quinta-feira, 21 de maio de 2015

Com sete letras apenas se escreverá a história no sábado

Confesso: sou um frustrado jogador de andebol. Não desejei ser polícia nem bombeiro. Só jogador de andebol. Tentei. Errei, errei sempre. Nunca errei melhor.

Ver o Sporting em andebol deixa-me tão empolgado como a ver futebol. Tenho uma camisola autografada do Hugo Rocha de quando ganhámos a Challenge Cup. Pedi-a à mãe dele, que é minha colega. Andei com ela vestida durante todo o dia de trabalho.

Ver hoje o Sporting contra o Porto quase me levou às lágrimas. Os do Porto são melhores; só entravam de caras naquela equipa o Rui Silva e o Pedro Portela. Têm muito mais alternativas. São mais altos a mais forte. Têm um treinador extraordinário.

 Mas eles tremeram. Tremeram no primeiro jogo, mas o Gilberto Duarte resolveu. Passearam-se no segundo. No terceiro, secámos o Gilberto Duarte e eles não encontraram alternativas fiáveis. Hoje inventaram o Yoel Cuni Morales. Surpreendeu-nos até acabar com tiros de pólvora seca. O Gilberto Duarte ainda resolveu na primeira parte do prolongamento, mas não demos hipóteses na segunda. Não sofremos um único golo.

Não temos o Quintana, não temos jogadores tão altos e tão fortes, mas defendemos admiravelmente. Sobretudo fomos encontrando diferentes variantes, que surpreenderam o adversário.

No ataque é que não estamos tão bem. Não temos poder de fogo de primeira linha. O 6x0 do Porto parece sempre chegar para as encomendas. Nas transições rápidas e nos contra-ataques ainda fazemos alguma mossa. Temos que jogar em permanentes trocas de bola e de posição, com a primeira linha em cima da defesa e, por isso, no limite do erro. O Bruno Moreira não consegue bloquear o deslocamento da defesa. Tudo é conseguido com muito esforço. Às vezes parece que rematamos de olhos fechados. E necessário temporizar, deixar o Quintana definir-se e rematar melhor.

E Sábado? Se o andebol fosse matemática, estávamos arrumados. Felizmente não é. Se a defesa continuar assim, eles vão tremer. A defesa pode-nos manter em jogo, gerando menos pressão para marcar no ataque. Se assim for, vai ser taco a taco. No final ganhará quem tiver os jogadores com coragem para decidir bem nos momentos decisivos. Hoje, foram o Spínola e o Portela, nos sete metros.

11 comentários:

  1. Não me parece que o nosso plantel seja assim tão mais fraco que o do FCP. Além dos 2 nomes referidos vejo Carol e Magalhães a terem lugar no plantel do FCP. Penso até que com Gilberto Duarte de verde e branco à muito que o titulo estava fechado.

    SL

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    1. Meu caro,

      Não disse que os jogadores são "tão mais fracos". Se fossem "tão mais fracos" não ganhavam ao Porto. A defesa do Sporting é de tal maneira competente que até parece que os jogadores do Porto não são tão bons como são.

      SL

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    2. São interpretações ou então definições que damos às palavras: "Os do Porto são melhores; só entravam de caras naquela equipa o Rui Silva e o Pedro Portela. Têm muito mais alternativas" parece-me o mesmo que dizer que o nosso plantel tem muito menos soluções que o deles, e como referi não o acho. Penso que Magalhães, Carol, Rui Silva, Portela, Spínola e até Solha teriam lugar no plantel do FCP.

      Mas é apenas a minha interpretação e opinião, que vale o que vale!

      Como já referi com Gilberto ou Obradovic de verde e branco o titulo já esta atribuido...

      SL

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  2. Tenho visto todos os jogos fico com a sensação que o SCP perdeu uma oportunidade de ouro num dos jogos no Dragão em que teve 4 golos de vantagem. Aí, sim, penso que a equipa tremeu. O FCP tem, de facto, uma qualidade individual e colectiva impressionante. Diria que é a única equipa que joga "à europeia".
    Se o SCP conseguir voltar a controlar o marcador no Dragão, sem vacilar, será um feito absolutamente extraordinário. E não é por a qualidade dos jogadores do SCP ser má. Longe disso. É porque o FCP tem mesmo soluções de altíssima qualidade.
    Aliás, as duas equipas estão num nível muito acima das restantes em Portugal. Apenas a qualidade do trabalho do ABC atenua as diferenças.
    Palavra de benfiquista.
    Saudações de um amante do andebol,
    Nuno

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    1. Caro Nuno,

      A equipa do Sporting é boa à escala nacional. A do Porto é magnífica. No primeiro jogo, cheguei a acreditar que eramos capazes de ganhar. Faltaram pernas e capacidade para parar o Gilberto Duarte na parte final do jogo.

      Se a defesa do Sporting continuar a altíssmo nível, pode ser que se consiga manter um resultado equilibrado. Se assim for, quem errar menos ganha.

      Um abraço.

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  3. Não gosto mesmo nada de andebol, mas adorei o texto. Até me deu vontade de ver o 5.º jogo. SL!

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  4. Rui Monteiro texto fantástico! gosto muito de andebol mas "entendo" pouco do jogo, não sei o que as equipas têm de fazer ou mudar para ser melhores que o adversário. Nunca soube o que faltava ao Sporting para se aproximar do Porto, mas gostei do trabalho que tem vindo a ser feito de há 4 anos para cá, muito sustentado.

    isto para dizer que no outro dia apercebi-me que ao meu lado estava a mãe da pessoa que me fez gostar de andebol, Ricardo Andorinho, não pude deixar de dar os parabéns por um dos melhores jogadores portugueses de sempre.

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    1. Meu caro,

      A qualidade individual conta sempre. No andebol, ser alto, forte e ter uma mão grande ajuda. Agora, quase sempre se ganha na defesa. É por isso que acredito que o Sporting ainda pode fazer uma surpresa.

      O Ricardo Andorinho foi um dos meus heróis também. No andebol, os espetadores tradicionais são muito diferentes. São uma grande família. Costumo ir ver o ABC aqui em Braga. O ambiente é magnífico.

      SL

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  5. Caro Rui, "espetadores" é outra coisa! Certamente referia-se a quem assiste aos jogos e esses são "espectadores". O "c" continua a ser pronunciado, logo deve ter grafia.

    Quanto ao andebol, é o meu 2º desporto. Joguei federado e continuo um apaixonado pela modalidade.

    Ontem salvámo-nos no último segundo, depois aconteceu o mesmo ao FCP e no final...

    Abraço!

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    1. Meu caro,

      Tenho muitas dúvidas. O "c" serve para abrir a vogal ("e"), não se lê propriamente. Sendo muda a consoante, tenho dúvidas. No limite pode-se escrever das duas maneiras.

      Não vi o jogo todo. Só vi a parte final do segundo prolongamento. Revi algumas partes também. Aconteceu o que esperava. Conseguimos manter o jogo em aberto. Depois, quem tem melhores jogadores e está mais fresco pode decidir melhor em momentos cruciais.

      Estou com o treinador e percebo o que ele diz. Era sempre muito difícil ganhar. Sem o Francis, o Rui Silva e o Pedro Solha era quase impossível. O Porto é melhor, mas o Sporting não foi inferior nesta final. Alguém tinha de ganhar.

      SL

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