A derrota contra a Sérvia originou indignação das antigas. A culpa era toda do treinador e está na altura do Fernando Santos com as suas mezinhas ir pregar para outra freguesia. Os jogadores são magníficos e está-se mesmo a ver que qualquer uma daquelas pessoas que na televisão fala de bloco alto e baixo, de transições, ofensivas e defensivas, de momentos de jogo os colocava a jogar articulados e afinados, um género de “London Symphony Orchestra” do pontapé na bola. A ideia simples e ingénua que os nossos jogadores são bons e com bons jogadores se fazem boas equipas que jogam bem e assim ganham não corresponde aos factos, é um facto.
Portugal joga mal, como sempre jogou, com o Fernando Santos, o Paulo Bento ou o Carlos Queiroz. O que distingue a seleção de ontem relativamente à de hoje não é a qualidade de jogo mas a convicção: uma coisa é jogar mal, outra bem diferente é jogar convictamente mal. Temos dois jogadores que fazem a diferença relativamente a todos os outros das restantes seleções: o Pepe e o Ronaldo. Não estou a afirmar que o Ruben Dias, o João Cancelo, o Bruno Fernandes, o Diogo Jota ou o Bernardo Silva sejam maus jogadores, muito pelo contrário. O que afirmo é que são como os chapéus do Vasco Santana, há muitos como eles. Os jogadores da Sérvia são excelentes e as diferenças relativamente aos portugueses de pormenor.
O que fez da Seleção Nacional uma equipa temível não foi o bom ou o mau jogo. O jogo foi sempre mau. Nos tempos áureos do Fernando Santos, a Seleção Nacional chegou a ser a equipa mais cínica do Mundo: dificilmente sofria um golo e sabia que marcava pelo menos um. Esta crença que se autorrealizava uma vez atrás da outra assentava nos dois protagonistas que falei. A solução não está em despedir o Fernando Santos para se arranjar outro que coloque a equipa a jogar melhor. A solução está em despedir o Fernando Santos para se arranjar outro que nos coloque a jogar tão mal como de costume mas que o faça convictamente. O problema do Fernando Santos não é a qualidade do jogo mas a incapacidade de transmitir essa convicção.