Sou do tempo em que as marquises começaram a confundir-se
com as varandas e a fazerem parte das nossas vidas. Uma varanda com marquise
era mais uma assoalhada a não desdenhar, um aproveitamento do espaço que se
fazia à revelia de qualquer sentido estético e sem qualquer (até dada altura)
fiscalização das autoridades competentes. Mas uma varanda com marquise não
deixava de ser uma varanda, só que com marquise.
Sou um tipo com memória, daqueles chatos que ainda vai lendo
umas coisas, daqueles que passou anos a coleccionar revistas, suplementos, a recortar
crónicas e a guardá-las como trevos em livros. Nesse sentido, a internet até passou
a facilitar-nos a vida, no entanto, com as redes sociais tudo arde mais depressa,
inclusive a memória. Mas isso não implica que as coisas (e as palavras) deixem
de existir, sucede apenas que ficam por aí, algures.
A entrevista do presidente do Sporting ao canal do clube (passei
algum tempo a revê-la e a lê-la), é um desses momentos encenados (todas as
entrevistas o são de alguma forma) cuja impreparação de todos os intervenientes
roça o amadorismo. Para além de tudo ou quase tudo ser refutável e comprovadamente
(lá está a memória e o algures) desmontável, perdeu-se uma oportunidade de luxo
para uma demarcação clara do clube no contexto do futebol português. A visão do
inimigo interno (qual é a novidade?) foi condescendentemente aplaudida pelo sr.
Rui Pedro Brás, perdão, pelo sr. Luís Filipe Vieira. As palmadinhas nas costas
de Pinto da Costa já são um clássico.
Dizer o contrário daquilo que dissemos ontem, ou anteontem,
não é sinónimo de tontaria, já sabemos o blá blá do futebol, mas dizê-lo
confiando que ninguém se recorda daquilo que foi dito, ou agindo como se nada
tivesse sido dito, ou pior, fazendo-o como se estivesse a palitar os cérebros
dos outros com uma linha condutora perfeitamente definida, não é apenas tontice,
mas de uma inabilidade que roça a inaptidão.
Não me ia sequer debruçar sobre essa varanda, mas o
Expresso de ontem, lá para a página 35 faz bem essa desmontagem e em poucas
linhas. Qualquer subcontratado das pesquisas avulso faria o mesmo. Por exemplo,
a contradição sobre a contratação de keizer, alicerçada nos famosos 4
parâmetros definidos pela direcção, supostamente obedecendo a uma busca exaustiva,
afinal, foi assim: Keiser aceitou entrar
em Alvalade quando nenhum outro treinador queria. Parece que não foi
despedido no final da época por que ninguém despede um treinador que ganha duas
taças. Para não ser aborrecido podem ler o texto aqui.
Mas o mais importante das entrevistas não foi o que foi dito
mas aquilo que (também) foi omisso ou esquecido. Que o futebol cá do burgo tem
uma direção bicéfala, não havendo lugar para mais ninguém (muito menos para o
Sporting como se tem visto). Nenhuma palavra para o jogo com o Rio-Ave, o
último de Keizer, onde a equipa esteve mal, é certo, mas foi muito bem secundada
pelo árbitro. Ou alguém acredita que aquilo fosse possível na Luz ou no Dragão?
Nada, nem uma palavra.
O facto de termos construído uma marquise a engalanar a
varanda não esconde essa mesma varanda. Se calhar, é a mesma varanda de sempre.
Até nisso é chato um tipo ter alguma memória.
Ó Laurindinha vem à Varanda!!!
ResponderEliminarBrincadeira à parte, pessoalmente gostei da entrevista, tal como o nosso futebol, foi a possível. Pelo menos esclareceu elgumas coisas, aproveitadas pela CS lampiónica.
Keizer foi aconselhado por Jardim, aquele que saiu por 3 milhões. O plantel do Sporting é desequilibrado e a sorte também não ajudou. Se o Pinus tem marcado o penalti do Raphinha e Acuña não tem falhado a cabeçada a história seria outra.
O Pinus não os teria no sitio para marcar 3 penaltis na Luz ou no Dragão.
Interessante o presidente do Benfica leva um banho de multidão em Cabo Verde,o que antes só aconteçera com Adriano Moreira( Ministro do Ultramar), noutros tempos, ou NÃO!
jOÃO bALAIA
Meu caro,
EliminarNo Sporting tudo é interessante. Até a nossa paciência, que hoje uma crónica num jornal é tão criticada. A história é sempre a mesma, não acha?
Pelo menos no futebol, isto é, no que interessa financeiramente.
SL
Queres as 8 horinhas de soninho? então biquinho caladinho e a CS embala-te e faz-te miminhos.
ResponderEliminarMas nem eram necessárias as ajudas do carnide para isto pois o Varandas 'andou' na guerra mas não tem tomates para a fazer.
Meu caro,
EliminarA nossa especialidade não é a produção hortofrutícola. Embora seja um tema pertinente.
SL
Tem mais paciência que eu.
ResponderEliminarComecei a ver e 2 minutos depois ele começou a dissertar sobre o que era ser líder, a falar em esqueletos, lembrei-me do ar pedante com que disse o famoso "facil, facil" e dei por encerrada a sessão. Este gajo não motiva uma pedra de gelo a derreter.
Pior que isso, já não é a primeira vez que apouca o Sporting para desculpar a sua inépcia.
Ou o Pontes lhe salva a pele ou brevemente teremos o raio da pedra no sopé da montanha novamente. Triste sina a nossa.
Meu caro,
EliminarAinda hoje li críticas ´minha (nossa - vamos chamar-lhe assim) paciência. Nem Jó. Embora queiram mostrar o contrário. Uma varanda com vista para a ponte. Vamos ver.
SL
Estive a ler a História dos presidentes do Sporting desde João Rocha. Titulos(46 anos):
ResponderEliminarJoão Rocha - 3
Roquette - 1
Dias da Cunha - 1
Há um elo comum, todos sairam altamente contestados.
Mais que discutir Varandas com Pontes é refletir na terrível sina : este Sporting terá algum dia futuro?
Como dizia o outro: Responda quem souber! Talvez os notáveis.
João Balaia
Meu caro,
EliminarA leitura é fundamental. Mas hoje em dia posso provar o contrário. É tão fácil que dá dó. E esquece rápido. Lá voltamos nós a ler. No Sporting tudo é interessante.
SL
Quando o aldrabão e já falecido Jorge Gonçalves concorreu a Presidente do Sporting, teve como concorrente o Ten.Coronel Figueiredo, também já falecido. Jorge Gonçalves e o seu concorrente trabalhavam ambos no porto de Lisboa, mas equanto JG era um habilidoso Despachante, o seu concorrente era, um bem sucecedido, Empresário da Estiva. JG era um aprendiz de populista mas conseguiu inventar um leitmotiv ou slogan eleitoral,ao dizer que representava o sangue verde das bancadas contra o sangue azul dos camarotes. Era uma antecipação à rábula dos croquetes. Agora temos Varandas, apenas Capitão mas Médico de profissão. O que Varandas não esquece, é que durante toda a sua infância e juventude, assistiu aos jogos do Sporting, da varanda do camarote do seu pai. E assim, no meio do seu discurso confuso, titubeante e por vezes, contraditório, é fácil descortinar os tiques dos que nasceram e viveram nos camarotes e não sabem o que é isso das marquises.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarUma varanda com marquise não deixa a sua condição de varanda, mas com marquise. Um camarote com marquise não deixa a sua condição de camarote mas com marquise. Depende sempre das pessoas, são elas que dão nomes às coisas, e são elas que trilham os caminhos.
SL
Bom dia!
ResponderEliminarPassem pelo meu blogue para ler e comentar o meu artigo "Seis jogadores dos sub-23 do Sporting à beira da equipa principal" (https://davidjosepereira.blogspot.com/2019/09/sporting-sub-23-liga-revelacao-goncalo-inacio-nuno-mendes-rodrigo-fernandes-matheus-nunes-tomas-silva-pedro-mendes-joelson-fernandes-bruno-tavares.html)
Abraço
Meu caro,
EliminarPenso que temos um link aí ao lado.
Obrigado pela visita.
Abraço