Não vi jogo suficiente para me irritar com a dignidade que o
Sporting merece. Esta equipa, ou muito me engano, ou ter-se-á tornado de uma
previsibilidade sem espinhas, mesmo quando experimenta, ou quando diz
introduzir novas nuances no jogo. Toda a
gente sabe como o Sporting joga ou vai jogar, só o Sporting é que não sabe
isso. Só assim se explicam as sucessivas trocas de bola no meio campo leonino
com o jogo a acabar e…a perdermos. E não foi apenas no jogo de ontem. As razões
para tal talvez escondam a localização do pote de ouro na ponta do arco-íris.
Não se trata apenas do modelo, da estratégia, da motivação,
há muito que este Sporting se entretém com a bola com a objectividade de um
bloco de mármore: parece bonito mas é um pastelão maçador, lembrando a espaços
o tika-taka entretido de Lopetegui (deus nos livre e guarde). Ontem, mais uma
vez, desperdiçamos oportunidades, não muitas, mas suficientes (como, aliás, em
Alvalade) para não perder o jogo. Todavia, fica sempre a sensação que o
Dortmund tinha o jogo relativamente controlado, e que qualquer aceleração
poderia surpreender o Sporting. Mais surpreendente é a nossa incapacidade frente
a equipas como o Tondela, Nacional ou mesmo o Rio Ave, que esta semana levou
três em casa do Vitória.
O ano passado a presença imponente de Slimani (e às vezes do
Teo) dava ao jogo uma imprevisibilidade mortífera no último terço,
imprevisibilidade essa, que, para além de qualquer sistema, deixava em sentido
qualquer defesa, já para não falar do desgaste que erodia aos poucos a equipa
adversária. Este ano, para além de Gelson, que continua a gingar mas fazendo-o
de forma mais adulta, a equipa em geral parece um corpo estranho a pensar na
morte da bezerra. No fim-de-semana temos a nossa final da liga dos campeões
contra o Arouca. É o jogo de uma época, como aliás, serão todos daqui para a
frente no campeonato. Até aqui andamos a adormecer os nossos adversários.
Ninguém está a espera daquilo que virá. Faz tudo parte da nossa estratégia…a sério!