Não me habituo a estar de férias. Nunca me habituei e dificilmente me vou habituar. O tédio invade-me o corpo todo até se alojar junto ao hipotálamo. Estou por tudo. Ontem, vi na SIC Radical a gravação do Flamengo contra o Atlético Goianiense do Brasileirão. Hoje era diferente, apesar de continuar entediado. Só que, como sou do Sporting, não precisava de arranjar desculpas para me convencer a ficar pespegado à frente da televisão durante duas horas a ver o jogo contra o Steaua de Bucareste.
Começámos bem. Instalámo-nos no meio-campo do adversário e empurrámo-lo para trás. Ainda só tínhamos começado a fazer cócegas na defesa quando marcámos o primeiro golo. Lance estudado, bola mandada para a molhada, o Mathieu ganha de cabeça, o Acuña antecipa-se ao corte de um adversário e o Doumbia mete-a lá dentro com o pé que tinha mais à mão. Estes são os golos que mais aprecio. Nenhum jogador dá o lance por perdido, cada um faz um pouco mais do que pode e depois, por um pelinho, a bola encontra o jogador certo.
Segundo o Jorge Jesus, depois do jogo contra ao Guimarães, a equipa estava morta. Para evitar a apoplexia de algum jogador, começou-se a trocar a bola a passo. Até que o Piccini tem um daqueles momentos em que de tanto hesitar acaba por se lhe parar o cérebro. Perde a bola e tudo o que nos pode correr mal corre-nos mal e tudo o que lhes podia correr bem corre-lhes bem. A bola acaba na nossa baliza após tabelar num ex-jogador do Freamunde. Começava a preparar-se uma daquelas peças dramáticas a que estamos habituados e que costumam acabar com um golo do Polga na própria baliza ou assim. Até imaginei o dois a um no último minuto com um remate do Alibec e um frango do Patrício.
No início da segunda parte, a peça continuou a ser bem encenada. Finalmente, o Steaua de Bucareste começava a parecer equipa para o Sporting, como o Jorge Jesus tinha dito. Sabendo disso, meteu o nosso habitual ator principal. Entrando o Bas Dost o resto da malta começou a pensar novamente em golos. Foram mais quatro, todos como uma repetição do episódio anterior: “qualquer coisa antes que ninguém se lembra, bola no Bruno Fernandes e … espera lá … golo!”. No dois a um, o Acuña ainda entrou em pânico quando se viu isolado e de frente para o guarda-redes, mas, depois do ressalto, centrou para a baliza e fez golo. O quarto golo foi de manual. O Bas Dost fez de assassino silencioso para, nas costas do defesa e de primeira, meter a bola junto ao segundo poste, servido por um passe absolutamente genial do Gelson Martins. No quinto, ficámos todos imaginar como é que teria sido o lance se em vez do Coentrão por ali ainda andasse o Zeegelaar ou o Jéfferson.
A nossa desgraça, na época passada, começou exatamente com a fase de grupos da Liga dos Campeões. Espero que tenhamos aprendido alguma coisa. Com menos conversa do Jorge Jesus, com mais Bruno Fernandes, Bas Dost, Mathieu, Coentrão e muitos outros e com a ajuda da bola e do vídeo-árbitro, talvez ainda tenha de ir de saia para o trabalho e, contrariamente ao treinador do Dínamo de Bucareste, com muito gosto.
Genial. O Rui é o Bruno Fernandes da blogosfera! Parabéns.
ResponderEliminarObrigado. Vejo-me mais como um Acuña atrapalhado.
EliminarViva, subscrevo que o Rui Monteiro é o Bruno Fernandes da blogosfera! ...e também que é difícil estar de férias, mas o pior é que quando estas acabam ficamos sempre saudosos desses tempos e a pensar, que o para o ano é que é.
ResponderEliminarQuanto ao Sporting, talvez seja já este ano, se a malta continuar motivada e se não for o Jorge Jesus a embirrar onde se espeta o chapéu de praia.
Meu caro,
EliminarRepito "desde que o Jorge Jesus não embirre com o local onde se espeta o chapéu de praia". Ontem, já estava na fase de não se calar. Aliás, está sempre na fase de não se calar.
SL
"o Acuña ainda entrou em pânico quando se viu isolado e de frente para o guarda-redes, mas, depois do ressalto, centrou para a baliza e fez golo."
ResponderEliminareheheheh...
grande abraço (numa grande vitória)!
Caro Cantinho,
EliminarO ar de pânico do Acuña merecia uma fotografia. Num primeiro momento só se queria ver livre da bola. Ganhou o ressalto e, depois disso, o cérebro voltou a funcionar. Deve ter imaginado que a baliza era o Bas Dost para não se assustar outra vez.
Um abraço
Caro Rui,
ResponderEliminarEm vez das faixas, encomendávamos as saias.
Seria por uma boa causa, sem dúvida...
Abraço
Caro Gabriel,
EliminarIsso é que seria um grande movimento. Em vez das faixas, encomendávamos as saias de campeões e combinávamos com a malta do Celtic.
Um abraço