- Prémio CR7 Jogador do ano: Cristiano Ronaldo.
- Prémio revelação do ano João Félix: João Félix.
- Prémio agente do ano Jorge Mendes: Jorge Mendes.
- Prémio academia do ano Benfica: Benfica e Ajax (Ajax? não se entende o que faz aqui).
Prémio melhor estação do ano a cobrir a gala dos prémios Jorge Mendes TVI: TVI.
E assim se faz o entretenimento nestas semanas de descanso sem bola em Portugal. A liga também terá direito ao seu prémio. É falar com o Jorge e para o ano lá estará. Sem dúvida.
Em directo do Dubai...
Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
domingo, 29 de dezembro de 2019
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
O coração do Scrooge que há em nós (sportinguistas)
O jogo de sábado presta-se a todas as metáforas. O contexto permite várias: o Natal e o seu pinheiro, as depressões e tempestades que passaram a ter nome próprio e deixaram de ser simples vento e chuva. Talvez se preste à principal alegoria, à nossa razão de ser: a resistência. Nas últimas quatro décadas, o Sporting constitui uma impossibilidade. Pouco ou nada se ganha, o Benfica e o Porto, à vez, passeiam a sua hegemonia. Mas nós continuamos Sporting e do Sporting e, connosco, os nossos filhos e netos. Contra o Portimonense, não desistimos, não desistimos dos jogadores, os jogadores não desistiram de nós e o Silas não desistiu da sua equipa e do apuramento para a “final four” da Taça da Liga, vendo para lá do que a vista alcança.
Começámos depressa de mais, com sentido de urgência despropositado, como se tudo tivesse que ser resolvido no primeiro quarto de hora. A precipitação, as perdas de bola, a aselhice e o azar iam deitando tudo a perder: um “penalty” escusado e um autogolo. Qualquer equipa se teria resignado. Nós não. O Ristovski fez o que sabe fazer melhor, passar ao Bruno Fernandes, e o Bruno Fernandes simulou o remate, tirou um adversário do caminho e esperou a desmarcação do Vietto para lhe fazer tabelar a bola na cabeça e assim voltarmos ao jogo. Pressentia-se o segundo golo ainda antes do intervalo, mas o nosso caminho não tem só as suas pedras, tem também árvores, bichos vários e aves raras. O árbitro viu o que não podia ver porque não existiu (teve uma alucinação, por outras palavras), e expulsou o Bolasie, premiando a batota.
O início da segunda parte constituiu mais um teste à nossa capacidade de sobrevivência. Um avançado desmarca-se nas costas da nossa defesa, isolando-se e obrigando o Coates a um corte em desespero, que, azar dos azares, tira o Max da jogada e deixa o adversário com a baliza aberta. Esperávamos o golo, enquanto o jogador do Portimonense dominava a bola para a empurrar para a baliza. No entanto, do nada, da “twilight zone”, vimos regressar o Max ainda a tempo de se estirar e desviar o remate para o poste, mantendo-nos com a cabeça de fora. Logo a seguir, o Coates quis-nos explicar, a nós, aos seus colegas e ao adversário, que não estávamos no jogo só para sobreviver e foi por ali fora, tropeçando na bola e nos adversários, tabelando uma e outra vez, até deixar o Vietto isolado para rematar com a canela ao lado, falhando um golo cantado.
O destino não estava escrito, ainda havia tempo para se fazer história, e o Silas substitui o Doumbia e o Ristovski pelo Luiz Phellype e o Gonzalo Plata, deixando todo o lado direito para o Rafael Camacho e assim mandando o miúdo fazer-se à vida. E o miúdo nunca mais foi miúdo, cresceu, ficou adulto e partiu tudo com o segundo golo. O Silas volta a mexer e equilibra a equipa, tirando o desgastado Wendell para meter o Battaglia, que recupera uma bola, o Vietto desmarca de primeira o Bruno Fernandes e este domina-a com um pé e, sem a deixar cair, fá-la sobrevoar um defesa, isolando o Gonzalo Plata que, mais parecendo um veterano, marca o terceiro golo. Os festejos não deixam dúvidas: temos equipa! Mas uma história, uma bela história, precisa de todos os seus heróis improváveis, todos têm o seu papel, faltando, assim, o último golo do Luiz Phellype, depois de um excelente passe do Gonzalo Plata a desmarcar o Vietto que cruza rasteiro para este marcar um “penalty” de bola corrida.
Este jogo foi mais do que um jogo, foi um conto de Dickens. O rabugento Scrooge que há em nós (sportinguistas) tem um coração à espera da sua oportunidade. Ninguém desiste, ninguém desiste de ninguém. O Bruno Fernandes, o Camacho, o Plata, o Phellype, o Max, o Coates, o Acuña (o Mahatma Acuña neste jogo, tais foram as falta e as entradas à espera da sua reação), todos eles, não desistiram, não desistiram de nós e nós não desistimos deles. Esta é a história que queria escrever para desejar um Feliz Natal a todos os sportinguistas!
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Rui Monteiro
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14:08
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Academia, sempre!
O Silas tem algo de Fernando Santos. Não tem tudo, ainda não determina completamente o seu destino e, com ele, o destino do mundo. Mas as suas ações estão recheadas de intenções subliminares, têm um propósito, mesmo que o ultrapasse, resultando de combinações có(s)micas. Quem criticou a tática e a constituição da equipa contra o Lask, que vá buscar a pedra de volta para a arremessar aos seus próprios telhados de vidro. Contra o Santa Clara, tínhamos uma final e, como qualquer final, o que importava era ganhar. Ganhámos com direito a brinde, com goleada e nota artística.
Nunca sabemos se o que vemos resulta de intenção do treinador e da equipa ou da nossa propensão para encontrar racionalidade, mesmo, no acaso. Vamos admitir a primeira possibilidade porque se as coisas acontecem devem ter uma boa razão para acontecer. A melhoria da qualidade de jogo deve-se, finalmente, à projeção ofensiva dos dois laterais. Para esse efeito, a substituição do Borja pelo Acuña e a do Rosier pelo Ristovski foram fundamentais. Para assegurar adequada cobertura da zona central e dobra dos laterais, o Doumbia e, especialmente, o Wendell jogaram mais recuados. O recuo e a compensação do Doumbia permitiam ainda que o Mathieu avançasse e se encostasse mais do lado esquerdo, servindo de apoio ao Acuña e participando na construção do ataque.
Pela primeira vez esta época, o Sporting dispôs de toda a largura de campo para atacar, obrigando a defesa e o meio-campo do Santa Clara a bascular para um e outro lado permanentemente. A possibilidade de atacar com os laterais deixou também a zona central mais descongestionada, embora o Bolasie e o Vietto fizessem movimentos interiores e, assim, garantissem mais presença na área no momento de meter a bola para a molhada. A jogar desta forma, sentimos falta do Bas Dost. O Bolasie e o Luiz Phellype fizeram o que puderam, mas não são a mesma coisa.
Aproxima-se janeiro, o mês de todos os perigos. É evitar fazer asneiras e, para isso, o melhor é não fazer nada. É preferível não contratar ninguém, sobretudo para não se ter de vender os poucos que sabem jogar à bola, como o Acuña, o Bruno Fernandes ou o Coates. Bom, bom, seria vermo-nos livres de uns tantos, como o Borja, o Fernando, o Jesé ou o Ilori. A Academia sempre resolve o resto quando é preciso.
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Rui Monteiro
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09:00
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terça-feira, 17 de dezembro de 2019
Sem espinhas
Vejam isto: o Sporting ganha 4-0
e o treinador da equipa adversária põe-se a efabular um discurso, que a sua
equipa esteve aquém (aquém de quê?), que foi mais demérito que o mérito do
adversário, que a passividade para aqui e para ali. Também é por isso que as
equipas perdem, mas sobretudo porque os adversários são melhores e as obrigam a
isso. E o Sporting foi e é melhor que o
Santa Clara, principalmente quando não inventa e não joga o Jesé e o Ilori, ou
o Rosier. Noventa por cento dos jogos da liga portuguesa são contra equipas que
lutam dignamente para não descer de divisão. Os seus orçamentos anuais não
permitem sequer que Cristiano Ronaldo mantenha a sua alta rotação de relógios e
brincos. Esqueçam os iates. No máximo dá para um bote.
No final da primeira parte já
podia estar três a zero, pelo menos. Porém, a passividade e o demérito da
equipa da casa não nos deixaram alternativa. Marcamos apenas um e contrariados.
Quando viemos dos balneários, sem tempo ainda para nos apercebermos do demérito
e da passividade alheias, já lá tínhamos enfiado outra bola. Da forma como o
demérito do adversário, a sua passividade e o nosso (algum) mérito andavam,
via-se que íamos marcar mais e assim o fizemos. Era uma sensação estranha,
via-se claramente no rosto dos nossos jogadores. O jogo acabou e na viagem para
os balneários o demérito e a passividade do adversário ainda se notavam e
estivemos quase para marcar mais um. Mas não gostamos de ver a malta a sofrer,
a não ser nós próprios. É assim o nosso clube. E nunca deixaremos de o apoiar.
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Gabriel Pedro
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15:21
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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
The Lask but not the least
Achei estranho a marcação de um jogo-treino
para a Áustria. Depois percebi que havia aqui um sentido cultural, pois por
essas bandas ainda se fazem verdadeiros mercados de natal de rua, onde toda a
gente vai, em contraponto aos nossos centros comerciais. A ideia era
interessante. Mas havia o jogo. Todas as mudanças ocorridas iam de encontro à
ideia de um jogo-treino, dar uma oportunidade a alguns jovens, insistindo em colocá-los
ao lado de génios como Ilori, Rosier, Jesé, para trocarem experiências. Ficar
em primeiro lugar do grupo, ganhar um mísero milhão de euros, ser cabeça de
série no sorteio, não poderia ser sobreposto ao próximo jogo do campeonato,
onde lutamos estoicamente pelo terceiro(?) lugar e vamos jogar contra o Santa
Clara. É este tipo de exigência que cria os grandes heróis.
O Lask, conhecedor dos mercados
de rua e igualmente dos centros comerciais, onde se podem aquecer as mãos e os
joanetes, não foi de modas e focou-se neste jogo como se de um jogo importante
(a que propósito? - terá pensado Silas) das competições europeias se tratasse.
Em pouco tempo percebemos que o Sporting se tinha organizado de forma a tentar
não sofrer muitos golos, alguns ainda vá, mas muitos não. O lance do primeiro
golo é uma pérola que deve constar dos bons manuais de como se deve defender
com os olhos e em grupo. A seguir o Jesé chegou vinte minutos atrasado a um
golo cantado e perguntou: Mister, isto é
a sério? fosca-se… Esta sequência didática culminou com o Renan a provar
por A + B que os árbitros levam estes jogos treino para terrenos pantanosos. Aquela
saída ao jogador adversário já está nos anais dos jogos-treino a que se dedicam
estudiosos de Ponte da Barca e Póvoa do Lanhoso.
Os nossos miúdos estavam deliciados:
agora vamos ter esta experiência enriquecedora
de jogar apenas com dez. A estratégia afigurava-se certa, sofrer golos,
muitos é que não. Na segunda parte os jogadores do Sporting concentraram-se num
jogo de bocejos muito eficaz, não estivesse o Camacho meio a dormir e até tinha
marcado um golo, algo que não estava previsto. O Lask continuava a levar as
coisas a sério, e lá foi tentando marcar mais golos. Dirigentes do Lask ainda
solicitaram que deixassem o Sporting jogar com 11 para ver se dava pica, mas
tal não foi permitido.
No final do jogo Silas
esclareceu-nos tudo através do seu manual de desculpas em dois volumes. Tem a
chancela da editora The Lask but not the least.
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Gabriel Pedro
à(s)
14:28
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terça-feira, 10 de dezembro de 2019
O imenso Mathieu ou o futebol total no singular
Há vitórias por poucochinho que sabem a derrota, que o digam os Antónios, o Costa e o Seguro. Há outras, como a do passado Domingo, que representam autênticas goleadas. As expetativas não marcam golos mas também determinam os resultados. Segundo o Silas, se não fizemos o jogo da época para lá caminhámos, sendo as melhorias significativas. Estas afirmações baseiam-se em profunda evidência empírica e recurso a técnicas experimentais como as que determinaram o Prémio Nobel da Economia atribuído a Michael Kremer, Abhijit Banerjee e Esther Duflo. Colocou a equipa a jogar com e sem o Ilori e o resultado desta análise contrafactual não deixa margens para dúvidas: os problemas defensivos não são coletivos mas individuais (ou individual, melhor dizendo).
Como venho referindo há mais de dois anos, a melhor forma de se passar ao ataque é contar com o passe tenso do Mathieu para o lateral esquerdo, normalmente o Acuña, ou, na impossibilidade, com o seu passe também rápido a virar o flanco ao jogo. Bem podem avançar e recuar o Doumbia ou Wendell que o sucesso da transição ofensiva continua a chamar-se Mathieu. O único lance de perigo do Moreirense também é revelador da nossa transição defensiva. Perda de bola e o Doumbia sem saber se corta a linha de passe ou marca o único adversário situado entrelinhas e que podia construir o contra-ataque, defesa a recuar perante um avançado de frente para a baliza e passe para o lado direito da defesa, onde não se encontra o Mathieu o nosso mais rápido e atento defesa. Com o Wendell sem capacidade de pressão, o Doumbia sem leitura de jogo, sem saber se sai ao jogador com bola, marca o espaço e as linhas de passe ou acompanha a desmarcação dos adversários, e a lentidão do Coates ou do Neto, a nosso transição defensiva também tem um só nome: Mathieu.
O ataque também costuma ter um só nome: Bruno Fernandes. Neste jogo, as coisas não lhe saíram muito bem e o ataque também ficou entregue ao Mathieu: desmarcou o Borja para o primeiro golo, anulado por um poucochinho; rematou ao poste na marcação de um livre; participou na melhor jogada de ataque culminada com remate do Bruno Fernandes ao lado; e, cereja em cima do bolo, centrou tenso para a cabeçada do Luiz Phellype que nos deu a vitória. Enfim, no futebol existe a defesa e o ataque e, nos entretantos, conforme se ganha ou perde a bola, a transição defensiva e a transição ofensiva. Também há quem diga que existem ainda as jogadas táticas: os cantos e livres. No Sporting, Mathieu faz tudo isto e, por vezes, sozinho. É a encarnação num só jogador do futebol total do Rinus Michels e do Johan Cruijff.
O treinador do Moreirense efetuou uma análise muito interessante ao jogo. O interesse não esteve tanto no que disse mas na semântica utilizada. Segundo ele, se os seus jogadores tivessem mais discernimento quando da posse da bola, o resultado poderia ter sido diferente. Traduzindo, se os jogadores do Moreirense soubessem o que fazer da (e com a) bola, podiam ganhar o jogo. Aparentemente, a equipa está magnificamente treinada para jogar sem bola, modalidade que designávamos por “apanhada” quando era miúdo.
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Rui Monteiro
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13:39
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domingo, 8 de dezembro de 2019
Mais uma voltinha, mais uma viagem
Demoro mais a expelir as derrotas do meu corpo e da minha
mente. Como elas têm sido em número considerável, apenas com o recurso a um
laxante me é permitido continuar a viver de forma minimamente aceitável. E não
é nada fácil escrever sobre o assunto.
Fui ver o Sporting a Barcelona, perdão, a Barcelos, no jogo para o campeonato.
Ainda hei-de escrever o guião para uma longa-metragem desse jogo e a sua
envolvência. Fico-me por uma curta (metragem), mas grossa. Ali chegados,
notamos o misterioso desaparecimento das roulotes. À imagem do desaparecimento
das abelhas, nenhuma explicação plausível foi enunciada. Na procura de uma
bucha apenas encontramos alguma irritação. Estava frio, muito frio. Na entrada
para a bancada Norte, onde se encontrava o grosso dos adeptos do Sporting, à
irritação, frio e alguma fome, tivemos que juntar uma pitada de paciência.
Para além da proibição (nem sempre, nem para todos) óbvia de
entrar no estádio munidos de catanas, explosivos, pistolas e cacetes, também
não se podia entrar com nada que tivesse grafado JL, Juventude Leonina, ou Directivo, o que desde logo suscitou
algumas questões interessantes. Gente havia vestida dos pés ao pescoço com os
ditos, outros juravam acrescentar a roupa interior, outros nem se lembravam se
tinham, ou não tinham, em qualquer sítio, as palavras proibidas escritas.
Outros juravam não entregar as tatuagens. Bom, depois de apurada conferencia lá
se deixou entrar tudo menos os cachecóis. Alguns putos entraram assim no
estranho mundo das proibições e dos ultras, deixando o seu querido cachecol à
porta. Um absurdo que nos levou à queima para começar o jogo.
E no começo do jogo, ali mesmo à minha frente, o Jesé sofreu
penalti, na única vez, em setenta e tal minutos em que ganhou a posição a um
jogador adversário. O árbitro sabia ao que vinha e fez de conta (sem precisar) que
não era nada com ele. A partir daí o deserto, de ideias, de fio de jogo, de
qualidade dos intervenientes. A partir daí apenas o frio, a fome, alguma
irritação, a paciência, nos lembravam que estávamos vivos e num estádio de
futebol. Dentro de campo não se podia dizer o mesmo.
Já sabemos a história, sem remates não há golos. Apenas o
Ilori torna isso possível. O Ilori e o guarda-redes do Gil. Conseguimos chegar
ao intervalo sem cortar os pulsos. Foi um feito apenas ultrapassado pelos
resistentes que conseguiram chegar ao final do jogo. É certo que temos cinco ou
seis jogadores (cuja contratação até é da responsabilidade desta direção) cujo
talento para jogar futebol foi-nos manifestamente exagerado, mas não estávamos
a jogar em Barcelona, apenas em Barcelos. Compete ao treinador a redundância
de treinar e o aborrecimento de planear o jogo contra uma equipa que toda a
gente sabia como ia jogar.
No final do encontro Silas disse que tinha mostrar mais uns vídeos
aos jogadores e que sentiu que a equipa, em certos momentos (não foram todos?),
estava completamente descoordenada, com cada um a jogar para si. Esperamos, assim, pela coordenação no jogo seguinte.
O jogo seguinte continuou a ser em Barcelona, perdão, em Barcelos. Por
razões profissionais não pude me deslçocar ao estádio. Não sei se as roulotes
apareceram. A equipa do Sporting, isso é certo, não marcou presença na primeira
parte do jogo. Por vergonha, provavelmente por estar a jogar contra as segundas
linhas do Gil, lá tivemos que disputar a segunda parte com o suspeito do
costume a dar um ar da sua graça, lá para o final do jogo. Silas, sempre
assertivo, afirmou que tem tido pouco tempo para treinar. Ninguém lhe recordou
a recente paragem de três semanas. Aqui ninguém é responsável e ninguém é responsabilizado.
Somos uma simpatia no trato. É isso que às vezes enerva o Marcos Acuña. Mas já está tudo perdoado.
Venha o Moreirense. Se tivéssemos tido mais tempo para treinar é que era. Não
era?
Publicada por
Gabriel Pedro
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13:23
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segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
Jogar para negativos
Nem sempre os fins justificam os meios, mas, no Sporting, parece que os meios se justificam independentemente dos fins. O que conta, o que verdadeiramente conta é tática, não como forma de chegar ao resultado, mas substituindo-o como objetivo. Instalou-se uma burocracia, o que conta é o processo, que desce aos confins do departamento mais obscuro para voltar a subir na hierarquia, sem falhar uma carimbo, uma assinatura. A troca de bola entre os centrais, o recuo do Doumbia, o avanço dos laterais, a descida à vez do Wendell e do Bruno Fernandes não encontram no ataque nenhuma dinâmica que o justifiquem. O que se passa atrás não tem nenhuma relação com o que se passa à frente, onde estão os avançados parados à espera de Godot.
O Gil Vicente não precisou de fazer nada ou, melhor dizendo, só precisou de esperar que nos suicidássemos. Na primeira parte, praticamente só o Ilori atacou com ousadia, infelizmente sem se dar conta que aquela não era a área do adversário. E os disparates são como os GNR, andam sempre aos pares: passa à bola ao adversário e recupera deixando outro em jogo. E o disparate emparelhou-se outra vez quando o remate fraco do Wendell adormeceu o guarda-redes enquanto esperava pela bola. Ao intervalo, o empate justificava-se, o que não se justificava era o resultado; em vez de 1 a 1, devia ser -1 a -1.
Na segunda parte, o Gil Vicente passou a jogar para nulos e nós continuámos para negativos. No jogo do King é a mesma coisa, no futebol não. No futebol, quem joga para negativos perde sempre, independentemente do adversário jogar para nulos ou escolher trunfo. Oferecemos um “penalty” e, quando o Bruno Fernandes tentou fazer de central de último recurso no terceiro golo, até parecia que do outro lado jogava o Messi. O Vítor Oliveira, no fim, procurou confundir-nos ainda mais, para ser corporativamente simpático com o Silas. Talvez tenhamos piores jogadores do que o Benfica ou o Porto, mas não jogámos contra nenhuma dessas equipas, jogámos contra o Gil Vicente. Jogámos contra o Gil Vicente e não criámos uma oportunidade de golo para amostra nos segundos quarenta e cinco minutos.
As desculpas perspetivam o pior. A carne é fraca, segundo o Silas, é fraca e não tem cabeça para cumprir as orientações, jogando cada um para seu lado. São muitos anos a virar frangos. Um Carlos Manuel ou um Paulo Sérgio cheira-se à distância. Quanto tempo vai demorar até encontramos o Jesualdo Ferreira da nossa salvação? Ainda chegará a tempo?
Publicada por
Rui Monteiro
à(s)
12:47
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