Volto à crise dos cinquenta. A rapaziada (e a raparigada, se assim parecer melhor do ponto de vista da política de género) do serviço foi muito simpática comigo. Ofereceram-me umas tantas coisas. Todas elas com enorme valor simbólico para mim e para a relação que com eles mantenho.
Ofereceram-me a camisola que vos mostro. Senti-me imediatamente bem dentro dela. Trabalhei a tarde toda com ela vestida. Ser do Sporting é a minha pele. Ao oferecerem-ma, e muito(a)s não são do Sporting, reconhecem a minha identidade e que a relação que mantemos passa pelo respeito por essa identidade, em que um das idiossincrasias é a preferência clubística.
Esta história fez-me lembrar outra. Há um par de anos, fui com uns amigos à adega do Anselmo Mendes, um dos melhores enólogos portugueses, colega, dos tempos do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e amigo. Provámos de tudo um pouco (ou muito, conforme os casos): Muros de Melgaço, Muros Antigos, Contacto, Curtimenta e por aí fora.
A tarde foi ficando cada vez mais animada. Quem nos ia abrindo as garrafas era um jovem enólogo que trabalhava com o Anselmo. Perdida a cerimónia inicial, esse jovem vira-se para mim e diz-me: “Conheço-o. Foi meu professor na Universidade do Porto”. Quando um ex-aluno nos reconhece ficamos inchados de orgulho. Fiquei à espera do comentário seguinte. Fiquei à espera que, à frente dos meus amigos, me dissesse o quão extraordinário tinha sido, a influência que tinha tido na sua vida e na sua forma de olhar o Mundo e a sua profissão. Aquilo que todos os professores esperam que lhes digam. Ele continuou calmamente: “Lembro-me muito bem de si. É do Sporting”; e mais não disse.
Parece pouco, mas é muito. Porque a alternativa não é a que esperava. A alternativa é simplesmente a de não ser reconhecido ou a de ser reconhecido como professor sem qualquer outro atributo a não ser esse. Terá tido muitos professores ao longo da vida e da maior parte dele não se deve lembrar rigorosamente nada. Ele lembrou-se. Ele lembrou-se porventura da minha melhor qualidade: sou bom a ser do Sporting; ser do Sporting é a minha própria pele.
Grande texto. Bela prenda. Parabéns. Um abraço.
ResponderEliminarSporting sempre. :)
também faço anos hoje caso alguém me queira oferecer uma camisola =)
ResponderEliminarNuma entrevista concedida a um canal televiso argelino, Slimani recordou com orgulho aos seus compatriotas que «é uma honra jogar no clube que deu ao mundo Figo, Cristiano Ronaldo e Nani". Esqueceu-se de dizer que é também o clube onde alinha o Monteiro. Faz-se aqui e agora justiça ao “cinquenta”.
ResponderEliminarAbraço
www.amorsporting.com adicionei-o aos meus blogues a seguir. Gostaria de saber se também estará interessado em adicionar-me ?Saudações Leoninas
ResponderEliminarSou seu leitor assíduo há bastante tempo, comungo consigo a militância pelo Sporting e aprecio a forma inteligente e humorada como o faz!
ResponderEliminarBem haja e Saudações Leoninas
Parabéns, Rui!
ResponderEliminarAtrasados por causa do aniversário. Actuais por se sentir tão bem na pele do SCP!
Gde abç