Imagine que… você
é adepto de um histórico clube oriundo de um outro País que ama o futebol. O
seu clube não ganha o campeonato há mais de quatro décadas e é conhecido pelos
seus altos e baixos – tão depressa ganha o campeonato, como na época seguinte desce
de divisão, marca e sofre 100 golos no mesmo campeonato, etc. Nesse período, o
principal rival do seu clube, oriundo da mesma cidade, ganhou quase tudo o que havia
para ganhar ao nível nacional e internacional, passando mesmo a ser a equipa
que venceu mais campeonatos no País. Mesmo assim, o seu clube tem mais adeptos
na cidade de origem do que o seu rival histórico.
Imagine que em 2012 … o seu clube, reforçado por um conjunto de estrelas
planetárias, está finalmente em posição de vencer o campeonato, chegando a ter 8
pontos de avanço em fase adiantada da competição. Porém, você fica em desespero
quando, depois de diversos percalços - entre os quais uma quase inimaginável eliminação
da Liga Europa às mãos de um fantástico Sporting, o seu clube tem uma queda abrupta
no campeonato, passando a ter 8 pontos de atraso – ainda por cima do seu
principal rival da mesma cidade - a cerca de 5 jornadas do fim. E, depois, de
um momento para o outro, tudo se altera novamente - o seu clube histórico aproveita uma quebra do
seu principal rival e atinge a jornada final com o mesmo número de pontos, mas com
vantagem no goal average.
Imagine agora que… nesse último jogo o seu clube, para terminar com um
jejum de mais de 4 décadas, tem que vencer uma equipa que ainda luta desesperadamente
para não descer de divisão. Contudo, desde cedo o seu principal rival na luta
para o campeonato ganha vantagem no outro jogo disputado à mesma hora. Entretanto,
já perto do intervalo, tudo fica mais tranquilo, quando o seu clube também
marca e parece caminhar para a desejada vitória. No entanto, após o intervalo,
tudo de altera – o seu adversário luta desesperadamente para evitar a descida
de divisão e acaba por empatar. Logo de seguida, contudo, “dá a louca” habitual
a um dos principais jogadores da equipa adversária, sendo expulso por agressão
e provocando múltiplos desacatos, Mesmo assim, o adversário vai sobrevivendo
com 10 jogadores e, de repente, o cenário de pesadelo - sem saber ler nem
escrever, consegue mesmo passar para a frente do marcador. Os dois jogos vão-se
aproximando assim rapidamente do fim, com o rival histórico do seu clube cada
vez mais próximo do seu 20º campeonato. Já nos descontos, porém, o seu clube lá
consegue o empate, que no entanto de nada lhe valeria, pois o seu rival já
havia vencido o jogo que disputava. Por fim, praticamente na última jogada do
tempo de descontos, o seu clube, num desesperado tudo por tudo, marca mesmo o seu
golo mais importante das últimas quatro décadas e, sobre a linha de meta, acaba
por se sagrar… campeão!!!
Como diria John Cleese, os adeptos do City conseguem lidar
bem com o desespero, mas era a esperança que os ia matando…
Meu caro,
ResponderEliminarSó faltou dizer qualquer coisa como: "imagine que o seu clube ainda dispunha do pior treinador do Mundo".
Um abraço
Vá lá, não te esqueças do Paulo Sérgio. Mas concordo que o Mancini é mau, embore mesmo assim um pouco melhor do que o treinador que ele defrontou nesse jogo final - chama-se Mark Hughes e, mais um condimento do argumentista genial deste filme, além de ex-jogador do United, foi justamente o treinador que o City despediu para contratar o Mancini...
EliminarUm abraço,
...«e de um avançado que "não joga com o baralho todo"»!
ResponderEliminarMais aflitivo só se colocássemos o Polga na equação.
SL
Caro A. Trindade
EliminarNeste jogo épico acabaram por participar também dois jogadores que o Mancini chegou a dizer que não atuariam mais até final da época por não jogarem "com o baralho todo" - Tevez e Ballotelli. E, claro, também jogou o Joe Barton pelo QPR, que também não "bate bem da bola", acabando por ser expulso após agressão a Tevez. Revoltado com a expulsão, tentou acertar toda a gente ao sair, incluindo em Ballotelli que na altura estava ainda no banco. Enfim, já nem os malucos se entendem...
Um abraço,
Quem me dera quase morrer assim de esperança na época que se vai iniciar daqui a pouco mais de um mês.
ResponderEliminarJá tenho saudades de uma emoção assim. Ainda por cima fui habituado em pequeno a ter muitas.
Carlos Serra
Caro Carlos Serra,
EliminarEsta época do City lembra-me o "medo de ser feliz" da nossa fantástica época da Reconquista (1999/2000). Depois de um início catastrófico, efetuamos uma épica recuperação de 10 pontos em relação ao Porto. Mas quando podíamos passar para a frente do campeonato, empatávamos uns jogos estúpidos ainda por cima em casa contra equipas como o Alverca e Gil Vicente. Quando finalmente passamos para a frente depois da vitória contra o Porto e podíamos afastar mais decisivamente, empatamos um jogo estúpido contra o Leiria e, na penúltima jornada, quando estávamos em condições de fazer a festa, perdemos em casa contra o Benfica... Por fim, depois de uma primeira parte sofrida em Vidal Pinheiro - o Saber chegou a safar uma bola na linha de golo, arrancamos para a vitória e posterior goleada com mais um golo de livre do grande André Cruz. Também eu tenho saudades da emoção desses dias. Tenho um vídeo reportagens da enorme festa em todo o País e com a fantástica cena do Roquete, completamente fora de si, a tomar o célebre café em Coimbra, pagando o antigo e o novo preço. E, imagine lá, nesse vídeo até aparece um treinador de futebol a comentar euforicamente para a televisão essa grande vitória leonina - Ai, Jesus, Jesus, porque nos renegaste?
Um abraço,
Não gosto do City (e muito menos do que este City representa), mas porra... foi épico!
ResponderEliminarCaro Mus,
EliminarTambém não aprecio o que representa atualmente o City. Diz o Woody Allen que ser rico é melhor que ser pobre nem que seja por razões financeiras, mas este modelo de aquisições sem limite orçamental "à Football Manager" é absurdo. Aliás, por causa do Ronaldo e do Nani, mas também do grande Sir Alex Ferguson (não muito feliz no final de época, convenhamos), a minha preferência vai quase sempre para o United.
Mas depois de ver a forma como, depois de um dos jogos mais dramáticos que alguma vez assisti (e já vi muitos ou não fosse eu adepto do Sporting), os adeptos do City celebraram um título 44 anos depois, lavou-me a alma. A emoção dos jovens que nunca tinham sentido a alegria de ser campeões. Os avós a festejarem com os filhos e os netos a alegria única de poderem contar por muitos e bons anos onde estavam e o que fizeram naquele épico dia 12 de Maio da Reconquista dos Blues... Simplesmente fantástico!
Enfim, no início de cada época, todos sonhamos que o Sporting nos possa dar uma alegria deste tipo. Todos sabemos que vai ser muito difícil contra o Porto, contra o Benfica, contra os Proenças e Companhia, contra as campanhas da comunicação social, mas... o sonho comanda a vida.
Um abraço,
Vi este jogo em directo. Nunca simpatizei especialmente com o City, mas não me lembro de ter ficado tão emocionado com um jogo que não do Sporting. Talvez por ter uma ideia do que os adeptos viveram: estive os primeiros 19 anos da minha vida sem saber o que era ganhar um campeonato (nasci em 81).
ResponderEliminarAinda assim, não consigo imaginar a sensação de ter a possibilidade de acabar com um jejum de 40 e tal anos e a 3 minutos estar a perder um jogo que se tem que ganhar... Deve ser avassalador. A reacção das pessoas diz tudo (e o vídeo está muito bem feito)!
Passaram 10 anos sobre o nosso último: não me apetece esperar mais...
errata: o caro T. Ivckovic esteve um ano, um mísero ano (meses?), sem saber o que era ganhar um campeonato porque antes da temporada 1999/00, o SPORTING tinha ganho em 1981/82. :)
EliminarSaudações leoninas!
Leão Minhoto.
Caro Leão Minhoto,
EliminarInfelizmente não me apercebi do título 81/82. Como compreenderá, é difícil festejar um título com 11 meses de vida...!