sábado, 31 de maio de 2014

O Eça de risco ao meio

Não tenho tido muito tempo para me dedicar a outra coisa que não seja trabalhar. Praticamente não tenho visto televisão, nem lido jornais, nem consultado a blogosfera. Mesmo assim, numas passagens entre o escritório e a cozinha apanhei dois bocados de televisão divertidos.

Num deles aparecia o Vítor Pereira quase a pedir desculpas por, apesar de ter ganhado dois campeonatos, ninguém lhe perdoar a falta de carisma ou a incapacidade de comunicação. É absolutamente espantoso. O homem em duas épocas ganhou dois campeonatos. Ganhou com equipas piores do que as do Benfica. Trocou as voltas ao Jorge Jesus, o rei da táctica, em todos os jogos contra o Benfica.

Noutro apanho o Jorge Jesus a dizer que não é o Eça. Não precisava de dizer. Já tínhamos reparado. Não é pelo que diz nem pela forma como o diz. Não estamos é a ver o Eça de cabelo oxigenado e de risco ao meio. A lógica neste caso é uma batata: um treinador está dispensado da sintaxe e da semântica.

Nos dois casos está-se em presença de duas pessoas simples que, pelo mediatismo da sua profissão, se tornaram figuras públicas. Um manteve a simplicidade. O outro tornou-se um bazófia. Um ganhou dois campeonatos em duas épocas. O outro ganhou dois campeonatos em cinco épocas. A comunicação social promove o segundo e desvaloriza o primeiro.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Lamento mas é apenas segundo melhor do mundo…



O melhor do mundo, para descanso de muitos, não joga em Espanha e é o Chuck Norris:

Chuck Norris contou até o infinito. Duas vezes. 

A última página do Guiness (livro dos recordes) diz em letras miúdas: "Todos os recordes do mundo pertencem a Chuck Norris. Nós apenas nos damos o trabalho de listar os segundos colocados em cada categoria."

Quando Deus disse "Que se faça a luz!", Chuck Norris disse "Diga 'por favor'."

Chuck Norris pode dividir por zero.

Deus precisava de dez dias para construir o mundo. Chuck Norris deu-lhe apenas seis e Ele cumpriu.

Os dinossauros olharam torto para Chuck Norris uma vez. Apenas uma vez.

Chuck Norris é como um cão. Não apenas porque pode farejar o medo, mas porque ele pode mijar onde quiser.

Antes de se esquecer do presente de Chuck Norris, o Pai Natal existia.

Chuck Norris apostou que venceria o Super-Homem num braço de ferro. O perdedor teria de usar uma cueca vermelha por cima das calças pelo resto da vida.

Se, por algum incrível paradoxo do espaço-tempo, Chuck Norris lutasse contra si mesmo, ele venceria. Ponto final.

domingo, 25 de maio de 2014

O melhor do Mundo e arredores

Se fosse espanhol seria do Atlético de Madrid. O Atlético de Madrid é um género de Sporting do lado de lá. Espero que esta equipa e o Diego Simeone nos sirvam de inspiração. Ter os melhores jogadores não chega. Jogar melhor não chega. Às vezes, chega querer mais do que os outros.

Mas por ser do Sporting não poderia ser ontem do Atlético de Madrid. Serei sempre do Cristiano Ronaldo, qualquer que seja o clube onde jogue. Mesmo que continue a fazer festejos foleiros. O Cristiano Ronaldo é o melhor jogador português de todos os tempos. É um dos melhores jogadores do Mundo de todos os tempos também.

Só por ele é que espero que a nossa selecção faça umas coisas. Os tempos são outros, mas não deixo de acreditar que o Cristiano Ronaldo é capaz, como o Maradona, de levar uma equipa às costas até ao título mundial. Não vejo outro jogador que tenha o mesmo potencial e que o queira tanto como ele.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O senhor que se segue

O Leonardo Jardim era o melhor treinador do Mundo. Agora já não é. É o Marco Silva. É assim que as coisas são e é assim que as coisas serão sempre.

O Leonardo Jardim foi o treinador certo na hora certa. O trabalho dele não foi fácil, como não foi fácil o trabalho da Direção. Hoje parece fácil. Há um ano parecia impossível. Eu próprio tinha muitas dúvidas. Nunca gostei do Jesualdo Ferreira, mas estava naquela fase que até de água fria tinha medo.

Nunca esperei que a equipa jogasse grande coisa. O Leonardo Jardim é um realista. É necessário defender bem. Depois de fender bem, é necessário defender melhor. Os jogadores também não ajudavam a fazer melhor. Ensinar aquela defesa a fazer qualquer coisa de jeito não foi nada fácil.

O que me surpreendeu foi termos jogado alguma coisa no princípio de época. A equipa pressionava bastante à frente, recuperava muitas bolas e o Montero era fulminante. Depois, ou por os adversários terem aprendido ou por falta de pernas ou por falta de jeito (ou por tudo isto junto ou nas combinações que cada um quiser) o nosso jogo ficou pastoso. Passámos a engonhar mais e a jogar menos. Era aquilo que estava a espera.

Mas é quando as equipas começam a derrapar que se veem os grandes treinadores. Mesmo não jogando bem fomos ganhando. Dificilmente nos ganharam. Dificilmente empatávamos sequer dois jogos. Não quebrámos e levámos a disputa do título praticamente até ao fim. Obrigámos o Benfica a ganhar no campo. Pelo caminho, deixámos o Porto a uma mão cheia de pontos.

Com o Marco Silva, pelo que se viu, joga-se melhor. Mas tenho medo disso. Em Portugal, não se ganha na nota artística. Ganha-se na defesa a jogar forte e feio. Ganha-se não deixando jogar o adversário e caindo em cima dele. Ganha-se numas bolas paradas (aliás, são esses os principais lances de ataque do Benfica). Ganha-se com os árbitros. Jogar é para meninos. Espero que o Marcos Silva perceba isso. Se jogarmos alguma coisa, tanto melhor.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Obrigado e Boa Sorte

Escrevo estas linhas meio à pressão, poucas horas antes de conhecermos o novo treinador do Sporting, no sentido de reconhecer o trabalho feito por Leonardo Jardim e mostrar a minha solidariedade com a decisão dele.

Jardim pegou numa equipa destruída e, em conjunto com um Presidente e um Diretor com pouca ou nenhuma experiência nessas funções, construiu um plantel que foi candidato ao título e incomodou rivais com orçamentos muito mais elevados, estruturas sólidas e experientes. Isso não é pouca coisa.

Não conseguiu por o Sporting a jogar o futebol com que sonhamos. É um facto. Mas valorizou o plantel e fez o máximo que era possível. Saiu da Taça de Portugal da forma que sabemos. Perdeu pontos em casa com Rio Ave, Académica e Nacional da forma que sabemos. Perdeu pontos fora no Estoril, Setúbal e Nacional da forma que sabemos.

Aproxima-se mais um ano assim. Ele sabe. A capacidade de investir é pequena. Os interesses instalados não mudam (a convocatória de Bento é mais um sintoma disto). E é por isto que estou solidário com ele. Podemos exigir a uma pessoa que fique por dinheiro ou por querer ganhar títulos. Infelizmente sabemos que no Sporting não podemos oferecer muito dinheiro e para ganhar títulos ser melhor que os adversários não chega.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Marco Silva: as rotinas e a filosofia de jogo

Marco Silva, entrevista pelo Maisfutebol, fala um pouco das suas rotinas e das suas filosofias. (30 de Maio de 2013)

Vê muitos jogos na TV, ou procura desligar-se do futebol em casa?

Tento ver e estar atualizado. Passo muitas horas no clube, em casa tento desligar, mas não é fácil. O futebol é a nossa vida, uma paixão, mas tento passar algum tempo com a família. Chego ao clube muito cedo e saio tarde. Tento ver no clube os vídeos dos adversários ou dos nossos jogos. Posso chegar às 9h e sair às 18h. Fico a ver vídeos, a estudar adversários, e também em conversas com a equipa técnica.

O 4x3x3 está na moda?

Na moda não sei, mas é a mais utilizada. Em Portugal e na Europa. O mais importante são as dinâmicas. Isso é que define os comportamentos coletivos. Não sei se dá mais garantias, embora permita, em muitos momentos, ter a equipa equilibrada tanto no processo ofensivo como defensivo. Mas importante são as dinâmicas.

O «10» está em vias de extinção?

Aquele que jogava só com a bola no pé já não faz muito sentido. Vimos agora na final da Champions como os alas trabalham defensivamente. Mesmo o tal «10». O futebol é cada vez mais dinâmica coletiva. Depois os jogadores mais evoluídos tecnicamente podem desequilibrar. Esse «10» pode definir os ritmos. Aquele «10» à moda antiga começa a não fazer grande sentido, mas todas as equipas precisam de alguém com criatividade e leitura rápida nessa zona. É um momento de decisão, de último passe, e é importante ter um jogador assim.

Faz mais sentido adaptar os jogadores a um sistema ou o contrário?

Acima de tudo temos que perceber as características dos jogadores. Nunca devemos ter o sistema na cabeça e obrigar os jogadores a encaixar lá. Se pudermos formar dentro das nossas ideias, melhor. Por isso é mais fácil começar um plantel de raiz. Mas importante é perceber as características da equipa, e daí definir o sistema.

Qual a sua filosofia de jogo?

Gosto de jogar o jogo pelo jogo, sem linhas muito recuadas. No início desta época diziam que a nossa equipa era de transição, com linhas baixas. Nunca foi isso que trabalhámos, a identidade pretendida. A 2ª volta deu-nos alguma razão. No último terço da Liga tivemos quase sempre mais posse de bola do que adversário. Em Moreira de Cónegos conseguimos 70/30%. Em Setúbal 68%. Mesmo na Luz acabámos o jogo com mais posse. Começámos a desmistificar a imagem de equipa de transição. O nosso tridente de meio-campo foi muito importante nesse crescimento, pois passámos a controlar mais o jogo. Gosto de uma equipa que assuma o jogo, pressione alto, mas há adversários que não permitem isso. É preciso ter em conta também a realidade do clube, mas gosto de jogar ao ataque, sempre mantendo o equilíbrio.

Que perfil de liderança defende?

Tento ser o mais natural possível. Têm de existir regras em grupo, mas são normais numa equipa. Tento uma relação de proximidade muito grande com os jogadores. Alguma cumplicidade, dentro da barreira normal que deve existir. Devemos estar próximos, para alguns problemas que tenham. O respeito, a ambição, têm de ser conjuntas. O jogador é cada vez mais inteligente, gosta de perceber que aquilo que o líder pede faz sentido. E tem de haver sempre respeito, claro.

Jurgen Klopp disse que era amigo dos jogadores mas que eles não eram seus amigos, que isso não funcionava. Concorda?

Faz algum sentido. O treinador tem de ser amigo e confidente, muitas vezes. Os jogadores podem ter até alguma admiração pelo treinador, mas vai haver sempre insatisfeitos. Vai ser assim no Benfica, no Porto, no Milan, onde for. Em 25 ou 27 jogadores é dificil ter toda a gente satisfeita.

Os cheques em branco passados ao Paulo Bento

A selecção nacional com o Paulo Bento nunca jogou a ponta de um chavelho. Não há a desculpa de não conhecer os jogadores e a equipa. Jogam sempre os mesmos e jogam sempre, colectivamente, mal. Salvam-se sempre pela inspiração de um ou outro jogador, normalmente pela inspiração do Cristiano Ronaldo, ou pela falta de jeito dos inúmeros adversários de terceira linha que vamos defrontando.

As opções de hoje não se justificam por razões técnico-tácticas porque, simplesmente, o Paulo Bento não sabe o que isso quer dizer. As escolhas justificam-se pelo hábito de escolher os do costume e pelas idiossincrasias do treinador, com os seus pequenos ódios de estimação.

Não seleccionar o Adrien é um crime de lesa-futebol. Dá todos os incentivos errados. Não interessa que um jogador jogue bem e faça uma excelente época. O que interessa são as cunhas ou os gostos pessoais do treinador, nunca justificados. O Adrien, no mínimo, seria sempre uma alternativa ao Moutinho ou ao Raúl Meireles. Se qualquer um deles faltar, por castigo ou lesão, quero ver quem os vai substituir.

Mas não seleccionar o Danny está fora da compreensão de qualquer mortal. É um dos melhores jogadores portugueses, a larguíssima distância de muitos outros que foram seleccionados. É um dos principais jogadores de uma equipa que vai regularmente à Liga dos Campeões e é extremamente competitiva. O Paulo Bento faz-lhe o favor de o convocar de vez em quando para ele assistir aos jogos do banco. O rapaz fartou-se como qualquer um de nós no lugar dele se fartaria também. Vir do outro lado do Mundo para fazer figura de corpo presente e ver jogar os Varelas e Postigas desta vida, é um enxovalho.

Estes são os casos patológicos do treinador. Muitas outras opções são só estúpidas. Ninguém percebe as escolhas do Rafa e do Vieirinha que acabaram de sair de lesões quando nem sequer são jogadores indiscutíveis. Na melhor das hipóteses, serão lançados numa qualquer fase de desespero a meia dúzia de minutos do final de um jogo para demonstrar que o treinador tem um qualquer plano B. Se é para isso, e é para isso e para fazer número que são convocados, então não compreendo porque não são convocados o Quaresma ou, mesmo, o Carlos Mané.

Quanto ao resto há pouco a dizer. Há o caso anedótico do André Almeida. É um jogador polivalente. Joga em todas as posições igualmente mal. Onde joga com mais frequência, que é onde o Jorge Jesus o costuma pôr a jogar, é no banco ou na bancada. Os outros são convocados porque costumam ser convocados (como o Varela, o Hugo Almeida ou o Postiga) ou são convocados como seriam convocados por mim ou pela minha vizinha de cima (como o Pepe, o João Pereira, o Fábio Coentrão, o Cristiano Ronaldo ou o João Moutinho).

O que me espanta é a falta de escrutínio público das opções do Paulo Bento. Não se compreendem as opções e o seleccionador nacional dá justificações vagas, como a necessidade de privilegiar o jogo interior ou o diabo a quatro. Por muito menos o Luiz Felipe Scolari era bastante mais criticado. Com uma vantagem adicional, só lhe renovavam o contrato depois dos resultados nos Europeus e Mundiais. Nunca lhe passaram cheques em branco. Pelos vistos, passaram-lhe doutro tipo, mas isso é outra história.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Algumas ideias soltas e uma absoluta falta de patriotismo “nacional-benfiquista”


Após breve e isenta jornada de reflexão, aqui ficam algumas pérolas e conclusões:

«Benficiao: jornal italiano vinga-se no Benfica»

«Não há sete sem oito, nem oito sem nove.»

«Quando se é assim grande e se vai gloriosamente a oito finais e não se ganha nenhuma, a questão já não é de azia, estamos a falar já de uma úlcera crónica!»

«Quanto à maldição, façam uma estátua maior, forretas!»

«Andaram um ano a dizerem aos outros para se calarem, não falarem de arbitragens e para jogarem mais à bola. Esta é a hora de fazerem isso mesmo.»

«Falar dos jogadores ausentes, por castigo ou lesão, faz lembrar a história da velhinha que se tivesse três rodas seria…outra coisa qualquer.»

«Na SIC, no fim do jogo, dizia orgulhosamente aparvalhado um rapaz do regime que “pagámos para aqui estar e vamos ficar até ao fim”…mesmo que a festa fosse dos outros. Afinal já estava paga. Ainda bem que pagaram, eu gostei da festa.»

«Quanto à prevista festa no Marquês, nos jornais, rádios e tevês, se todos sabem que não se deve contar com “o ovo no cu da galinha”, não é preciso ser ornitólogo para calcular que se passa o mesmo com as águias»

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Sempre com os portugueses


As escolhas de Mendes

Se alguém conhece bem a persistência e determinação de Paulo Bento (não se chama teimoso a um selecionador nacional) somos nós, os Sportinguistas. Talvez por isso não andemos a vibrar com as escolhas do selecionador. Qualquer que seja a perspectiva a ter sobre as escolhas dos 40, 30 ou 23 jogadores que vão ao mundial uma coisa é certa: apenas 15 ou 16 deles vão jogar mais de 30 minutos no Mundial e esses estão escolhidos há bastante tempo.

Começando por esse lote dos que interessam aposto que a única "novidade" vai ser W. Carvalho. E vai ser porque tem de ser, porque jogadores deste calibre existem poucos por geração. É incontornável. Nos restantes o meu palpite é que não haverão surpresas. Serão os do costume, com as opções habituais e os resultados que conhecemos. Paulo Bento é assim, não engana.

Com isto sobram 7 ou 8 vagas para uns tantos jogadores que vão passear ao Brasil. E para estes o meu palpite é que Paulo Bento vai escolher uns jogadores que dão jeito ao Mendes e outros que agradam à imprensa. Não terá qualquer impacte em termos desportivos e portanto, no que me toca, estes dois critérios são tão bons como quaisquer outros. É pouco? Sim. Mas é o que temos.