Conheço mal os candidatos a Presidente do Sporting e, por isso, não tenho grande opinião formada sobre quem votar. Agora a forma como responderem às seguintes questões é decisiva para a opção final.
1. O Sporting está sem dinheiro para despesas correntes. É preciso que alguém tenha uma resposta para esta necessidade no dia imediato à tomada de posse. Se quem ganhar não tiver essa resposta, dentro de meia dúzia de meses estamos em eleições outra vez com problemas mais graves ainda para resolver.
2. Não confundir fundos de investimento com dinheiro para pagar despesas correntes. Os fundos de investimento não pagam salários, juros e outras despesas do género. Primeiro é necessário renegociar a actual dívida aos bancos e isso não é para funcionários bancários a bricar ao "quem quer ser milionário". Não há nenhum banco que penhore um património que, pelos menos sentimentalmente, pertence a um terço dos portugueses, que têm as suas contas nesses bancos também. É preciso lembrar-lhes isso.
3. Cautela com essas ideias peregrinas dos fundos de investimento. Ninguém está disponível para fazer qualquer aplicação financeira em Portugal, muito menos para comprar jogadores de futebol. Quanto mais milhões se prometerem, maior é a probabilidade de incumprimento.
4. Aqui entra a questão fundamental do treinador. Precisamos como de pão para boca de alguém que saiba treinar e conceber um bom sistema táctico. Não basta a conversa do 4-3-3 ou do 4-2-3-1 e quejandos. É preciso que os jogadores estejam correctamente posicionados em campo seja em que táctica for. Uma táctica não é colocar tantos na defesa, mais outros tantos no meio campo e os que sobram no ataque.
5. Um treinador não se escolhe pela imprensa. É preciso ter informações sobre a forma como treina e capacita os jogadores para jogarem tacticamente bem. A equipa também não pode ao fim de uma hora estar com os bofes de fora como está actualmente. Não me parece que exista nenhum livre em Portugal com estas qualidades. Talvez o Domingos, mas é preciso saber se dispõe dessas qualidades de facto.
6. Encontrando-se um bom treinador, não se precisa de despedir a equipa toda. Temos alguns bons jogadores e é preciso que um treinador competente os aproveite. Precisamos de alguns jogadores de referência e sem eles nada feito. Precisamos de um central, de um trinco (ou um 6, como agora se diz) e de um avançado. Nestas contratações é que não podemos falhar.
7. Volto às questões iniciais. Quem prometer uma equipa radicalmente nova está a enganar os sócios e a acrescentar problemas aos problemas actuais. Isso não quer dizer que alguns do actual plantel não precisem de sair. Criaram-se mitos, com a ajuda da imprensa, que é para acabar. O Carriço não serve. Como já disse, não é nem muito alto, nem muito rápido, nem muito forte. Fica a meio caminho disto tudo. O Postiga é um nabo. É o nosso Nuno Gomes. Precisamos de um avançado que seja uma referência no ataque. Sem um avançado desses, que marque pelos menos 15 golos para o campeonato, não vale a pena andar a prometer nada.
8. Não basta ter um bom treinador e uma boa equipa para se ganhar o campeonato. Tivemos, talvez, a melhor equipa que jogou em Portugal, com o Figo, Balakov, Naybet, etc, e nada. É preciso que quem vá para o Sporting tenha uma estratégia de poder no contexto da Liga e da Federação. Basta de meninos. Isto é para gente de barba rija, que faça o roteiro da carne assada com os outros dirigentes, que ofereça fruta de qualquer tipo a quem tiver que oferecer.
9. O campeonato também se ganha cada vez mais no espaço mediático. Não se pode ir para as conferências de imprensa sem nada para dizer. Não se pode aceitar que os nossos jogos sejam comentados pelos nossos adversários, que a edição das imagens seja sempre a nosso desfavor e a favor dos nossos adversários. Negoceiem direitos televisivos como deve ser. Na imprensa escrita, precisamos de rever as nossas relações. Não se podem deixar estas coisas ao acaso. As notícias plantam-se e não saem da cabeça dos jornalistas. É pena dizer isto mas é assim mesmo. Se não conseguimos passar as mensagens que precisamos nos jornais desportivos, temos que apostar nos jornais generalistas.
10. O Sporting não é um museu vivo. Precisa para seus dirigentes de gente muito competente. Um ex-jogador não é necessariamente um bom dirigente. Se tínhamos dúvidas, o Costinha esclareceu-as todas muito bem. Há jogadores que nunca esqueceremos e que lhes estamos gratos para toda a vida. Isto não quer dizer que vão todos para o Sporting sabe-se lá fazer o quê.