Preparava-me para escrever mais uma crónica de mais um jogo do campeonato, mas as circunstâncias transformaram esta partida [do Sporting] contra o Portimonense num [simples] ponto como qualquer outro do caminho que nos levou ao título de campeão nacional esta época [2023-24]. Começando pelo fim, a conclusão é uma e uma só: o Sporting dá-nos muitas alegrias, mas o Benfica dá-nos mais, muitas mais. Vamos tentar, então, fazer uma entremeada, umas coisas sobre o jogo, outras sobre campeonato, outras ainda sobre as miudezas do quotidiano [futebolístico].
Passei o fim de semana [prolongado] em Londres, com a família. Passeei [muito] a pé, como deve ser percorrida e visitada uma cidade. Fiz o roteiro da carne assada turística, calcorreando Soho, Piccadilly, City, Southwark, Spitafields, Shoreditch, Notting Hill, Paddington, Kensington ou Camden. Estava [sempre] à espera de encontrar o Rúben Amorim a sair de uma entrevista e a entrar noutra, tal o seu estado de necessidade, aparentemente. Também estava à espera de notícias dele nos “pubs”, nos mercados ou na rua, tal o alarme social da última semana. Falei com muita, muita gente e ninguém, mas mesmo ninguém o tinha visto por estes lados [a maioria não fazia a mínima ideia de quem fosse o Rúben Amorim, sequer].
Às seis da tarde de sábado, encontrava-me em Gatwick [à espera do voo de regresso], mas com tempo, muito tempo para [tentar] ver o jogo. Vi-o no telemóvel, o que não é tarefa simples e isenta de controvérsia na análise dos lances mais duvidosos, pois, para mim, os rapazes do Portimonense deviam ter levado mais uns tantos amarelos. O árbitro não pensou o mesmo e castigou mais os jogadores do Sporting, que levaram amarelos ao ritmo de cada tiro, cada melro, mas também é verdade que não estava a ver o jogo no telemóvel [e essa deve ter sido a razão, possivelmente]. Bem, os amarelos [e os vermelhos] ajudam a ganhar ou a perder campeonatos, mas ainda não os ganham por si só, sendo necessário marcar [golos] para ganhar jogos e, assim, campeonatos. Quando se pensa em golos vem-nos à cabeça o nome de um jogador: Paulinho. Vem-nos pelos [golos] que marca e pelos que falha. Com ele em campo, o Sporting está sempre mais próximo do golo ou talvez não, dependendo [do dia, da hora ou da sua vontade associativa].
No sábado, era dia sim e só não foi um dia sim dos que ficam para a história porque o guarda-redes do Portimonense estava com o diabo no corpo. Há sempre a possibilidade de uma explicação mais técnico-tática: sem a responsabilidade de ser o goleador da equipa, como segundo avançado, atrás do Gyökeres, encontra-se mais solto, com menos marcação e pode surpreender a defesa. Por esta ou aquela razão, marcou um golo e ofereceu outro ao Trincão, depois de uma combinação brilhante pelo lado esquerdo com o Nuno Santos. Ao intervalo, o jogo podia a devia estar [mais do que] resolvido, mas o guarda-redes não estava pelos ajustes, como disse. Pouco a pouco, na segunda parte, a dúvida e a desconfiança podiam começar a instalar-se, mas o Rúben Amorim mexeu na equipa, substituiu quem tinha de substituir [Esgaio, Pote e Diomandé], e o jogo resolveu-se sem mais sobressaltos, ainda permitindo uns truques circenses do Bragança concluídos com um passe à maneira para o Gyökeres marcar o terceiro golo.
Jogo resolvido, atraso do avião em mais de meia-hora e regresso a casa tarde e a más horas. Domingo ficou-se à espera de Godot e, estranhamente, o Godot apareceu, o que não é suposto acontecer [na peça de Samuel Beckett]. Esperava-se que o Benfica não atirasse a toalha ao chão e levasse a disputa do campeonato até ao limite do possível. Não foi capaz e a festa fez-se no Marquês com uma semana de antecedência.
[Continua ou talvez não]