Não que eu ande especialmente nervoso mas hoje, preso nos engarrafamentos da província (sim também cá temos disso mas sem direito a informação rádio ou a pomposo helicóptero), dei por mim a ouvir na TSF aqueles especialistas em futebol e, pasme-se, serenei ainda mais.
Entre aqueles
especialistas em futebol pontifica o Sr. Freitas Lobo, o que por si só já
justificaria uma outra sintonização radiofónica mas, como estavam a poetizar
sobre a seleção, pareceu-me inócuo e deixei-me ficar a ouvir as rimas e ajuizar
sobre as métricas.
Todo o discurso do
Sr. Lobo (de vozinha sofrida, hesitante e mansa, quiçá a querer disfarçar de
cordeiro) é hermenêutica do futebol, aquilo não é falar de futebol, é um teoria
redonda e opaca, uma interpretação, muito subjetiva do Sr. Lobo, sobre o que é
futebol. Freitas Lobo reproduz avidamente o discurso dominante que, tal como
defendia Michel Foucault, não está comprometido com uma verdade absoluta e
universal. Neste tipo de discurso é o próprio discurso que produz a
verdade, tornando-a assim arbitrária. Este discurso dominante, legitima um
determinado ponto de vista e marginaliza outros, num processo a que Michel
Foucault chama de partilha da verdade.
Naqueles breves
instantes o Sr. Lobo partilhou comigo duas verdades que me sossegaram mesmo
que, como é costume daquele oráculo da bola, não tenha apresentado argumentos
válidos, absolutos e universais mas apenas suspiros, gemidos e ...verdades
absolutas. Primeira partilha da verdade: a Suécia não é assim tão forte como
dizem, logo Portugal tem todas as possibilidades de passar o play-off. Segunda
partilha da verdade: no jogo do Dragão quem tem tudo a perder é o Sporting. Se
a primeira premissa me basta assim, durmo descansado até novembro, já a segunda
me obriga a tomar medidas. Vou telefonar de imediato ao meu broker de apostas
online para duplicar a minha aposta na vitória do Sporting pois uma coisa eu
sei e quero aqui partilhar a minha verdade: o Lobo não acerta duas seguidas.
Muito bom post. E já agora, diga-me se o Sr. Lobo acerta sequer uma vez na vida! É um optimista em relação a isso.
ResponderEliminarForça para o Sporting!
SL
Tem razão, provavelmente nem uma acerta.
EliminarObrigado
SL
Gostei do seu texto e, sobretudo, do remate final. Foi o que se chama um "golo de bandeira".
ResponderEliminarPobre Lobo, que se estivesse na fábula era comido pelo Chapéuzinho Vermelho. Assim, só é comido por um Pinto!
De facto este lobo nasceu para ser comido e dar cabo das fábulas tradicionais.
EliminarSL
É por estes posts que eu venho cá todos os dias :)
ResponderEliminarObrigado, continue a vir e "traga um amigo também".
EliminarSL
Meu caro,
ResponderEliminarPreciso de saber onde fala o Lobo. Desde que deixou de escrever no Expresso perdi-lhe o rasto. Perdi uma das minha principais fontes de inspiração.
Um abraço
Caro amigo
EliminarO Lobo só não coloca em risco o historial anedótico do Gabriel Alves porque, ao contrário do Gabriel que se perdia nos factos históricos, culturais e físicos, optou pelo discurso filosófico metafisico. Mas é pena ver que quem sonhou ser um comentador ao estilo do Valdano, acabe num registo mais ao estilo do cozinheiro sueco dos Marretas.
A não perder, às segundas (pelo menos), ao fim do dia na TSF.
Ab