu Vice-Presidente.."
in "Memórias de Peyroteo"
No entanto é justo dizer que a história não acaba aqui:
Eliminar"Em 1949, quando tinha apenas 31 anos Peyroteo decide retirar-se das lides desportivas, e fazer uma festa de despedida. Provavelmente isso é motivado pelas divídas que a sua loja de artigos desportivos em Lisboa tinha. A sua festa de despedida tinha o objetivo de angariar algum dinheiro. Em 25 de Setembro de 1949, Peyroteo, fez o seu último jogo 4oficial com a camisa leonina, contra o Atlético.
A sua despedida do Sporting acontece em 5 de Outubro de 1949, num jogo frente ao Atlético de Madrid, e em seguida é transcrita a sua declaração de despedida:
“Fui soldado nas fileiras do desporto nacional e um soldado não foge ao cumprimento do seu dever, seja qual for e em que circunstâncias for! Mas de hoje em diante, reconheço que sou um soldado velho… Não posso corresponder às exigências de preparação de um jogador de futebol que queira manter-se em
forma e ser útil ao seu clube e à modalidade que pratica. Quando entro em campo, vou cheio de vontade de jogar, mas, depois de meia dúzia de pontapés na bola, apodera-se de mim um enfastiamento inexplicável.”
O dinheiro angariado permitiu pagar as suas divídas, mas pouco depois teve que fechar o seu negócio que não foi lucrativo e retornar a Angola, onde permaneceu por pouco tempo. De regresso a Portugal tornou-se Seleccionador Nacional, estavamos na época de 1961/1962. Apenas fez dois jogos como Seleccionador visto que uma derrota por 4-2 frente ao Luxemburgo levou ao seu despedimento. Esse jogo porém seria um momento histórico visto que foi nesse jogo que Fernando Peyroteo lançou um jovem atleta do Sport Lisboa e Benfica chamado Eusébio da Silva Ferreira."
in http://knoow.net/desporto/futebol/peyroteo/
e aqui: https://www.youtube.com/watch?v=GZBDM3h8KAo
SL
JHC
Meus Caros,
EliminarFolgo em saber que, quando calha, também lêem uns livros. Quem diria. Por outro lado, o Sr Saraiva prova-nos que o gabinete de crise está atento. Porque Será?
Por que será?, em vez de "porque será?". Não leves a mal. É apenas um reparo de mais um gajo que lê!
EliminarMeu Caro,
EliminarEstudasse. Poderá sempre recorrer ao dr. Google, mas o melhor é consultar uma gramática...
Devem ter começado aí os croquetes.
ResponderEliminarA ser verdade foi uma vergonha. Peyroteo não merecia.
Caro anónimo,
EliminarIndependentemente do que possa ter corrido menos bem, naquele tempo não haviam toupeiras, mas havia Benfica & esquemas, algo que dura até hoje.
Leia por favor o que acrescentei na resposta anterior ao Saraiva. SL
Meus caros,
EliminarNaquele tempo, ou em qualquer outro, os golos também contam. Nem sempre bastam, mas lá que contam, contam. E o Peyroteo marcou muitos. Isso não há toupeira que esconda.