sexta-feira, 16 de março de 2018

Se é para ser assim, com o Paulo Bento fica mais barato

Ontem, contra o Viktoria Plzeň, aconteceu exactamente aquilo que o Jorge Jesus anunciou na conferência de imprensa: a equipa jogou em função dos pontos fortes do adversário, esquecendo-se dos seus pontos fracos e, sobretudo, dos seus próprios pontos fortes. Depois de se contratarem duzentos e cinquenta e oito defesas esquerdos e direitos, decidiu apostar novamente no David Luiz, isto é, no Battaglia a defesa direito, deixando dois defesas direitos no banco. Estando castigado o William Carvalho, meteu o Petrović na sua posição. É possível ganhar jogos apostando em jogar com dez. O Jorge Jesus tem provado essa possibilidade, sempre que mete umas tantas moscas mortas. Apesar de tudo, tem o cuidado de as meter na frente. Não é possível ganhar a jogar sem o guarda-redes, um dos centrais ou o trinco.

A táctica caiu por terra mal começou o jogo. Tanta preocupação com o jogo aéreo e as bolas paradas para se sofrer um golo na primeira cabeçada do adversário. Os veteranos das noites europeias leoninas antecipam uma sequela mal vêem o início do filme. Os falhanços do Bryan Ruiz e do Acuña foram as cenas seguintes, até se chegar ao segundo golo, com o meio-campo a acompanhar com os olhos a desmarcação de um adversário que centrou atrasado para remate de primeira, apanhando em contrapé o Rui Patrício. Foi necessário chegar-se a esta situação para o Jorge Jesus perceber que, embora também tenha quatro patas, um gato não é um cão ou, por outras palavras, um trinco é um trinco e um defesa direito é um defesa direito. Com a entrada do Piccini e, sobretudo, com o Battaglia a trinco a música passou a ser outra. A partir desse momento, não se deram mais abébias no meio-campo e o Sporting a custo foi empurrando o adversário para a sua área. Mas o clímax ficou guardado para os descontos, quando o Bas Dost falhou um “penalty”.

Quando se passa o que se passou, percebe-se que a eliminatória só pode ser ultrapassada com o coração, com a vontade, servindo de pouco as tácticas e as berrarias do treinador. Nestes momentos (da verdade), olha-se para dentro do campo e para a cara dos jogadores e tenta-se perceber quais deles têm dentro de si esse coração e essa vontade. Não havia muitos. Contei três: Montero, Coentrão e Battaglia. Esperava que fosse o Montero, pela sua posição no ataque, mas acabou por ser o Battaglia, a desviar de cabeça a bola para a baliza na sequência de um canto. Naquela altura, talvez fosse o único que ainda tivesse a força e o ânimo necessários para fazer aquele movimento com convicção. A partir daí, procurámos recuar e defender e não mais conseguimos controlar o jogo. Como sempre, nunca conseguimos controlar os jogos sem bola, valendo-nos o Rui Patrício e a descrença e cansaço dos adversários.

Tropeçámos mas não caímos. Desde Janeiro tem sido assim ou pior. Tropeçamos sempre mas nem sempre caímos (com excepção dos jogos contra o Estoril e o Porto). Os tropeções são directamente proporcionais à bazófia do Jorge Jesus. Houve um tempo em que, ironizando, ainda tentava encontrar alguma graça naquele ego do tamanho de um Antonov. Sem vento, os tropeções foram culpa agora do estado do relvado, do André Pinto e do Petrović. O treinador é único: reconhecido mundialmente por ter chegado a duas finais da Taça UEFA. Assim de cabeça, lembro-me de uma final com o Pesero e de uma meia-final com o Sá Pinto. Se me lembrar então que com o Paulo Bento disputámos quatro campeonatos até ao fim, ganhámos duas Taças de Portugal e duas Supertaças e conseguimos o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, contando com jogadores como o Polga, o Carriço, o Abel, o Pedro Silva, o Grimi, o Miguel Veloso, o Custódio, o Tiuí, o Djaló, o Bueno, o Farnerud, ou o Ronny, começo a ter saudades.

4 comentários:

  1. Sem dúvida concordo em absoluto. E só posso achar que J.J. não tem vergonha de à 3ª época no Sporting dirigir uma equipa que apresenta estes níveis de qualidade (todas as semanas os jogos do meu Sporting são constrangedores) porque o seu superego não o permite. Eu teria vergonha. Diz o "mago" que agora, com ele, é que o Sporting se está a habituar a ganhar (uma supertaça num jogo de pré-época cujo mérito principal foi de uma equipa, antes dele, estar presente porque tinha acabado de ganhar uma Taça de Portugal - depois de ter eliminado o Porto nas Antas - e uma taça da Liga prova que ganhou com uma vitória e 2 golos marcados. Diz o "mago" que é à italiana, com cinismo e grande eficácia e isto representa todas as semanas para nós sportinguistas torcer-mo-nos no sofá com náuseas e dores de barriga e palavrões durante quase duas horas... Chega. Gostaria de ter coragem e assumir uma decisão: não vejo mais jogos do SCP enquanto isto durar. Mas continuo a sentar-me no sofá e a ver...Já esgotei o cardápio de palavrões ...e sei que isto faz-me mal à saúde. Tenho saudades do Paulo Bento, do Leonardo Jardim, do Marco Silva que com meia dúzia de "marrecos" conseguiam por vezes jogar à bola bem e ser competitivos...Quando é que isto vai acabar?

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    1. Meu caro,

      Cada vez é mais penoso o exercício de ver jogar o Sporting. Começa a não ser prazer, começa a ser vício.

      SL

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  2. O título é arrojado, mas é verdade, não se entende estas opções. Se a jogar com o Plzen com 2 de avanço metemos equipa para defender, nem imagino como vai ser em madrid.

    O meu 11 para madrid: Rui; Battaglia, Pinto, Mathieu, Coates, Coentrão; William, Petrovic, Acuna, Bruno Fernandes e o Dost. Um 5-4-1 à paços de ferreira (com sorte até o palhinha é titular no lugar do dost)

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    1. Meu caro,

      Pode ser que com o Atlético de Madrid nos deixemos de tácticas. Estamos razoavelmente fartos delas. Se era para jogar assim, o Paulo Bento servia muito bem e não se lhe pagava tanto nem aos jogadores.

      SL

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