O jogo de hoje, contra o Moreirense, gera “mixed feelings”. A primeira sensação é de desperdício. Esta época podia ter sido bem diferente se não tivéssemos consentido empates disparatados em casa contra equipas medíocres. A segunda é que, mesmo goleando, deixámos sempre o jogo e o resultado em aberto.
Só vi a segunda parte, no Flávio, como sempre. Ouvi o relato da primeira, enquanto regressava a casa. Do que vi e ouvi, tem-se a sensação de já se ter visto este filme mais vezes. Com a bola nos pés, parecemos estar a jogar uma peladinha com os amigos. Ninguém joga fácil. Todos jogam para a nota artística. Não se congela o jogo. Joga-se sempre para a frente. Quando perdemos a bola, fica o William Carvalho com as despesas do meio-campo e uma defesa à beira de um ataque de nervos.
Jogámos de forma agradável. Fizemos jogadas espectaculares. O Montero marcou um golo só a alcance dos predestinados (ainda bem que estava de costas para a baliza; se estivesse de frente e fosse fácil o mais provável é que acabasse por falhar). As coisas correram bem, tão bem, que até o Capel fez um cruzamento para mais um golo do Montero. O Nani procura incessantemente um golo que possa passar na Eurosport. Não vê os colegas e as suas desmarcações. Não vê mais nada a não ser a si próprio numa moldura a marcar o golo da época.
O pior, como disse, é quando perdemos a bola. A rapaziada do Moreirense teve sempre todo o espaço do mundo para atacar. Tiveram oportunidades. Tiveram inúmeros remates à entrada e dentro da área. Atiraram para a bancada. É normal. O jeito não dá para mais. O problema é se acertam, e às vezes acertam. Deixámos que o jogo estivesse permanentemente dividido, mesmo com uma vantagem confortável.
É agradável ver jogar o Sporting. É ainda mais agradável quando as coisas correm bem, como hoje. Mas não sei se uma equipa de futebol é isto. Não basta jogar bem à bola. É necessário compromisso e solidariedade. O compromisso e a solidariedade é que fazem de um conjunto de jogadores uma equipa e uma equipa vê-se a defender, vê-se nos momentos difíceis. Nem sempre vimos o Sporting a defender bem. Nem sempre vimos o Sporting a superar-se nos momentos difíceis.
Excelente análise, partilho exatamente da tua opinião. Falta compromisso e solidariedade para darmos um passo mais sério.
ResponderEliminarMeu caro,
EliminarPara mim, esse é o ponto. Uma equipa para ser campeã, como demonstraram os nossos jogadores no hóquei, tem de se superar. Para isso tem de existir um enorme compromisso entre os jogadores e entre estes e a equipa técnica. Não sei se existe esse compromisso na dimensão desejável para darmos um passo em frente.
SL
Caro Rui
ResponderEliminarO jogo de ontem foi agradável de se ver e um interessante caso de acontecimentos estatisticamente improváveis. Sinceramente não sei o que é mais estranho:
(1) se o Montero finalmente marcar um golo fácil de cabeça após um cruzamento milimétrico do Capel; ou
(2) se, depois de uma longa sequência de golos mal anulados por alegado fora-de-jogo ao Sporting, ter sido a vez dos nossos adversários sofrerem com uma inexplicável alucinação de um árbitro assistente.
Acho que são mistérios que quase só acontecem quando se joga a feijões, mas que podem levar a pensar se falta mesmo apenas compromisso e solidariedade ou se falta também algo mais.
SL
Caro João,
EliminarÉ verdade, embora também me pareça que há falta sobre o Paulo Oliveira no lance do golo. Independentemente disso, o Paulo Oliveira foi um passarinho. O golo anulado ao Moreirense é uma estupidez.
O que me impressionou no Montero não foi o primeiro golo. Esse foi difícil. Os difíceis ele marca. O que não marca são os fáceis, como o segundo. A probabilidade de marcar de cabeça naquele lance, ainda para mais com um centro do Capel, é um autêntico Cisne Negro.
Um abraço