Não há qualquer possibilidade de jogarmos contra a Holanda na fase final do Campeonato do Mundo, na Rússia. Se assim não fosse, não tenho dúvidas que tudo seria diferente. Vamos empatar esse Mundial, empatando ou ganhando nos descontos, no prolongamento ou nos “penalties”. Não há, assim, razões para alarme.
O Fernando Santos testou dois esquemas táticos radicalmente distintos na primeira e na segunda parte: jogar com dez, contando com o André Gomes, ou jogar com dez, não contando com o André Gomes. Se não fossem os três golos sofridos, os resultados destas alternativas seriam razoavelmente indistintos.
Falaremos do Sporting, mais mal do que bem. Falaremos também do Benfica, sempre mal. Falaremos do Porto, conformados.
terça-feira, 27 de março de 2018
No panic!
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Rui Monteiro
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11:35
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terça-feira, 20 de março de 2018
Só temos medo que o céu nos caia em cima da cabeça, mais nada...
A coisa boa (temos sempre que
encontrar uma) dos últimos meses a ver jogos do Sporting é que tem bastado
ligar a TV (ou entrar no estádio) perto do jogo acabar para se ter um desenlace
(quase sempre) perfeito. Enquanto os outros (leia-se outras equipas que lutam
pelo título) tratam da sua vidinha durante a semana, de diversas e criativas maneiras, nós temos que jogar os jogos todos do princípio ao fim, e ainda somos
criticados por marcar nos descontos desses mesmos jogos, como se os descontos
fossem uma invenção com patente registada sportinguista.
Ora, neste último jogo, ganho com dois
golos (um deles ainda na primeira parte) marcados durante os noventa minutos,
falhados foram mais quatro ou cinco, nem isso terá desmotivado os ecos dos
cartilhados (entre outros) do costume. Parece que o Rio-Ave queria sair sempre
a jogar, defendendo alto mas sem pressionar muito, não explorando as costas e
as deficiências da nossa defesa, acabando por perder, supostamente, por inoperância
ou incapacidade próprias, como se jogar em Alvalade fosse empresa fácil,
acessível aos bons alunos com trabalho de casa feito. Os ecos são devidamente
alardeados pela propaganda. Afinal se ganhámos é porque os jogos se estendem,
se não ganhámos, evidentemente, somos a equipa do quase, e é assim que deve ser, para regozijo de todos aqueles que
nos dão palmadinhas nas costas.
Começo a acreditar que o ideiafix Jesus,
não tendo lugar na nossa versão do livro de Asterix, ficaria mesmo a calhar (e
com resultados) mais a norte, como, aliás, o provou, na sua versão gaulesa nossa
vizinha da segunda circular. Nada disto (ou pouco) estará relacionado com
ideias, ou a sua ideia, mas apenas como
resultado da pena de um qualquer Goscinny de serviço com a colaboração dos
desenhos de Uderzo feitos sob coacção. Talvez enviados por email. Não sabemos. O
que sabemos é que estamos em todas as aventuras deste ano. Não é pouco. O
caminho para um pacemaker faz-se caminhando.
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Gabriel Pedro
à(s)
21:19
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segunda-feira, 19 de março de 2018
Fadiga do “blogger”
Sinto-me o Bruno Fernandes, a correr que nem um desalmado de três em três dias. Não há rotatividade no blogue e se fisicamente não me estou a ressentir, emocionalmente estou de rastos. Há dias, num seminário onde se tratava o tema da governação de políticas públicas, alguém falou de fadiga institucional. Não sofro de fadiga institucional mas de fadiga do Sporting. Ainda bem que vai entrar em ação o Fernando Santos!
Neste jogo, decidimos finalmente fazer pressão alta e impedir a saída da bola do Rio Ave, condicionando assim o jogo do adversário. O Rui Costa, por sua vez, condicionou o nosso condicionamento, encontrando umas falta aqui e ali em situações duvidosas e demorando sempre tanto a apitar que se fica na dúvida se não chega a demorar mais tempo que o próprio vídeo-árbitro. Sempre que o Rui Costa não nos condicionou, nós condicionámo-nos sem ajuda de ninguém, falhando golos atrás de golos. Embora não se disponha do Slimani, não se percebe a razão de não se fazer este tipo de pressão com as sucessivas equipas de pernetas que vêm jogar a Alvalade, sobretudo quando se joga com o Bruno Fernandes, o Battaglia e o William Carvalho no meio-campo.
Tanta tática e depois os golos acontecem pela pura e simples inteligência dos jogadores. No primeiro, o Piccini, como jogador italiano que se preza, aproveitou um lançamento lateral para apanhar os passarinhos da defesa do Rio Ave com as calças na mão. O Bruno Fernandes meteu de primeira para o Bas Dost que, de primeira também, deixou de calcanhar para o Gelson Martins. O Gelson Martis complicou tanto, mas tanto, que não só surpreendeu os defesas como o guarda-redes, colocando a bola cruzada junto ao poste, quando estava à espera que passasse para o lado ou voltasse para trás, como habitualmente. No segundo, o Coates taticamente fez tudo mal. Recuperou a bola, passou-a ao Acuña, desmarcou-se para a área e, ao entrar ao primeiro poste, obrigou um central a procurar marcá-lo, deixando o Bas Dost solto para receber o centro do Gelson Martins e a meter na baliza. Jogar com um avançado é uma forma de dar descanso a este tipo de defesas que joga mais recuado. Enquanto continuamos à procura do Téo perdido, vão-nos salvando estas desobediências do Coates.
Acabei este último parágrafo com os bofes de fora. Está tão comprido que ficamos sem ar ao lê-lo e muito mais a escrevê-lo. Parecia o Bruno Fernandes isolado e de frente para o Cássio a rematar ao poste. Voltamos ver-nos no próximo dia 30, contra o Braga. Continuamos a lutar em todas as frentes e por todos os títulos, como se vai dizendo até um dia se deixar de dizer.
Neste jogo, decidimos finalmente fazer pressão alta e impedir a saída da bola do Rio Ave, condicionando assim o jogo do adversário. O Rui Costa, por sua vez, condicionou o nosso condicionamento, encontrando umas falta aqui e ali em situações duvidosas e demorando sempre tanto a apitar que se fica na dúvida se não chega a demorar mais tempo que o próprio vídeo-árbitro. Sempre que o Rui Costa não nos condicionou, nós condicionámo-nos sem ajuda de ninguém, falhando golos atrás de golos. Embora não se disponha do Slimani, não se percebe a razão de não se fazer este tipo de pressão com as sucessivas equipas de pernetas que vêm jogar a Alvalade, sobretudo quando se joga com o Bruno Fernandes, o Battaglia e o William Carvalho no meio-campo.
Tanta tática e depois os golos acontecem pela pura e simples inteligência dos jogadores. No primeiro, o Piccini, como jogador italiano que se preza, aproveitou um lançamento lateral para apanhar os passarinhos da defesa do Rio Ave com as calças na mão. O Bruno Fernandes meteu de primeira para o Bas Dost que, de primeira também, deixou de calcanhar para o Gelson Martins. O Gelson Martis complicou tanto, mas tanto, que não só surpreendeu os defesas como o guarda-redes, colocando a bola cruzada junto ao poste, quando estava à espera que passasse para o lado ou voltasse para trás, como habitualmente. No segundo, o Coates taticamente fez tudo mal. Recuperou a bola, passou-a ao Acuña, desmarcou-se para a área e, ao entrar ao primeiro poste, obrigou um central a procurar marcá-lo, deixando o Bas Dost solto para receber o centro do Gelson Martins e a meter na baliza. Jogar com um avançado é uma forma de dar descanso a este tipo de defesas que joga mais recuado. Enquanto continuamos à procura do Téo perdido, vão-nos salvando estas desobediências do Coates.
Acabei este último parágrafo com os bofes de fora. Está tão comprido que ficamos sem ar ao lê-lo e muito mais a escrevê-lo. Parecia o Bruno Fernandes isolado e de frente para o Cássio a rematar ao poste. Voltamos ver-nos no próximo dia 30, contra o Braga. Continuamos a lutar em todas as frentes e por todos os títulos, como se vai dizendo até um dia se deixar de dizer.
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Rui Monteiro
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sexta-feira, 16 de março de 2018
Se é para ser assim, com o Paulo Bento fica mais barato
Ontem, contra o Viktoria Plzeň, aconteceu exactamente aquilo que o Jorge Jesus anunciou na conferência de imprensa: a equipa jogou em função dos pontos fortes do adversário, esquecendo-se dos seus pontos fracos e, sobretudo, dos seus próprios pontos fortes. Depois de se contratarem duzentos e cinquenta e oito defesas esquerdos e direitos, decidiu apostar novamente no David Luiz, isto é, no Battaglia a defesa direito, deixando dois defesas direitos no banco. Estando castigado o William Carvalho, meteu o Petrović na sua posição. É possível ganhar jogos apostando em jogar com dez. O Jorge Jesus tem provado essa possibilidade, sempre que mete umas tantas moscas mortas. Apesar de tudo, tem o cuidado de as meter na frente. Não é possível ganhar a jogar sem o guarda-redes, um dos centrais ou o trinco.
A táctica caiu por terra mal começou o jogo. Tanta preocupação com o jogo aéreo e as bolas paradas para se sofrer um golo na primeira cabeçada do adversário. Os veteranos das noites europeias leoninas antecipam uma sequela mal vêem o início do filme. Os falhanços do Bryan Ruiz e do Acuña foram as cenas seguintes, até se chegar ao segundo golo, com o meio-campo a acompanhar com os olhos a desmarcação de um adversário que centrou atrasado para remate de primeira, apanhando em contrapé o Rui Patrício. Foi necessário chegar-se a esta situação para o Jorge Jesus perceber que, embora também tenha quatro patas, um gato não é um cão ou, por outras palavras, um trinco é um trinco e um defesa direito é um defesa direito. Com a entrada do Piccini e, sobretudo, com o Battaglia a trinco a música passou a ser outra. A partir desse momento, não se deram mais abébias no meio-campo e o Sporting a custo foi empurrando o adversário para a sua área. Mas o clímax ficou guardado para os descontos, quando o Bas Dost falhou um “penalty”.
Quando se passa o que se passou, percebe-se que a eliminatória só pode ser ultrapassada com o coração, com a vontade, servindo de pouco as tácticas e as berrarias do treinador. Nestes momentos (da verdade), olha-se para dentro do campo e para a cara dos jogadores e tenta-se perceber quais deles têm dentro de si esse coração e essa vontade. Não havia muitos. Contei três: Montero, Coentrão e Battaglia. Esperava que fosse o Montero, pela sua posição no ataque, mas acabou por ser o Battaglia, a desviar de cabeça a bola para a baliza na sequência de um canto. Naquela altura, talvez fosse o único que ainda tivesse a força e o ânimo necessários para fazer aquele movimento com convicção. A partir daí, procurámos recuar e defender e não mais conseguimos controlar o jogo. Como sempre, nunca conseguimos controlar os jogos sem bola, valendo-nos o Rui Patrício e a descrença e cansaço dos adversários.
Tropeçámos mas não caímos. Desde Janeiro tem sido assim ou pior. Tropeçamos sempre mas nem sempre caímos (com excepção dos jogos contra o Estoril e o Porto). Os tropeções são directamente proporcionais à bazófia do Jorge Jesus. Houve um tempo em que, ironizando, ainda tentava encontrar alguma graça naquele ego do tamanho de um Antonov. Sem vento, os tropeções foram culpa agora do estado do relvado, do André Pinto e do Petrović. O treinador é único: reconhecido mundialmente por ter chegado a duas finais da Taça UEFA. Assim de cabeça, lembro-me de uma final com o Pesero e de uma meia-final com o Sá Pinto. Se me lembrar então que com o Paulo Bento disputámos quatro campeonatos até ao fim, ganhámos duas Taças de Portugal e duas Supertaças e conseguimos o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, contando com jogadores como o Polga, o Carriço, o Abel, o Pedro Silva, o Grimi, o Miguel Veloso, o Custódio, o Tiuí, o Djaló, o Bueno, o Farnerud, ou o Ronny, começo a ter saudades.
A táctica caiu por terra mal começou o jogo. Tanta preocupação com o jogo aéreo e as bolas paradas para se sofrer um golo na primeira cabeçada do adversário. Os veteranos das noites europeias leoninas antecipam uma sequela mal vêem o início do filme. Os falhanços do Bryan Ruiz e do Acuña foram as cenas seguintes, até se chegar ao segundo golo, com o meio-campo a acompanhar com os olhos a desmarcação de um adversário que centrou atrasado para remate de primeira, apanhando em contrapé o Rui Patrício. Foi necessário chegar-se a esta situação para o Jorge Jesus perceber que, embora também tenha quatro patas, um gato não é um cão ou, por outras palavras, um trinco é um trinco e um defesa direito é um defesa direito. Com a entrada do Piccini e, sobretudo, com o Battaglia a trinco a música passou a ser outra. A partir desse momento, não se deram mais abébias no meio-campo e o Sporting a custo foi empurrando o adversário para a sua área. Mas o clímax ficou guardado para os descontos, quando o Bas Dost falhou um “penalty”.
Quando se passa o que se passou, percebe-se que a eliminatória só pode ser ultrapassada com o coração, com a vontade, servindo de pouco as tácticas e as berrarias do treinador. Nestes momentos (da verdade), olha-se para dentro do campo e para a cara dos jogadores e tenta-se perceber quais deles têm dentro de si esse coração e essa vontade. Não havia muitos. Contei três: Montero, Coentrão e Battaglia. Esperava que fosse o Montero, pela sua posição no ataque, mas acabou por ser o Battaglia, a desviar de cabeça a bola para a baliza na sequência de um canto. Naquela altura, talvez fosse o único que ainda tivesse a força e o ânimo necessários para fazer aquele movimento com convicção. A partir daí, procurámos recuar e defender e não mais conseguimos controlar o jogo. Como sempre, nunca conseguimos controlar os jogos sem bola, valendo-nos o Rui Patrício e a descrença e cansaço dos adversários.
Tropeçámos mas não caímos. Desde Janeiro tem sido assim ou pior. Tropeçamos sempre mas nem sempre caímos (com excepção dos jogos contra o Estoril e o Porto). Os tropeções são directamente proporcionais à bazófia do Jorge Jesus. Houve um tempo em que, ironizando, ainda tentava encontrar alguma graça naquele ego do tamanho de um Antonov. Sem vento, os tropeções foram culpa agora do estado do relvado, do André Pinto e do Petrović. O treinador é único: reconhecido mundialmente por ter chegado a duas finais da Taça UEFA. Assim de cabeça, lembro-me de uma final com o Pesero e de uma meia-final com o Sá Pinto. Se me lembrar então que com o Paulo Bento disputámos quatro campeonatos até ao fim, ganhámos duas Taças de Portugal e duas Supertaças e conseguimos o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, contando com jogadores como o Polga, o Carriço, o Abel, o Pedro Silva, o Grimi, o Miguel Veloso, o Custódio, o Tiuí, o Djaló, o Bueno, o Farnerud, ou o Ronny, começo a ter saudades.
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Rui Monteiro
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quinta-feira, 15 de março de 2018
A importância da memória
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Gabriel Pedro
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quarta-feira, 14 de março de 2018
À atenção do Gabinete de Crise
O facto de o Benfica ter obtido zero pontos na Liga dos Campeões, perdendo com colossos do futebol mundial como o Basileia ou o CSKA e sofrendo quinze golos e marcando apenas um, pode ser considerado uma paródia?
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Rui Monteiro
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18:26
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terça-feira, 13 de março de 2018
Bas Dost, chutar a pensar e pensar em chutar
Não dispomos de uma estratégia de jogo. Dispomos, isso sim, de uma estratégia de sobrevivência. Sempre que possível, jogam os bons. Na sua ausência, jogam os assim-assim. Quando nem os assim-assim conseguem jogar, jogam os que nem assim-assim são. Depois do Coentrão e do Acuña, o Bruno César deixou-nos hoje, paz à sua alma, e entrou o Lumor. O Piccini não recuperou e o Ristovsky está com as costas empanadas, tendo de jogar o Battaglia. Não jogando o Battaglia e o Bruno Fernandes no meio-campo, entrou o Misic. O Montero jogou na frente apoiado pelo Bryan Ruiz, a fazer de Bruno Fernandes, e o Rúben Ribeiro encostou à direita a fazer de Acuña ou de Bryan Ruiz. Os resultados não parecem muito diferentes e as exibições também não.
Os bons, os assim-assim e os que nem assim-assim são, depois de uma lavagem ao cérebro de Jorge Jesus, começam a ficar todos iguais e a forma coletiva de jogar é muito semelhante, joguem uns ou outros. A bola é passada e repassada até chegar ao Gelson Martins. Nessa altura, o jogo acelera e o rapaz desembesta como se não houvesse amanhã até passar a bola a um colega de equipa. Esse colega pára para pensar e, quase sempre, decide que a jogada deve recomeçar, porque sim ou porque perdeu oportunidade. A primeira parte foi isto e mais o Nuno André Coelho que ainda nos quis fazer o favor de deixar em jogo, num primeiro momento, o Montero e, num segundo, o Gelson Martins. O Montero parou para pensar e não chutou, o Gelson Martins chutou sem pensar. Mesmo que o resultado seja o mesmo, prefiro os jogadores que chutam e não pensam aos que pensam e não chutam.
Só depois de entrar o Bas Dost quase e meio da segunda parte é que passámos a dispor de uma avançado que chuta e pensa de forma articulada no tempo. Na primeira oportunidade, depois de um cruzamento do Battaglia tirou as medidas à baliza. Na segunda, ainda antes de o Rúben Ribeiro saber o que ia fazer já ele o sabia e desmarcou-se para a encostar ao segundo poste no meio de três adversários. Na terceira, o Battaglia fez de Slimani e só precisou de fazer um passe para a baliza. O Chaves esteve sempre na expetativa até se ver a perder. Carregou na parte final do jogo e nós tivemos as dificuldades habituais de controlar o jogo com posse de bola. Levámos com o “penalty” da ordem. Há mais fita do que falta, mas o Coates não precisava de ter metido o braço. Como o jogo acabou pouco depois, de certa forma até se pode afirmar que ganhámos folgadamente.
Acabada esta jornada, importa enterrar os mortos e tratar dos feridos que quinta-feira há mais. Os que se conseguirem deslocar pelos seus próprios meios, embarcam para Plzeň. Pelas minhas contas, ainda temos onze para esse jogo. Os que sobreviverem regressam de imediato e se algum dos feridos se recompuser pode ser que se arranjem onze jogadores outra vez para se jogar no domingo contra o Rio Ave. Pelos vistos não se podem adiar jogos sempre que a seleção se pretenda preparar para uma peladinha qualquer.
Os bons, os assim-assim e os que nem assim-assim são, depois de uma lavagem ao cérebro de Jorge Jesus, começam a ficar todos iguais e a forma coletiva de jogar é muito semelhante, joguem uns ou outros. A bola é passada e repassada até chegar ao Gelson Martins. Nessa altura, o jogo acelera e o rapaz desembesta como se não houvesse amanhã até passar a bola a um colega de equipa. Esse colega pára para pensar e, quase sempre, decide que a jogada deve recomeçar, porque sim ou porque perdeu oportunidade. A primeira parte foi isto e mais o Nuno André Coelho que ainda nos quis fazer o favor de deixar em jogo, num primeiro momento, o Montero e, num segundo, o Gelson Martins. O Montero parou para pensar e não chutou, o Gelson Martins chutou sem pensar. Mesmo que o resultado seja o mesmo, prefiro os jogadores que chutam e não pensam aos que pensam e não chutam.
Só depois de entrar o Bas Dost quase e meio da segunda parte é que passámos a dispor de uma avançado que chuta e pensa de forma articulada no tempo. Na primeira oportunidade, depois de um cruzamento do Battaglia tirou as medidas à baliza. Na segunda, ainda antes de o Rúben Ribeiro saber o que ia fazer já ele o sabia e desmarcou-se para a encostar ao segundo poste no meio de três adversários. Na terceira, o Battaglia fez de Slimani e só precisou de fazer um passe para a baliza. O Chaves esteve sempre na expetativa até se ver a perder. Carregou na parte final do jogo e nós tivemos as dificuldades habituais de controlar o jogo com posse de bola. Levámos com o “penalty” da ordem. Há mais fita do que falta, mas o Coates não precisava de ter metido o braço. Como o jogo acabou pouco depois, de certa forma até se pode afirmar que ganhámos folgadamente.
Acabada esta jornada, importa enterrar os mortos e tratar dos feridos que quinta-feira há mais. Os que se conseguirem deslocar pelos seus próprios meios, embarcam para Plzeň. Pelas minhas contas, ainda temos onze para esse jogo. Os que sobreviverem regressam de imediato e se algum dos feridos se recompuser pode ser que se arranjem onze jogadores outra vez para se jogar no domingo contra o Rio Ave. Pelos vistos não se podem adiar jogos sempre que a seleção se pretenda preparar para uma peladinha qualquer.
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Rui Monteiro
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09:00
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sexta-feira, 9 de março de 2018
Uma ideia clinicamente possível
O Viktoria Plzeň entrou desconfiado. Tinham ouvido falar da ideia de jogo do Jorge Jesus e suspeitaram o pior, em particular quando viram o Montero a ponta-de-lança. Só como ideia se imagina o Montero sozinho na frente. Mas a ideia era mesmo essa, fazer crer que se tem uma ideia e, depois, jogar com aqueles que ainda não faleceram como se isso decorresse dessa ideia e não de uma fatalidade.
Demoraram cerca de sessenta minutos a perceber a ideia e só a perceberam quando viram que mesmo os que não tinham falecido também não estavam com boa cara. Começaram a pensar que correr, atacar e meter os maiores que tinham na frente podia ser uma boa ideia. Pelo menos, uma ideia melhor do que a de continuarem a assistir ao autêntico recital de futebol do Bruno Fernandes. A ideia foi boa e só não deu em golos por alguma falta de jeito. Devem estar a pensar por que razão esta ideia não lhe veio à cabeça mais cedo, pois, até chegarem a esta ideia, tivemos tempo para marcar dois golos.
No primeiro, o Coentrão ganhou a bola e correu com as forças que tinha até ao ataque sem que ninguém se desmarcasse para lado algum. Não desanimou e passou a bola ao Bryan Ruiz, que estava parado, e desmarcou-se ele próprio para dentro da área, contrariando a movimentação habitual do Zeegelaar de se embrulhar em meio metro quadrado com o Bryan Ruiz e que tantas saudades nos deixou. O Bryan Ruiz, que parado consegue sempre os seus melhores momentos, picou a bola por cima de uma adversário para a devolver ao Coentrão que, mesmo correndo o risco de se desatarraxar todo, meteu de primeira para o meio, apanhando o Montero parado. Estando parado, o sangue de barata que lhe corre nas veias permite-lhe marcar golos com a frieza de um veterano italiano.
No segundo, o Bruno Fernandes recupera uma bola na zona frontal, avança com ela e passa-a ao Montero, esperando a tabelinha mais à frente para ficar cara-a-cara com o guarda-redes e marcar golo. O Montero, com o ego em alta, resolveu fazer tudo mal e tão mal foi fazendo que, às páginas tantas, não lhe restava outra alternativa que não fosse desfazer-se da bola a qualquer preço. O sangue de barata ou a sorte permitiu-lhe um passe para a baliza meio de bico, metendo a bola junto ao poste. O Bruno Fernandes, que estava preparado para lhe ralhar, acabou por perdoar tudo, com a promessa de nunca mais voltar a fazer uma coisa como aquela.
Os jogadores do Viktoria Plzeň com esse segundo golos tiveram a epifania que descrevi e desataram a tentar marcar golos. A cada investida, a defesa ia cedendo mais um pouco, valendo-nos o cabedal do Coates e o nervo do Mathieu e do Coentrão. Pedia-se aquilo que autores clássicos como o Alves dos Santos ou o Gabriel Alves conceptualizaram como o refrescamento da equipa. O Acuña foi o primeiro a sair. Foi uma opção lúcida do Jorge Jesus: como não pode jogar contra o Chaves, nada melhor do que o poupar. Depois ficou a dúvida se não queria tirar antes o Coentrão quando o substituiu mais tarde pelo Rúben Ribeiro. A coisa estava a ficar tão feia que até a entrada do Rúben Ribeiro constituiu um refrescamento. Aguentámos até ao fim e podíamos mesmo ter marcado um golo quando o Mathieu sprintou quase o campo todo para morrer ao pé da praia. Se o Varandas conseguir apanhar as pulsações a onze jogadores, pode ser que na República Checa se resolva o problema.
Demoraram cerca de sessenta minutos a perceber a ideia e só a perceberam quando viram que mesmo os que não tinham falecido também não estavam com boa cara. Começaram a pensar que correr, atacar e meter os maiores que tinham na frente podia ser uma boa ideia. Pelo menos, uma ideia melhor do que a de continuarem a assistir ao autêntico recital de futebol do Bruno Fernandes. A ideia foi boa e só não deu em golos por alguma falta de jeito. Devem estar a pensar por que razão esta ideia não lhe veio à cabeça mais cedo, pois, até chegarem a esta ideia, tivemos tempo para marcar dois golos.
No primeiro, o Coentrão ganhou a bola e correu com as forças que tinha até ao ataque sem que ninguém se desmarcasse para lado algum. Não desanimou e passou a bola ao Bryan Ruiz, que estava parado, e desmarcou-se ele próprio para dentro da área, contrariando a movimentação habitual do Zeegelaar de se embrulhar em meio metro quadrado com o Bryan Ruiz e que tantas saudades nos deixou. O Bryan Ruiz, que parado consegue sempre os seus melhores momentos, picou a bola por cima de uma adversário para a devolver ao Coentrão que, mesmo correndo o risco de se desatarraxar todo, meteu de primeira para o meio, apanhando o Montero parado. Estando parado, o sangue de barata que lhe corre nas veias permite-lhe marcar golos com a frieza de um veterano italiano.
No segundo, o Bruno Fernandes recupera uma bola na zona frontal, avança com ela e passa-a ao Montero, esperando a tabelinha mais à frente para ficar cara-a-cara com o guarda-redes e marcar golo. O Montero, com o ego em alta, resolveu fazer tudo mal e tão mal foi fazendo que, às páginas tantas, não lhe restava outra alternativa que não fosse desfazer-se da bola a qualquer preço. O sangue de barata ou a sorte permitiu-lhe um passe para a baliza meio de bico, metendo a bola junto ao poste. O Bruno Fernandes, que estava preparado para lhe ralhar, acabou por perdoar tudo, com a promessa de nunca mais voltar a fazer uma coisa como aquela.
Os jogadores do Viktoria Plzeň com esse segundo golos tiveram a epifania que descrevi e desataram a tentar marcar golos. A cada investida, a defesa ia cedendo mais um pouco, valendo-nos o cabedal do Coates e o nervo do Mathieu e do Coentrão. Pedia-se aquilo que autores clássicos como o Alves dos Santos ou o Gabriel Alves conceptualizaram como o refrescamento da equipa. O Acuña foi o primeiro a sair. Foi uma opção lúcida do Jorge Jesus: como não pode jogar contra o Chaves, nada melhor do que o poupar. Depois ficou a dúvida se não queria tirar antes o Coentrão quando o substituiu mais tarde pelo Rúben Ribeiro. A coisa estava a ficar tão feia que até a entrada do Rúben Ribeiro constituiu um refrescamento. Aguentámos até ao fim e podíamos mesmo ter marcado um golo quando o Mathieu sprintou quase o campo todo para morrer ao pé da praia. Se o Varandas conseguir apanhar as pulsações a onze jogadores, pode ser que na República Checa se resolva o problema.
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Rui Monteiro
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08:30
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segunda-feira, 5 de março de 2018
Sem desculpa(s)
Hoje, um amigo meu, portista, jurou-me a pé juntos que o Diogo Dalot nem tocou no Doumbia. Admiti que um adepto só considera que existe “penalty” contra a sua equipa quando o jogador adversário, vítima de qualquer falta, acabe por morrer dentro da área. Admiti também que um adepto considera que existe “penalty” a favor da sua equipa sempre que não se remate com êxito à baliza, bastando para tal a simples intenção dos jogadores adversário se mexerem dentro da área provocando deslocação de ar. Enfim, disse-lhe que os amigos não discutem arbitragens, sob o risco de o deixarem de ser.
O problema não é o que cada um de nós, portistas ou sportinguistas, pensa que aconteceu, mesmo tendo visto a mesma coisa. O problema é o que pensa o árbitro e a coerência desse pensamento durante o jogo e ao longo de vários jogos. Contra o Feirense, o vídeo-árbitro viu, mal, uma falta que supostamente antecedeu o passe para o Doumbia e o respetivo golo, tendo o árbitro validado essa indicação. Contra o Moreirense o quarto árbitro viu uma falta do Petrovic que ninguém viu, incluindo o árbitro, tendo, mesmo assim, validado essa indicação. Contra o Porto, o vídeo-árbitro viu o “penalty” a favor do Sporting, não tendo o árbitro validado essa indicação. Só existe uma coerência possível: os árbitros validam ou não validam as indicações dos seus auxiliares, sejam eles o quarto árbitro ou o vídeo-árbitro, em função das cores das camisolas nos jogos do Sporting.
É por estas e por outras que vou desculpando as sucessivas direções e treinadores do Sporting, não fugindo o Jorge Jesus a esse permanente exercício de contemporização. O Jorge Jesus não nasceu ontem e sabe tudo isto melhor do que qualquer um de nós, mas quase nunca o denuncia, afirmando sempre a sua capacidade para, por si só, levar o Sporting ao título nacional desde que lhe satisfaçam aquelas que ele considera ser as suas necessidades. Por isso, o julgamento sobre o trabalho do Jorge Jesus tem de ser feito nos exatos termos que ele próprio definiu. Três anos depois, não conseguiu o título nacional e só numa época o disputou até ao fim. Ou é ele o culpado ou então é culpado quem não lhe satisfez as necessidades.
(Disse a esse amigo meu que, como passavam a estar em confronto direto exclusivamente com o Benfica, os dados iam ser lançados outra vez. Tinham a experiência do jogo do Dragão, para amostra. Embora sendo um problema deles que nada me diz respeito, disse-lhe que me evitasse nova choradeira quando fossem à Luz ou quando se atravessasse no caminho um Artur Soares Dias qualquer)
O problema não é o que cada um de nós, portistas ou sportinguistas, pensa que aconteceu, mesmo tendo visto a mesma coisa. O problema é o que pensa o árbitro e a coerência desse pensamento durante o jogo e ao longo de vários jogos. Contra o Feirense, o vídeo-árbitro viu, mal, uma falta que supostamente antecedeu o passe para o Doumbia e o respetivo golo, tendo o árbitro validado essa indicação. Contra o Moreirense o quarto árbitro viu uma falta do Petrovic que ninguém viu, incluindo o árbitro, tendo, mesmo assim, validado essa indicação. Contra o Porto, o vídeo-árbitro viu o “penalty” a favor do Sporting, não tendo o árbitro validado essa indicação. Só existe uma coerência possível: os árbitros validam ou não validam as indicações dos seus auxiliares, sejam eles o quarto árbitro ou o vídeo-árbitro, em função das cores das camisolas nos jogos do Sporting.
É por estas e por outras que vou desculpando as sucessivas direções e treinadores do Sporting, não fugindo o Jorge Jesus a esse permanente exercício de contemporização. O Jorge Jesus não nasceu ontem e sabe tudo isto melhor do que qualquer um de nós, mas quase nunca o denuncia, afirmando sempre a sua capacidade para, por si só, levar o Sporting ao título nacional desde que lhe satisfaçam aquelas que ele considera ser as suas necessidades. Por isso, o julgamento sobre o trabalho do Jorge Jesus tem de ser feito nos exatos termos que ele próprio definiu. Três anos depois, não conseguiu o título nacional e só numa época o disputou até ao fim. Ou é ele o culpado ou então é culpado quem não lhe satisfez as necessidades.
(Disse a esse amigo meu que, como passavam a estar em confronto direto exclusivamente com o Benfica, os dados iam ser lançados outra vez. Tinham a experiência do jogo do Dragão, para amostra. Embora sendo um problema deles que nada me diz respeito, disse-lhe que me evitasse nova choradeira quando fossem à Luz ou quando se atravessasse no caminho um Artur Soares Dias qualquer)
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Rui Monteiro
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sábado, 3 de março de 2018
Decisões certas sem ordem certa
O futebol é mesmo assim: ganha quem marca mais. Não nos podemos queixar a não ser de nós próprios. Falhar um “penalty” aos quinze minutos e sofrer dois golos a jogar contra dez jogadores do Porto o resto do tempo são coisas que não se explicam e muito menos se perdoam. Não se aceitam desculpas da arbitragem: umas vezes o árbitro, outras o vídeo-árbitro e outras ainda o quarto árbitro acertam, só não acertam pela ordem certa.
Esta parte final do campeonato tem vários motivos de interesse. Enquanto o Sporting estava na luta pelo campeonato, o Benfica jogava contra dois candidatos. Agora fica o que enviou os emails e o que tem esses emails, embora este imbróglio esteja razoavelmente abafado. Sem emails e sem o Sporting, como é que vai ser agora? Ganha quem jogar melhor?
Esta parte final do campeonato tem vários motivos de interesse. Enquanto o Sporting estava na luta pelo campeonato, o Benfica jogava contra dois candidatos. Agora fica o que enviou os emails e o que tem esses emails, embora este imbróglio esteja razoavelmente abafado. Sem emails e sem o Sporting, como é que vai ser agora? Ganha quem jogar melhor?
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Rui Monteiro
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