sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

Quem falha assim não é gago

 

Quem falha assim não é gago: começava desta forma a minha mensagem a um amigo após o jogo de ontem entre o Sporting e a deusa da caça; amigo esse que deve ter amigos na Procuradoria-Geral da república, com claras ramificações no jornal A Bola, já que este hoje (quase festivamente – eu diria) dava aos escaparates uma capa cujo título em grandes parangonas dizia: quem falha assim passa em segundo.

Sabemos que o jornal A Bola anda ansioso por fazer uma capa europeia glorificando o seu protegido, e o máximo que conseguiu foi saudar a vitória blaugrana sobre o Porto, mostrando Félix e Cancelo batendo no peito adornados com a seguinte frase: assim custa mais.

Pois custa. O Sporting entrou em modo não é preciso sermos desmontados, tendo em conta que toda a gente sabe mais ou menos como a gente joga, ainda para mais com o Esgaio mascarado de Porro, quer dizer, o Esgaio mascarado de Esgaio mascarado de Porro, e o Trincão entretido com o facto de ser um jogador de alta competição às pinguinhas. Não era fácil entrar assim, ao mesmo tempo que a linha defensiva jogava roleta russa com o fora de jogo, tantas foram as vezes que aquele moço do ataque da Atalanta com tatuagens ficou praticamente cara a cara com o redes leonino sempre ensaiando o mesmo movimento de caça ao leãozinho, até que deu sorte, como diz um amigo meu com experiência em telenovelas brasileiras. Quem não deu sorte foi o Pote que tem jogado, a espaços, disfarçado de Paulinho, confundindo a equipa adversária ao mesmo tempo que se confunde a si próprio.

Na segunda parte, com o Edwards e Catamo em campo, e com os tipos da Atalanta cansados de correr e de ver o Sporting trocar a bola como quem joga ao meiinho, começamos a nossa odisseia do costume, isto é, começamos a jogar futebol e a falhar golos. É claro que o Edwards marcou (e falhou antes disso um golo dado), é claro que jogamos contra dez, mas o que ressalta, para além das bolas nos postes, é a falta de golos, sumo pontífice do jogo da bola. O Pote desperdiçou (às vezes julgo ver ali alguma displicência de craque de trazer por casa), duas ou três oportunidades, e depois a equipa recebe ordens do banco, ou talvez de alguma entidade divina, não sei, ordens de começar a fechar o tasco, dando oportunidade à equipa adversária de respirar e de ganhar peito quando estava com o rabo entre as pernas, passando de caçador a caçado.

Quem falha assim não é gago nem pode ter grandes ilusões.