Não fosse a inesperada (revira)volta de João Pereira para a
equipa B do Sporting e não estaria aqui a escrevinhar mais umas tontices em
jeito de desabafo. Digo tontices para fazer pandã
e justiça ao que se tem passado nos últimos tempos no Sporting.
Recordemos sucintamente o passado recente:
Cerca de duas semanas antes da exportação do nosso activo
Amorim, abalava sem sair (de momento) do sítio, o seu braço direito: Hugo
Viana. Em primeira mão vos digo que a famosa estrutura de futebol do Sporting
era constituída pelo exportado Amorim e o seu braço direito Hugo Viana. Como
será que um braço direito contrata um treinador é algo que ainda está a ser
estudado, nomeadamente, em universidades um pouco por todo o mundo, sendo
igualmente alvo de análise por parte de estudiosos do oculto e escritores do
insólito.
Nessa altura Amorim terá afirmado que poderia não seguir as braçadas
do seu braço direito (lembrar-se-ão da suposta vaga de Guardiola?) e que,
eventualmente, um dia teriam de se separar. Nessa altura fiquei alerta, não é
fácil seguir caminho sem um braço
direito; Blaise Cendrars fê-lo, escrevendo e vivendo praticamente toda a sua
obra sem um braço, mas nesse caso o esquerdo, perdido na grande guerra. Respondendo
aos jornalistas que andavam à jorna, Amorim reiterou o seu compromisso para com
o grande objectivo deste ano: o bicampeonato.
Compromisso esse assumido igualmente com os jogadores.
Mau… pensei. Mau, mau, Maria: reiterar compromissos soa a
voto de confiança a treinador na véspera de este subir a escadaria do senado.
Assim terá sido com César.
Não sei se a coisa estava ou não a ser cozinhada, nem
interessa, o resultado é conhecido: a exportação do treinador da equipa que
seguia em primeiro lugar só com vitórias no campeonato, com um excelente
desempenho na calmeirões, caso único, digno de pertencer aos anais da história,
algo que já deve estar a ser alvo da pena de Rui Miguel Tovar.
Certo é que tudo estaria pensado. Apenas se encolheu o tempo
para fazer a vontade aos deuses: É aqui que entra João Pereira in progress. Diga-se que o espalhafato
da apresentação do João Pereira me surpreendeu até a mim pela bazófia do
presidente, com aquela comovente estória da estrutura e de que tudo vinha sendo
planeado. O lume brando estava aceso. Já agora, não passou pela cabeça de
ninguém da estrutura que o JP poderia entrar como interino, sem grande pressão?
Não passou porque a estrutura tinha sido exportada, ficando apenas um braço
direito a acenar.
Com tudo isto, o que vimos na apresentação e dias seguintes foi
um JP em versão woke, parecia que
tinha sido submetido à mesma terapia de choque a que foi sujeito Alex DeLarge
no filme Laranja Mecânica de Stanley
Kubrick, para ficar bonzinho, domesticado e seguir a cartilha. Sucede que a
cartilha tinha sido exportada e o seu braço direito já estava a caminho da
bifurcação entre um burocrata das contas e um olheiro (nova estrutura).
O lume brando tem dessas coisas: vai apurando até que se tem
de desligar e deixar pousar. Nessa altura, nos prémios Stromp o discurso já
indicava a pancadinha nas costas, em forma de choque emocional. O voto de
confiança subia a escadaria do senado.
O exportado, bem o sabemos, exportou-se a ele mesmo (deixem
passar). A exportação de JP teria
outro nome: chicotada. Vítima do contexto - disse o presidente, sem se rir.
Entretanto chegou Rui Borges em versão Rui Borges. Um Rui
Borges que estaria no radar do braço direito da estrutura há mais de um ano. É
assim a continuidade: descontínua. Tanto é que o João Pereira está de volta à
casa da partida. Não tarda será exportado.
Vai ficar tudo bem.
Venha a final da taça da liga!
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