Independentemente de outros méritos, um deverá ser reconhecido a Frederico Varandas durante o período que exerce funções de Presidente do Sporting: o sentido institucional. Ninguém viu nem ouviu o Frederico Varandas a insurgir-se desabridamente dos árbitros, da Federação ou da Liga. As (escassas) críticas foram dirigidas de forma contida e com recurso a linguagem adequada. O comportamento do Sérgio Conceição contrastou com o seu, como têm contrastado os dos mais diversos intervenientes no futebol nacional (no final da Taça de Portugal, ninguém teve dúvidas sobre o que se consideram comportamentos aceitáveis e inaceitáveis). Alguns consideram que se trata de sinal de fraqueza. Não consigo fazer essa avaliação: tanto pode ser uma sinal de fraqueza como um sinal de força. Não tenho dúvidas é que se trata de um sinal de responsabilidade e de educação.
O que se espera é que a forma respeitosa como o Frederico Varandas, enquanto Presidente do Sporting, trata os outros seja recíproca. Ninguém é ingénuo para esperar que tudo pode e vai mudar. Os dirigentes são os de sempre e vão-se comportar como sempre. Na comunicação social, espera-se outro comportamento. Tem que se distinguir jornalismo de comentário futeboleiro. Não aprecio o segundo, mas sou capaz de entender as posições dos contendores: cada um é do seu clube e defende o seu clube, sendo essa a razão para participarem nesses programas.
Jornalismo ou comentário especializado é coisa bem diferente. Custa-me ver na SIC um ex-árbitro que, em pleno Estádio de Alvalade, cometeu a indelicadeza de interromper o aquecimento do Rui Patrício para não se dar ao trabalho de passar por trás da baliza e, chamado à atenção, ainda se predispôs a andar à pancada com o treinador de guarda-redes. É um desrespeito pelo Sporting e sportinguistas tê-lo a comentar os nossos jogos. Os comentários e os relatos dos jogos do Sporting na SporTV também constituem uma falta de respeito, como venho analisando em sucessivas crónicas. Pela natureza pública da entidade, a situação agrava-se na RTP, sendo absolutamente desrespeitoso para o Sporting e sportinguistas o relato e os comentários da final da Taça de Portugal, repetindo-se o que tinha acontecido na final da Liga Europeia de hóquei em patins.
Esta semana vi o programa do Rui Santos na SIC. Há anos que não o via. Nada mudou, a não ser o aparato tecnológico. Mantém-se o pseudomoralismo, continuando a considerar-se um arauto da verdade e exibindo um superioridade moral insuportável. Apelou à paz, sem explicar de que guerra se tratava, quem eram os beligerantes e não fazendo justiça ao Frederico Varandas e ao Sporting, excluindo-o e excluindo-nos desse apelo.. Enfim, um apelo sem qualquer substância. Comprou ou ofereceram-lhe uma geringonça e o homem tenta transformar a tecnologia em verdade, como se as escolhas dos lances a analisar não fossem dele e a equivalência entre juízos de facto e juízos de interpretação não fossem dele também.
Analisou o lance do Herrera no primeiro golo do Porto na final da Taça de Portugal e constatou o óbvio: houve um erro de facto. Meteu outros lances ao barulho, entre eles, o cartão amarelo mostrado ao Coates quando cortou um lançamento longo com a mão. Como recorreu à maquineta, parece que se trata de um erro de facto quando se está em presença de uma interpretação e ninguém no Mundo pode dizer com certeza onde é que a bola ia cair e a que distância e de que lado, esquerdo ou direito, do Soares, se a conseguiria dominar e as consequências de a dominar de uma forma ou de outra, se conseguiria ficar isolado e se, a mais de trinta metros da baliza e correndo com a bola, não seria intercetado pelo Mathieu correndo sem ela. Equivaleu, assim, um juízo de facto com um juízo de interpretação e assim uma mão lavou a outra.
Analisou o lance do Herrera no primeiro golo do Porto na final da Taça de Portugal e constatou o óbvio: houve um erro de facto. Meteu outros lances ao barulho, entre eles, o cartão amarelo mostrado ao Coates quando cortou um lançamento longo com a mão. Como recorreu à maquineta, parece que se trata de um erro de facto quando se está em presença de uma interpretação e ninguém no Mundo pode dizer com certeza onde é que a bola ia cair e a que distância e de que lado, esquerdo ou direito, do Soares, se a conseguiria dominar e as consequências de a dominar de uma forma ou de outra, se conseguiria ficar isolado e se, a mais de trinta metros da baliza e correndo com a bola, não seria intercetado pelo Mathieu correndo sem ela. Equivaleu, assim, um juízo de facto com um juízo de interpretação e assim uma mão lavou a outra.
Não satisfeito, resolveu explicar a razão para o Sporting dispor dos jogadores a quem mais amarelos foram mostrados, tendo mais 58% e 48% do que os seus colegas do Porto e do Benfica, respetivamente. Quando se esperava que nos explicasse que os jogadores do Sporting jogam com regras diferentes dos do Porto e do Benfica, resolveu informar-nos que, nada disso, o que acontece é que têm inclinação para amarelos “escusados”. Que eram desnecessários, todos tínhamos percebido. Ainda não nos tinham explicado é que desnecessidade não resultava dos árbitros mas dos jogadores. De uma penada, os jogadores do Sporting foram tratados como rematados imbecis e, por arrasto, o Sporting, que os contratou, e os sócios e os adeptos, que os apoiam.
Fui feliz na Lousã, onde vi a final da Taça de Portugal. Vi o jogo com sportinguistas, novos e velhos, mulheres e homens. Partilhei com eles a alegria como teria partilhado a tristeza se tivéssemos perdido. É-nos devido respeito. Não suporto a mentira, mas suporto ainda menos o “suggestio falsi”. Não somos estúpidos e não nos queiram fazer passar por estúpidos. O Frederico Varandas tem respeitado, dando-se assim ao respeito. Avaliá-lo-ei pelo respeito que tem pelos outros mas também pelo respeito que exigirá dos outros para consigo, para com o nosso clube e para connosco, adeptos e sócios, sobretudo daqueles que por deontologia profissional se têm de dar ao respeito mais do que quaisquer outros.