domingo, 8 de março de 2020

Vamos precisar de muita ajuda


O anúncio de mais um treinador para a equipa de futebol do Sporting sita no nosso cérebro naquela zona das banalidades avulsas. O Sporting nos últimos dezoito meses (historicamente somos, aliás, uma referencia mundial) teve quase tantos treinadores como projetos, sendo estes apenas ultrapassados na linha da recta pela quantidade absurda de balázios autoinfligidos.

As únicas novidades acopladas a este anúncio são do domínio do mundo bancário/empresarial, onde se podem prosseguir diversas estratégias de investimento, ajustadas ao perfil de risco e objetivos de cada cliente. Se começarmos a inglesar a coisa talvez esta ganhe contornos de performance para enganar meninos. Sorry.  

A partir de determinado valor sabemos estar na presença de algo esotérico digno de uma capa da Forbes, qualquer coisa impalpável merecedora de ser discutida no tasco entre duas minis e um prato de tremoços, onde invariavelmente surge a questão: o que farias com dez milhões de euros? A resposta é óbvia: comprava um treinador.

Esse ar de resposta óbvia era o ar que trajava o presidente do Sporting na apresentação do novo treinador. A esse ar juntava-se um outro, mais agressivo, um ar de animal feroz estrábico perdido no supermercado. Quando o animal feroz estrábico perdido no supermercado começa a falar o encanto perde-se e as palavras fluem como paralelepípedos às cambalhotas encosta abaixo. O choque (mais uma vez) é inesquecível.

No dia anterior àquele momento único de apresentação do treinador milhões, um golpe de asa cujo génio está longe de qualquer explicação racional, um homem trajado de verde sentava-se para nos dar a sua última conferência de imprensa como treinador do Sporting. Esse homem tinha o ar cansado de treinador do Sporting prestes a libertar-se do jugo de tamanha empresa. A solenidade do momento exigia uma nota artística consequente com a genialidade do golpe de asa presidencial, um golpe tão bem escondido de todos que certamente fará parte dos anais de jogar às escondidas nas escolas primárias do país.  

O treinador cessante, como quem não quer a coisa, anuncia o treinador que o vai substituir. Este acto (pensado, não duvideis) é o equivalente à bofetada de luva branca que nos reconforta em prato frio. E ainda deixou uma pequena nota para o sucessor: vai precisar de muita ajuda. É ele e nós.    

Agora vamos lá ganhar esse primeiro jogo do resto das nossas vidas. 

4 comentários:

  1. Caro Gabriel Pedro,
    Depois do jogo de ontem, todos os sócios do Sporting, que como eu, criticaram Varandas, por gastar 10M€ num treinador, terão, ao que parece, que retratar-se. De facto, tudo indica que os 10M€ não serviram para "comprar" somente Ruben Amorim. É que, como se viu ontem, os adversários já não podem bater nos jogadores do Sporting pois são amarelados e "eventually" (como dizem os ingleses) são expulsos. Que grande jogada de Varandas! Ou talvez não, suspeito que essa protecção, por parte da arbitragem, agora contratada com os masters (Mendes e Cia) deste nosso campeonato da mentira, sirva funcione apenas contra as equipas pequenas, não vai funcionar com o Fcp e o Slb, com os quais temos, ainda, de jogar. Assim, talvez tenha sido uma pequena jogada, à altura daquilo que é Varandas.
    SL

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    1. Meu Caro,

      Se calhar faz parte do projecto. Mais um para a conta.
      Mas não se fie, com o Aves é a feijões, vamos ver com os outros.

      SL

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  2. Caro Toujourvert,

    Era o Aves, está mais que encaminhado para descer. Em Guimrães já vamos perceber se esse "rigor arbitral" fez parte do negócio ou não. Agora, independentemente de tudo o resto, uma coisa é certa: é uma lufada de ar fresco ver o novo treinador falar. Já só precisamos de um novo presidente.

    Entretanto, ó Record... eh pá, menos... "A Bola" há só uma...

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    1. Meu caro,

      Na mouche. O rigor tem os seus dias. Vamos ver num jogo a sério. O mesmo para o treinador.

      SL

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