terça-feira, 11 de agosto de 2015

Reviver o Passado em Brideshead

A débacle do Sporting, que começou com o Bettencourt e culminou com o Godinho Lopes, tem um responsável principal: Jorge Jesus. No início da década anterior tínhamos ganhado dois campeonatos. Com o Paulo Bento, na segunda metade da década, passámos a disputar o campeonato com o Porto até ao fim, ficando, com mais ou menos gamanço à mistura, sempre em segundo lugar. Pelo caminho, ganhávamos umas Taças de Portugal.

Não imaginávamos o Sporting sem o Paulo Bento. Eram os tempos do Paulo Bento “forever”. A ambição era contida e as contratações também. Ir à Liga dos Campeões era o único objetivo; porque os objetivos eram estritamente financeiros e de curto prazo.

Com a chegada do Jorge Jesus ao Benfica tudo mudou e mudou desde o início. Prometeu por os jogadores a jogar o dobro e assim fez. Ganhou jogos atrás de jogos, quase sempre de goleada. De repente, percebemos que o nosso modo de vida não bastava. Iniciámos a nossa fuga em frente, que só terminou na época em que ficámos em sétimo lugar.

Vieram o Pongolle, o Torsiglieri, o Zapater, o Boulahrouz, o Xandão, o Pranjic, o Gelson Fernandes, o Turan, o Jeffrén, o Bojinov e o Ribas. Contratámos o Carvalhal, o Paulo Sérgio, o Couceiro, o Domingos, o Sá Pinto, o Oceano, o Vercauteren e o Jesualdo. A vertigem impedia-nos de pensar. Descíamos aos infernos, enquanto nos prometiam o céu. Um dia batemos no fundo, embora no dia anterior ainda nos prometessem amanhãs que cantam, ao mesmo tempo que se vendiam jogadores para se pagarem salários.

Com a saída do Jorge Jesus do Benfica e a sua chegada ao Sporting, os nossos vizinhos da segunda circular correm sérios riscos de reviver este nosso passado recente. Ou o Rui Vitória é o que não parece ser - um treinador de equipa grande – ou então vem tudo por água abaixo. A pressão sobre o treinador e, principalmente, o Luís Filipe Vieira vai aumentar. A desorientação está ao virar da primeira esquina. O Mitroglou e o Jiménez podem constituir o início da fuga para a frente.

5 comentários:

  1. Concordo com a visão de que o crescimento súbito levado a cabo por JJ no SLB foi o início do nosso recente descalabro, tendo abalado a confiança dos adeptos, contagiando todos os outros sectores do clube.

    Não deixa de ser curiosa outra coisa:
    em Janeiro de 2010, incomodados por verem-se ultrapassados pela equipa de JJ, o Sporting compra um flop do Atl. Madrid por 6.5M

    5 anos depois, incomodados por verem-se ultrapassados pela equipa de JJ, o SLB compra um flop do Atl. Madrid por 9M (50% do passe)

    não quero estar a tentar profetizar que o jimenez seja mau nem bom, porque não conheço (e, infelizmente, é quase impossível não se fazer melhor que pongolle), mas a semelhança dos processos é curiosa.


    já agora, convido-vos a visitarem o nosso novo espaço - http://ocalcanhardoxandao.blogspot.pt/ - há matrecos!
    SL e continuem com o bom trabalho

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  2. Analisando exclusivamente o que foi a gestão do futebol do Sporting, o raciocínio parece-me correctíssimo, tal como me parece nada longe da realidade a previsão do futuro próximo do Benfica, caso Rui Vitória não vingue. Porém, para mim, o desastre financeiro e de gestão desportiva em que se atolou, no final, o Projecto Roquette não foi o pior dos males que este nos trouxe. Mais perigoso e mais prejudicial foi a decadência moral que implicou a tentativa de refundação "espiritual", digamos assim, do Sporting, afastando-o daquilo que foi e deve ser, um clube associativo popular, e transformando-o numa coutada de privilégio distante dos sócios e adeptos, mais próxima do Campo Grande Football Club que do SCP. Julgo que o entusiasmo que a grande massa de sportinguistas demonstram actualmente pelo clube tem tanto a ver com os bons resultados desportivos e financeiros quanto com a recuperação dessa matriz de clube associativo e popular, dos sócios e adeptos, para os sócios e adeptos.

    PS: Sendo a primeira vez que comento neste espaço, aproveito para elogiar a fineza dos textos, o humor e a argúcia do pensamento. Sempre paragem obrigatória aqui para o rapaz.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Lapidar. Há muito tempo que defendo que o benfica de JJ foi a morte do artista para o Sporting de Paulo Bento. Nao sei bem se foi o facto de, repentinamente, o rival da 2a circular passar a entrar nas contas (porque, convenhamos, o período áureo Bentista deveu-se e muito à ausencia de qualquer outra equipa capaz de dar luta ao fcp de Jesualdo Ferreira), se a exuberancia futebolística que a equipa de JJ revelou logo na primeira temporada (lembro-me de um jogo contra o Setúbal que ganharam por 8-0 no galinheiro e que selou o destino de um muito promissor treinador da altura chamado Carlos Azenha, de quem se dizia poder ser um novo Mourinho...). Mas é um facto que a temporada 2009-10 comecou em grande para o carnide e muito mal para nós. Depois de ficarmos fora da fase de grupos da Champions (nos golos fora, contra a Fiorentina) e um empate contra uma equipa da Letónia (Ventspils!) na fase de grupos da Liga Europa, o único garante de uma classificacao final entre os 3 primeiros (o Bentinho) foi-se. E viemos por aí abaixo. O Carvalhal ainda deu um ar da sua graca naquele jogo em casa contra o Everton que trucidámos por 3-0, mas terminámos em 4. a 28 (vinte e oito!!) pontos do primeiro. Mau demais.

    Nao haveria maior (e mais sublime) ironia do que JJ despoletar semelhante hecatombe nos rivais. Confesso que me daria muito gozo.

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  5. Boa tarde!

    Passem pelo meu blogue e leiam o meu artigo, cujo título é 'As dores de cabeça de Jorge Jesus'

    http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/as-dores-de-cabeca-de-jorge-jesus.html

    Depois dêem o vosso feedback leonino.

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