O jogo contra o Porto tinha dois objetivos que na prática constituíam um só: assegurar que um ou outro dos (poucos mas) bons jogadores do Sporting não estivesse na final da Taça de Portugal, no Jamor, aproveitando os do Porto, ainda, para descarregar a frustração da perda do campeonato nas canelas dos adversários ou em qualquer outro elemento anatómico que estivesse à mão (ou ao pé, melhor dizendo) de semear. O Sporting aparentemente também tinha o mesmo objetivo, assim se compreendendo a razão para o Mathieu, o Acuña e o Bruno Fernandes integrarem a equipa titular.
Os do Porto iniciaram o jogo com o propósito de molhar a sopa no seu alvo principal, o Bruno Fernandes, esperando qualquer coisa, designadamente uma resposta em conformidade que o levasse à expulsão. O objetivo estava bem definido, mas o Bruno Gaspar trocou-lhes as voltas ao atrasar inopinadamente uma bola para o Borja se embrulhar com o Corona e acabar expulso depois de mais uma rábula onde o VAR representou o papel de árbitro interpretando o lance e as relações de causa e efeito do que viu e esquecendo-se de fazer outras interpretações diferentes do árbitro quando viu o que viu, como as entradas sem bola do Filipe e do Militão. O Sporting tem poucos bons jogadores, como se referiu, muitos assim-assim e alguns, consensualmente, maus. Assim, expulsado um assim-assim, para uns, ou mau, para outros, reduziu-se a possibilidade de expulsão de um dos bons. Por isso ou porque com mais um sentiram a responsabilidade de fazer mais alguma coisa, os jogadores do Porto passaram a olhar mais para a nossa baliza, embora mantendo um olho no burro ou no cigano, não sei bem como é que aplica este aforismo neste contexto. A primeira parte concluiu-se sem que se tivesse jogado praticamente à bola: o Felipe acertou mais vezes no Bruno Fernandes do que na dita e o Marega também não conseguiu acertar na dita e, muito menos, com a dita na baliza e fez-se ao “penalty” e à expulsão do Mathieu com uma coreografia que nem nos anos oitenta e noventa se aceitava.
Ao intervalo, terão explicado ao Bruno Fernandes que o melhor era encostar-se à esquerda e deixar pura e simplesmente de participar no jogo e nunca, mas mesmo nunca, se lembrar de atacar, colocando-se a jeito. Os do Porto atrapalharam-se com este triste e vil apagamento do seu alvo principal e ficaram sem objetivo. Umas castanhas aqui, umas biqueiradas ali, umas correrias inconsequentes acolá e nada mais. Estava-se num marasmo tão, mas tão grande que um mau, o Diaby, um bom, o Acuña, e um assim-assim, o Luiz Phellype, tiveram tempo, mas tanto tempo para se relembrarem onde ficava a baliza da equipa adversária que acabaram por marcar um golo. Raivoso, o Sérgio Conceição fez entrar o Aboubakar carregado de apontamentos. O homem, atrapalhado, em vez de montar a habitual roda com os colegas à frente da claque e, enquanto um dos seus membros despia a camisola, realizar um “brainstorming”, decidiu ler as cábulas enquanto corria. Não é um processo que se recomende e, assim, não se estranhou que tenha esbarrado no Renan Ribeiro quando estava isolado e se esperava que marcasse.
À falta de melhor, os jogadores do Porto fartaram-se de ganhar cantos e tanto cantos marcaram que os nossos, exaustos e vagamente entediados, entraram em modo “levem lá a taça (em minúsculas, entenda-se)”, deixando de saltar às bolas e de fazer subir a linha defensiva. O Danilo empatou e logo a seguir o Herrera fez o dois a um, saudando as claques com um coração e evitando ter de se lhes dirigir no final do jogo para pedir desculpa de qualquer coisinha. Fiquei com dúvidas quanto à sua posição e com mais dúvidas fiquei quando a SporTv desatou a passar repetições e repetições de todos os ângulos menos daquele que permitia esclarecer essas dúvidas, chegando a passar umas repetições de trás da baliza cuja coisa mais relevante que permitiam vislumbrar era o novo “bleached blonde hair” do Herrera.
Parecia que tudo estava resolvido a bem para ambas as partes, mas não estava. Os do Porto voltaram à casa de partida e continuaram à viva força a querer expulsar um dos (poucos) bons jogadores do Sporting. À falta do Bruno Fernandes, que tinha sido substituído, desviaram as suas atenções para outro alvo: o Acuña, o argentino das bolas grandes, como afirma a sua mulher e nós não temos condições de desmentir. Quando o Acuña dominou a bola junto ao banco do Porto, local ideal para se encenar uma ópera-bufa como a que se iria assistir, o Corona e o Herrena fizeram-lhe uma emboscada e desataram a bater-lhe de todas as formas e feitios, enquanto, subitamente, se vê entrar em campo uma manada de elefantes comandada pelo Sérgio Conceição. Vendo o seu colega em ligeira desvantagem em número e armamento, os nossos reorganizaram-se e fizeram uma investida que rompeu a inexpugnável Linha Maginot, enquanto o Acuña, fora do campo, se mantinha tranquilo a explicar a dois elefantes os ensinamentos do Mahatma Gandhi e os princípios do Satyagraha para evitar que engrossassem a manada. O VAR, que tinha visto uma mão do Borja que, quem sabe, talvez pudesse impedir a adequada progressão do seu adversário e assim, quem sabe, isolar-se, não viu nem o Sérgio Conceição nem a manada de elefantes entrar em campo. Não viu ele e também não viu o árbitro, o quarto árbitro e os dois fiscais de linha. Ainda bem que estas assimétricas patologias oftálmicas não afetam a polícia que se dispôs de imediato a acabar com a rebaldaria. O árbitro expulsou o Corona e mostrou amarelo ao Acuña, por considerar, admite-se, que uma revolução mesmo por meios não violentos não deixa de ser uma revolução e uma forma de perturbar mentes mais simples e dadas aos instintos da sua natureza.
Mas, no fim, o que importa é o resultado e o resultado foi lisonjeiro para nós. Ficámos sem um jogador para a final da Taça de Portugal e o Porto também. Não merecíamos este resultado e o Porto muito menos, que tanto porfiou para conseguir mais e melhor enquanto nós só passámos a jogar como uma verdadeira equipa quando tivemos de enfrentar uma manada de elefantes. Depois de levar uma bofetada do Sérgio Conceição, o Renan Ribeiro caiu, mas, como reza a lenda, por cada leão que cair, outro se levantará!
Bravo!
ResponderEliminarObrigado.
EliminarSL
Bravíssimo!
ResponderEliminarObrigado pelos textos magníficos que nos tem proporcionado, que servem para mitigar os desgostos desportivos que temos tido, mas sempre na esperança de que isto dê a volta.
Obrigado. Enquanto não nos arranjarem outro entretém temos que aguentar este e esperar novos amanhãs que cantem.
EliminarSL
O problema é que vai acontecer o mesmo na final da taça e não estou a ver o nosso Sporting a prevenir que tal não aconteça.
ResponderEliminarPenso que já mandaram cercar o campo do Jamor com arame farpado. Vamos ver se funciona.
EliminarUma pequena amostra do que vai acontecer na final da Taça, aí sim vai ser de virar bonecos !
ResponderEliminarComo disse na resposta atrás, pode ser que cerquem o campo do Jamor com arame farpado. Também não era má ideia açaimar um ou outro jogador. Vamos ver se é possível.
EliminarSL
O ACUNA TEM COLHOES GRANDES MAS O VARANGAY NÃO .
ResponderEliminarA testosterona talvez funcione para o Benfica ou para o Porto, pois com apitos ou emails ninguém é responsabilizado. No nosso caso, a testosterona serviu para enfiar uns rufias e uns miúdos, a quem lhes estragaram a vida, em prisão preventiva que dura há quase um ano (uma vergonha para um sistema de justiça que se preze). A melhor maneira é em vez de utilizar os órgãos que produzem testosterona passar a recorrer às meninges.
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