sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Prémios “Insustentáveis 2010”: And The Winner is…

Caros Amigos,

Nesta época de tradicional balanço do ano que está prestes a terminar, temos o prazer de anunciar os vencedores dos Prémios “Insustentáveis” 2010 que distinguem aqueles que, como dizia o Poeta, por obras ruinosas, se vão da lei do corte libertando.
Face ao brutal esforço de contenção orçamental que o Senhor Ministro (não, desta vez não foi o Costinha…) exigiu a este blogue para evitar a entrada em Portugal do Mundo Funerário Internacional (ou lá o que é…), este Prémio terá que assumir uma natureza predominantemente simbólica – na falta de uma coroa de louros, optamos por  um chapéu à Treinador do Paços de Ferreira assinado com uma pequena dedicatória de três vultos da intelectualidade mundial  - Woody Allen, Ambrose Bierce e o Barão de Itararé - numa singela, mas sentida homenagem, a cada um dos premiados.
Vamos, pois, sem mais delongas, à lista dos grandes vencedores e às respectivas dedicatórias:

- Prémio “Insolventes 2010”– Os Três Estourolas - Benfica - Sporting - Porto -  “Insolvente – Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo (Barão de Itararé). De acordo com ”A Bola”, no caso do Benfica, ser destituído de vontade de pagar dívidas superiores aos respectivos activos não é insolvência; é perspicácia comercial (Ambrose Bierce).
- Prémio “Amador 2010” – José Eduardo Bettencourt  -  “Amador – Um transtorno público que não conhece a diferença entre gosto e habilidade, e que confunde a sua ambição com a sua capacidade” (Ambrose Bierce).

- Prémio “Ministro 2010” – Costinha - “A vocação de um Ministro de carreira é fazer de cada solução um problema" (adaptado de Woody Allen).
- Prémio “Revelação 2010” – Paulo Sérgio – “De onde menos se espera, daí mesmo é que não sai nada” (Barão de Itararé).

- Prémio “Glutão 2010” - Maniche –  Glutão – Pessoa que, cometendo dispepsia, evita os infortúnios da moderação” (Ambrose Bierce).
- Prémio “Sentido de Oportunidade 2010” – Hélder Postiga - “Oportunidade – Uma ocasião favorável para agarrar uma desilusão” (Ambrose Bierce).
- Prémio “Venda 2010”- João Moutinho -”Todo homem que se vende, recebe muito mais do que vale" (Barão de Itararé).

- Prémio “Aquisição 2010” – Roberto - "Meus reflexos não são muito bons. Certa vez fui atropelado por um carro que estava sendo empurrado por dois sujeitos" (Woody Allen).

- Prémio “Literatura 2010” – Jorge Jesus -"Fiz um curso de leitura dinâmica e li "Guerra e Paz" em vinte minutos. Tem a ver com a Rússia" (Woody Allen).
- Prémio “Noddy 2010” – André Villas Boas - "Certo dia, atrasei-me ao voltar da creche e o meu papa pensou que eu havia sido sequestrado. E aí entrou imediatamente em acção: alugou o meu quarto" (adaptado de Woody Allen).
- Prémio “Comunicação Social 2010” – Rui Santos - "Em Carnaxide não se deita o lixo fora. Eles reciclam-no na forma de programas de TV" (adaptado de Woody Allen).
- Prémio “Máfia 2010” – Vencedores Ex aequo– Pinto da Costa / Filipe Vieira (entretanto, Pinto da Costa passou por cá e já levou o único Troféu, perdão, chapéu) "O crime organizado no futebol rende 40 biliões de dólares. É muito dinheiro, principalmente quando se considera que a Máfia quase não tem despesas administrativas" (adaptado de Woody Allen).
Parabéns aos Vencedores! Ranho aos Vencidos! E para o ano acreditem que há muitas mais coisas leves e insustentáveis à nossa espera! Boas Festas e um Feliz 2011 para todos!

Uma questão de franqueza

Hoje, numa entrevista, Jorge Jesus insiste, sobre a goleada de cinco a zero sofrida no Estádio do Dragão, que “todos os benfiquistas podem ter essa certeza, a minha convicção é que estava a fazer o melhor para aquele jogo e para vencer aquela partida”.

Penso que quanto a isso pode ficar descansado. Todos os benfiquistas têm essa certeza, embora seja exactamente essa certeza que os deixa muito preocupados. Os jogadores, esses, então, nunca tiveram dúvidas. Perguntem ao David Luís.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A águia vitória não se foi em vão

A águia vitória foi-se. Em contrapartida, regressa o João Ferreira, para arbitrar o jogo do Benfica contra o Marítimo.

Quando se trata de aves de rapina, devem-se escolher as melhores, mesmo que as melhores não voem ou voem baixinho. Se não houver águia, basta um passarão. O que interessa é a vitória; essa, a que estão a pensar.


[Esta é uma singela homenagem aos trocadilhos e outro género de chalaças do Presidente do F. C. Porto que têm mantido embevecida a imprensa portuguesa, sempre ciente de que "o respeitinho é muito bonito"]

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Maçãs podres

Pelos vistos, queremos mandar “borda fora” o Vukcevic. É verdade que o montenegrino não é bem acabado. Mas também é verdade que a gestão dos jogadores no Sporting, sobretudo dos melhores, tem deixado muito a desejar nos últimos tempos. Os casos têm-se sucedido. Primeiro, o Izmailov. Depois, o Moutinho. Novo episódio, pelos vistos, com o Vukcevic.

É verdade ainda que não se percebe muito bem a utilização do Vukcevic este ano. Joga bem um jogo e no outro a seguir não é titular. Entra a dez minutos do fim em jogos que estão a correr mal. Começou por jogar à direita nos primeiros jogos. Agora pede-se-lhe que jogue à esquerda. Não se compreende como em 4x4x2 não o põem a jogar, ao meio, como avançado.

Enfim, não interessa a variedade. Pode ser Golden, Starking, Royal Gala, Reineta ou Bravo de Esmolfe. Só interessa que seja maçã e das boas. Se assim for, rapidamente apodrece.

Depois das festas, teremos um meio campo mais forte

Este período das festas é terrível. Sinto-me gordo. Pior, estou gordo. Nem sequer preciso de me pesar. Não gosto do que vejo no espelho.

De repente a minha imaginação vai construindo uma figura igualmente gorda. É da equipa de futebol do Sporting. É horrenda. Será que depois das festas o Maniche vai aparecer como o vislumbrei?

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mais uma marca histórica

Hoje ultrapassámos os 20.000 acessos. Não sei se é bom ou mau. Só sei que é uma marca que não imaginámos que pudéssemos atingir quando começámos com isto.

Muito obrigado a todos que nos deram o prazer de lerem o que para aqui fomos escrevendo.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Super Mário: Histórias da época em que o Pai Natal vestiu de verde

Estádio da Luz, 15 de Dezembro de 2001. Aos 86 minutos de jogo o Sporting perdia 2-0 contra o Benfica e parecia irremediavelmente derrotado. Pior do que isso, com esta derrota quase certa o Sporting cederia o comando do Campeonato ao Benfica a duas jornadas do final da primeira volta.

Os media desportivos lisboetas e a enorme falange encarnada nas bancadas da Luz ululavam exultantes pela mais do que certa vitória benfiquista e consequente liderança do campeonato. A partir de certa altura, além dos habituais olés, os sempre simpáticos adeptos da agremiação de Carnide colocaram (premonitoriamente, diria eu) barretes vermelhos à Pai Natal e entoaram aos adeptos e jogadores leoninos o tradicional cântico “A todos um Bom Natal!”
No campo o jogo arrastava-se para o fim. Com duas ou três excepções, os leões pareciam conformados com uma derrota que parecia inevitável. Phil Babb – um dos últimos “xerifões” a sério que passou pela defesa do Sporting, era uma dessas excepções e decidiu cortar pela raiz o coro de olés com uma cordial varridela a Mantorras que ia sassaricando à sua frente. Ricardo Quaresma era outro que, com as suas geniais diabruras pelas alas, ia procurando fugir ao destino.


Até que… o inevitável aconteceu e… Super Mário apareceu. Um penalty ganho por Jardel com a ajuda do futuro candidato à Junta de Freguesia de Almargem (Marco Caneira, actualmente um pouco à margem, mas que nessa altura muito jeito nos deu), Golo de Jardel! Um minuto depois, cruzamento de Rodrigo Tello bombeado para a área, esperem lá, o Super Mário anda por ali de costas para a baliza, sim, ainda por cima (des)marcado pelo “passarinho” do João Manuel Pinto, não querem ver que… sim, Bis de Jardel! Benfica 2 – Jardel, perdão, Sporting 2! Caiu o Carmo e a Trindade e, no dia seguinte, antecipando-se por uns dias à queda de António Oliveira (o “Toni”) no Benfica, caiu... João Soares em Lisboa, caiu... Fernando Gomes no Porto e até… o Governo do outro António Oliveira (o “Guterres”) caiu!
Oito dias mais tarde, dia 22/12/2001, o Sporting recebe o Setúbal no último jogo do ano. Mais uma vez, era fundamental ganhar para dobrarmos o ano em primeiro. Mais uma vez, a exibição da equipa leonina, deixou muito a desejar. Mais uma vez, tudo parecia correr mal - inclusivamente, com a gravíssima lesão de Marius Nicolae, o Sporting, que já tinha efectuado as três substituições, ficou reduzido a dez jogadores (o Setúbal chegou mesmo a falhar um golo de baliza aberta por Marco Ferreira).

E, mais uma vez, aos 92 minutos, o inevitável aconteceu. Em desespero de causa, Beto, a partir do nosso meio campo, bombeia a bola para a molhada (na cuidada expressão técnica do Jornal A Bola, tratou-se de… um milimétrico passe em profundidade), Super Mário, à entrada da área, rodeado “apenas” pelos dois (desamparados, pois claro) centrais setubalenses, recebe-a no peito, de costas para a baliza, roda sobre si próprio e, de primeira, sem a deixar cair, cola-a no canto inferior esquerdo da baliza de Bossio. Jardel, isto é, Sporting 1 – Setúbal 0!
Super Mário, com os seus 42 golos no Campeonato, ofereceu-nos, praticamente sozinho, não apenas o melhor Natal das últimas décadas, como, depois, o próprio título de Campeão Nacional – o último do Sporting Clube de Portugal – e a vitória na Taça. Por isso e mesmo com todos os conflitos da sua responsabilidade que marcaram a restante carreira de Jardel no Sporting, nunca esqueceremos e estaremos sempre eternamente gratos a Super Mario por essa época inesquecível. Valeu, Jardel, o nosso Papai Noel! E, claro, desejo a todos...um Bom Natal!

Parabéns Artur Agostinho

Jornalista, radialista, actor e, principalmente, um enorme Sportinguista. Parabéns, Artur Agostinho, pelos seus 90 anos.

Pensar a família sportinguista

Hoje é um dia dedicado à família. É um dia dedicado também a pensarmo-nos e a pensarmo-nos face ao mundo que nos rodeia. Quem sou? Para onde vou? Etc, etc, etc.

É isso que estou afazer neste momento. E estou a fazer as duas coisas em simultâneo, isto é, estou a pensar a família. Será que se encontrar mesmo que seja uma longínqua relação familiar com o Jesus Correia e o Correia dos Santos posso vir a ter direito a um lugar numa próxima mudança organizacional do Sporting?

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sem prendas no sapatinho

Neste Natal, não me parece que vamos ter as prendas no sapatinho que bem precisados andamos. Ficamos com a conclusão de uma mudança organizacional e um Director Geral e é um pau.

O Natal nunca foi uma grande época para nós. Andámos os anos 80 e 90 a levar com piadas parvas sobre o facto de nesta altura já termos perdido tudo o que havia para perder. Do tipo, “este ano não chegam ao Natal”; “está a chegar o Natal”.

Mesmo assim, desejo a todos os que nos têm dado o prazer de nos lerem um Bom Natal. Para isso, deixo-vos um postal da autoria do meu amigo João Paulo Bessa que, a meu ver, reproduz muito bem o nosso espírito nesta altura.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Mudança organizacional

De acordo com o nosso Presidente (do Sporting, refira-se), com a entrada do Couceiro concluiu-se o processo de mudança organizacional da SAD. Fiquei mais descansado. A autêntica anarquia que caracteriza o nosso futebol devia-se, então, ao facto de a mudança organizacional não estar concluída. Fiquei também descansado pelo facto de não precisarmos do Carlão para a concluirmos em definitivo. Chega o Couceiro.

Espero que a contratação de um central, de dois extremos, de um avançado e de um treinador não seja uma mudança organizacional. De outra forma, estamos tramados.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A mais breve (mas mesmo breve) história de quase tudo

Ontem dizíamos aqui que precisávamos de um central para emparelhar com o Carriço. Não perdemos tempo e contratámos o Couceiro. Também dizíamos que precisávamos de dois extremos à maneira. Não perdemos tempo e contratámos o Couceiro. Concluíamos afirmando que precisávamos de um avançado que nos fizesse lembrar o Liedson de há alguns anos atrás. Não perdemos tempo e contratámos o Couceiro.

Falta o Carlão (não o do Leiria) para o plantel ficar completo.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A Short History of Nearly Everything

Não era preciso mais. Bastava um central de jeito, para jogar ao lado do Carriço, dois extremos rápidos, daqueles que fazem a diferença, e um avançado ao nível do Liedson na distante época de 2004/2005 em que marcou 25 golos. Despachava-se o Djaló para o City, o Saleiro para a cozinha, o Izmailov para o Gulag e o Polga para o Complexo do Alemão. Não era preciso mais. Com isto qualquer Paulo Sérgio se tornava no “Mestre da Táctica” ou no novo "Mourinho da selecção das Ilhas Virgens". Inventava menos e passava a ser tão previsível como o Augusto Inácio. O resto são masturbações pseudo-teóricas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Mixed feelings

Antes de começar o jogo contra o Setúbal, a derrota era o resultado desejável. É preciso por o treinador a andar e quando mais depressa melhor. Quando começa o jogo, não conseguimos despir a camisola.

Quanto ao jogo, não foi diferente de muitos outros anteriores. Uma razoável anarquia táctica, com mais uns jogadores a entrar e outros a sair. Desta vez havia, pelo menos, a desculpa das lesões.

Reeditámos a versão ala direita com Abel e João Pereira. O Abel está imparável. Marcou, até ao momento, tantos golos como o Postiga, que, como se vai dizendo para aí, está a fazer uma época excepcional. Sendo assim, não consigo qualificar a época do Abel. Marca tanto como o Postiga jogando muito menos tempo. O João Pereira é simplesmente o melhor jogador do Sporting. Ataca, defende, dá umas porradas, leva outras, corre o tempo todo, centra com a propósito, etc, etc, etc. Face à raça que demonstra, os outros parecem uns meninos.

Quanto ao resto, pelo menos por uma vez a falta de jeito do Djaló para a bola foi providencial. De outra forma não teria acontecido o primeiro golo, onde a falta de jeito para dominar a bola enganou o próprio defesa. No terceiro golo, a forma absolutamente espectacular como falhou o remate permitiu um improvável chapéu ao guarda-redes, que estava deitado no chão.

Agora, chega o Natal e o Paulo Sérgio ainda por cá continua e por cá vai comer as filhoses. A tradição já não é o que era.

Marca histórica

Este é o centésimo “post” deste blogue. Para o que era uma brincadeira de férias, nada mau. Se disséssemos que esperávamos tanto, estávamos a mentir. Muita gente por aqui tem passado.

O conteúdo deste blogue difere um pouco daquele que constituía a nossa expectativa inicial. Esperávamos que o Sporting, nesta altura, estivesse a jogar melhor e com melhores resultados. Se assim fosse, diríamos melhor do Sporting. Mais, teríamos mais graça quando falássemos mal dele. Por vezes, isto parece um velório e não era esse o objectivo.

Pensávamos falar mal do Benfica com mais frequência. Motivos não nos têm faltado. Só que, também aqui, o Sporting não tem ajudado. É difícil falar mal dos outros quando nós ainda estamos pior. Por exemplo, depois dos cinco a zero que levaram nas Antas, havia muita coisa para dizer. Só que nós, para não ficarmos atrás, resolvemos perder em casa com o Guimarães, da forma que todos conhecemos. Mas ainda vamos a tempo de recuperar o tempo perdido.

Do Porto, estávamos à espera que estivesse a fazer melhor campeonato que no ano passado. Não estávamos era à espera que estivesse invencível. É que, assim, é mais difícil falar mal dele. Apesar de tudo, o Vilas Boas tem-se revelado um “cromo” muito razoável. Está aqui uma aposta com futuro.

Em conclusão, se vocês quiserem e não nos faltar a paciência entretanto, pode ser que a este se sigam mais outros cem. Quem sabe?...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Tunnel of Love

Consta que o Benfica já está a preparar a 2ª volta do campeonato. Ontem fizeram um simulacro no túnel e encheram de pancada o tratador da águia Vitória. Pela choradeira do homem, dá para ver que os “setuartes” estão em forma. Sapunaru e Hulk que se cuidem.

sábado, 18 de dezembro de 2010

O que faz correr Maniche?

A gestão por objectivos é uma treta. Perguntem aos funcionários públicos pelo SIADAP e, quando os virem espumar pela boca, perceberão muito melhor do que estou a falar. Mas se alguém tinha dúvidas sobre isso, agora, fica esclarecido com a renovação do contrato do Maniche.

Pelos vistos, se o Maniche jogasse 20 jogos a titular veria automaticamente o seu contrato renovado por mais um ano e com um acréscimo de vencimento. Esqueceram-se foi de acrescentar que não bastava jogar 20 jogos, era preciso que os jogasse bem. A qualidade prevalece sobre a quantidade.

Pelos menos ficámos descansados. A partir de agora, o Maniche já não tem nenhuma motivação para jogar (nem bem, nem mal). Pode ser que, assim, encontrem alguém que seja capaz de jogar melhor e com aspecto de jogador no activo. Isto se não for pedir muito.

Império à Deriva: Paulo Sérgio e a sua Corte Real

No “Império à Deriva", de Patrick Wilcken, é relatada a fuga e instalação no Brasil de D. João VI e da Corte Real portuguesa na sequência da primeira das Invasões Francesas. De acordo com Wilcken, em pouquíssimo tempo, “uma burocracia europeia de grande escala, com todo o aparato de uma monarquia imperial absoluta, instalara-se nos trópicos. (…) Os milhares de pessoas que trabalhavam no palácio atraíam imediatamente a atenção dos estrangeiros. O grande número de cortesãos que tinham ido de Lisboa fora aumentado por uma quantidade de escravos, empregados nos jardins do palácio, nas lavandarias e cozinhas. Lá dentro, os corredores estavam cheios de supranumerários, embora, de acordo com a delegação austríaca, o serviço fosse mesmo assim mau. (…) O enviado alemão, Conde von Flemming, escreveu as suas impressões num Relatório para Berlim: (…) Nenhuma outra corte tem tão grande número de criados, assistentes de guarda roupa e especialmente criados uniformizados, cocheiros… Tamanha tendência para o orientalismo… de forma nenhuma corresponde ao seu luxo”.

Duzentos anos depois, no Reino de Alvalade, o nosso “Mourinho de Estremoz” tem, para o ajudar a sortear a equipa de futebol, nada mais, nada menos do que… cinco adjuntos! Bem sei que ”Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa”, mas esta talvez não seja a melhor forma de o conseguir. Enfim, trata-se de uma daquelas situações típicas em que, como dizia Ambrose Bierce, economizar é "adquirir o barril de whisky [marado, acrescento eu] de que não precisamos, pelo preço da carne de vaca que não nos podemos dar ao luxo de comprar".

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cabeças a (en)rolar

Acordei mais tarde para não correr qualquer risco de chegar ao café da esquina e o Sr. Flávio não me anunciar que despediram o Paulo Sérgio. Mesmo assim, ouço o noticiário da TSF enquanto me levanto e nada. Chego ao café e nada. Leio a Bola e nada. O Sr. Flávio atira-me com a expressão do costume “ontem não correu bem”. Pergunto-lhe se sabe se já despediram o Paulo Sérgio. Disse-me que não.

Vou no carro ao ouvir a TSF e continua não se saber nada. Não posso acreditar que nada tenha acontecido. Leio no quiosque ao pé do trabalho o cabeçalho do “Record”. Diz que “vão rolar cabeças”. Animo-me, não me passava pela minha (cabeça) que não fosse acontecer nada.

De manhã não soube mais nada. Vou almoçar e nada ainda. A tarde passa a correr e ninguém entra pelo gabinete a dar-me a notícia. Desespero. Ao fim da tarde não aguento mais. Vou ao Google e procuro a notícia do despedimento do Paulo Sérgio. Descubro simplesmente que o Costinha está “despontado com o resultado de ontem”. Eu também estou só que me lembro de umas tantas expressões mais adequadas.

Fica para segunda-feira, depois do jogo com o Setúbal. É capaz de ser mais barato.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A última canção

Entro no carro e começo a ouvir um relato. É o do Sporting contra Levsky de Sofia. Pensei que o jogo fosse mais tarde. O locutor, monocórdico, descreve uma jogada de ataque do Sporting. Informa-nos que o Abel, para ele, tem sido o melhor jogador em campo. Essa informação mais o tom de voz desalentado não deixa dúvidas. Estamos a perder. Temo o pior. Afinal é só um a zero.

Enquanto me dirijo para casa continuo a ouvir o relato. Nada de relevante acontece. O treinador tira um médio e mete um avançado. Depois tira um defesa central e mete um médio. Reedita-se, pela enésima vez, a táctica de, quando estamos a perder, tirar médios e defesas e meter avançados.

O jogo acaba sem grandes emoções. Comenta-se que controlámos o jogo; que os jogadores se esforçaram; que tivemos azar; que o Levsky só defendeu. Desligo o rádio.

Amanhã, quando acordarmos, o Paulo Sérgio já está despedido. De outra forma, é porque perdemos a vergonha.

H0 NEstúpidos

Embora a OMS ainda não o tenha confirmado, estou plenamente convencido que há uma pandemia de estupidez em Portugal provocada pela vaga de frio. O primeiro caso deu-se ontem à tarde no relvado do Dragão e teve como protagonista o jornalista António Cancela. Seguramente que influenciado por uma bagaceira que o Reinaldo Teles lhe deu, o homem nomeou Paulo Sérgio como o “técnico dos lagartos”. Rapidamente, o vírus propagou-se à Direcção do Sporting que, não tendo mais nada para fazer até porque tem um plantel recheado de grandes mamíferos, cortou relações com o canal televisivo. A coisa podia ter ficado por aqui, mas uma pandemia é o contrário disso mesmo. Logo, a SIC apresentou desculpas. O problema é que para isto ainda não inventaram qualquer vacina e não há analgésico que alivie a vergonha.

Mr. Entertainment Karaoke Professional

Há coisa de 25 jogos que André Villas Boas ultrapassou o principio de Peter. É espantoso. Tão espantoso que o homem anda deslumbrado. Tão deslumbrado que acha que o grande atributo de uma equipa que joga com 4 brasileiros, 2 uruguaios e 3 argentinos, é “mostrar o melhor do futebol português”. Ainda se fosse treinador do Besitkas...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Momentos Únicos: Homenagem aos Saucedos Desconhecidos…




As imagens de forte conteúdo simbólico desta notável curta metragem da autoria do realizador argentino Leandro Grimi, pretendem recordar e homenagear “unhas” tão promissoras do "Hall of Fame" leonino, como ….
Uchoa, Bukovac, Kikas, Hamilton, Bela Katzirz, Jason, Roger Wilde, Kaloga, Diallo, Fernando Cruz, Saucedo, Duílio, Forbes, McDonald, Peter Houtman, Rodolfo Rodriguez, Eskilsson, Ali Hassan, Miguel, Carlton Banze, João Luís II, Maside, Portela, Valtinho, Edel, Bozinowski, Guentchev, Tó-Zé, Barny, Carlos Jorge, Luís Miguel II,  Lemajic, Costinha, Luís Vasco, Chiquinho Conde, Pedro Martins, Afonso Martins, Mauro Soares, Ouattara, Skuhravy, Gil Baiano, Balajic, César Ramirez, Missé-Missé, Nenê, Didier Lang, Renato, Leão, Giménez (mais tarde conhecido como Bruno Marioni…), Ivo Damas, Kmet, Krpan, …., …., …., ….
…. que, ao longo dos anos 80 e 90, deram o seu melhor em prol do futebol do Sporting, acabando, no entanto, por… tropeçar em si próprios e cair desamparados no esquecimento. Como dizia Epicuro “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo".

Estamos a mudar e não há razão para isso (parte 2)

Os malianos de quem ontem falava são o Abdoulaye Kaloga e Amadou Diallo. Os seus feitos perdem-se na bruma dos tempos.

Kaloga, depois do Sporting (onde não jogou), foi para o Sporting da Covilhã juntamente com o Gabriel (lateral direito e antigo jogador do Porto) e Saucedo (um argentino bigodudo de cabelo carapinha). A seguir foi para o Grupo Desportivo dos Ferroviários, em Santarém, onde se manteve até 2004, altura em que se retirou com 45 anos.

Ao Amadou Diallo foram destinados outros voos. Passou pelo Académico de Viseu, Penafiel, Quarteirense e Portimonense. Hoje, é o seleccionador da selecção olímpica de futebol do Mali.

Se não fossemos nós, o que teria sido do futuro deste dois, na altura, jovens? Foi sempre isto que nos distinguiu dos demais.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Apaguem as luzes

Maniche diz que “é nos maus momentos que se vêem os verdadeiros sportinguistas.” Acho que já tivemos tempo suficiente para ver quem são eles. 

One Flew Over the Cuckoo's Nest

Luís Filipe Vieira é quase tão desconcertante como aquele extremo diabólico, conhecido por Pacheco, que numa final da Taça dos Campeões perdia as botas de cada vez que fazia um sprint. Quando já nos tínhamos esquecido daquele oportuno édito que tinha salvo os sócios de ver a goleada no Dragão, eis que o vidente presidente decide que agora já o podem fazer. Mas agora? Agora que aos jogos em casa já só vão uns quantos rapazes de Foz Côa fazer gravuras na garagem?

Estamos a mudar e não há razão para isso

O que mudou não foi a equipa de futebol nem o treinador. Esta é tão má como muitas outras das décadas de 80 e 90. O Paulo Sérgio parece um doutor quando nos lembramos do Octávio Machado.

O que é diferente é a crença. Nós acreditámos que podíamos ganhar o campeonato com o Ali Hassan, o Valtinho, o Duílio, o Bozinovsky ou o Pedro Barny. Apostámos no trio búlgaro Kostov, Bukovac e Buskovic. Vimos grande futuro numa dupla de jovens malianos que não me lembra o nome. Ficámos deslumbrados com a velocidade estonteante do N’wokocha. (Não vou continuar com este registo que me está a dar uma vertigem). Essa é que é a diferença e não há razão para ela.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Rockefeller Center da Luz

Ninguém me tira da cabeça que aquela pista de patinagem no gelo que colocaram  junto ao Estádio da Luz foi oferecida pelo Shalke. Sabendo que eles iam de patins da Liga dos Campeões quiseram que tivessem condições para praticar. Ainda há quem se queixe da Alemanha.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Bode respiratório

Luís Filipe Vieira diz que o Jota Jota faz parte da solução, não do problema. Como lhe explicaria Mourinho, “nem o Einstein diria melhor”. Todos estão cansados de saber que o BPP é o único problema do qual Jota Jota faz parte. Mas nesse caso tem apenas um 1/10 milhões de avos da solução. Assim são as coisas e não há que ser de outra forma.

A perder, que seja sempre assim

Hoje (ontem) o jogo contra o Setúbal calhou com o tradicional jantar de Natal do trabalho. A festa é sempre muito agradável. O chefe participa nela e todos gostamos muito dele. Todos dizemos, aliás, mais ou menos o mesmo dele. Ele próprio se preocupa muito com isso, e distribui antes de cada um dos jantares uma pequena nota com os termos que devem ser usados para esse efeito.

O facto de ser o chefe não altera nada a minha visão sobre o ambiente que se vive nestes jantares. Existe uma grande liberdade e todos podem dizer o que pensam, seguindo a tal nota, que, parecendo que não, ajuda muito.

Uma senhora acabou mesmo por dizer que o chefe era muito bonito e sensual. A senhora também era muito bonita e sensual, apesar de estar cheia de frio, pois esteve em fato de banho dentro de um bolo durante muito tempo. Queriam que ela aparecesse só em fato de banho, mas não me pareceu boa ideia, face ao período natalício que se atravessa. Assim teve que trazer também o barrete do Pai Natal e é se queria. Enfim, teve que se pagar bem, mas valeu a pena.

Quanto ao jogo, só vi até ao segundo golo do Setúbal. Cada vez que marcavam um e filmavam o Manuel Fernandes, lembrava-me sempre dos que ele marcou ao Benfica quando lhes demos sete ou, mesmo, aquele que lhes “roubou” o título, na Luz, na época 85-86. O Manuel Fernandes será sempre o meu capitão.

Já me ia esquecendo. As pessoas do trabalho também ficaram muito tristes com o resultado. Uma ou outra ao princípio ainda era do Porto e assim. Agora ou são do Sporting ou do Salgueiros, que é um clube muito simpático aqui do Porto.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Enquanto estavam umas boas Suecas a jorgar curling no Eurosport

Já houve campeões a distribuir fruta, há aqueles que são mesmo bons é a dar pau, mas ninguém ganha ao Sporting a dar prendas. Nem o Pai Natal. Para mais, nesta época do Advento, comoveu-me a generosidade do Polga. Pode parecer excesso de sensibilidade, mas se tivermos em conta que esta semana apareceram 4 cadáveres num Lar na Charneca da Caparica, ver o Sporting a tratar com tanto afecto o Zé Pedro, o Neca, o Hugo Leal e o Miguelito comove até o mais intrépido coração. Está bom de ver porque se trata de um clube diferente. É bem verdade que perde como todos os outros, mas trata bem os idosos e cuida de preservar as tradições. Assim são as coisas e não há que ser de outra forma.

Porque hoje há Taça

Alvalade 

[Alvalade XXI, 27 de Maio de 2007]

Já cá canta o pinheiro e ainda não chegou o Natal

Quem não precisa de um pinheiro somos nós. Aproveitando o mercado de Inverno, contratámos o Sérgio Barroso.

Não fomos em academias, preferimos a experiência. Anti-benfiquismo testado e experimentado nas épocas do Calabote e assim. Resistência ao período das quinhentinhas e da fruta ao pequeno-almoço. Esperança até morrer, mesmo quando fomos treinados pelo Queiroz.

Está formada a equipa que nos há-de dar grandes alegrias.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A eterna dúvida

A arbitragem da passada segunda-feira do Elmano Santos, no jogo do Porto contra o Setúbal, levantou, de novo, a prinicipal dúvida que tem marcado o futebol português nas últimas décadas.

O Porto foi o melhor clube português nos últimos 30 anos. Nele jogaram, nesse período, alguns dos jogadores mais admiráveis que passaram pelo futebol português. Sendo sportinguista, não me custa mesmo nada reconhecer que a vitória de Viena (contra o Bayern) foi um dos momentos mais empolgantes de futebol que me foi dado assistir. Mais, para mim, o Bobby Robson, que foi corrido do Sporting, foi o melhor treinador de sempre.

Nesses 30 anos, o Porto teve jogadores e treinadores notáveis mas também teve jogadores e treinadores medíocres. Os outros nem sempre tiveram piores jogadores e treinadores.

O facto de terem sido melhores, não tem nada que ver com corrupção e tráfico de influências. A questão não é o Porto ter sido melhor; é a dúvida se foi sempre (e, digo, sempre) melhor quando ganhou todos os campeonatos que ganhou. E essa dúvida mata…

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sporting (em)polga

Passei o fim-de-semana a anti-histamínicos. Assim, hoje, tive mais uma razão para me sentir ensonado a ver um jogo do Sporting. Tão ensonado estive que não me lembro de grande coisa.

O treinador, por força das circunstâncias, está com cada vez menos margem de manobra para baralhar e dar de novo. Na defesa não há muito a fazer. Jogam aqueles e mais nada. Ainda lhe deu na cabeça inventar aquela da dupla Abel – João Pereira na ala direita, mas, depois do João Pereira lhe dizer que andava amuado, passou-lhe.

No meio campo jogam aqueles três. O Pedro Mendes e o Maniche porque mandam no treinador (com a vantagem de o Pedro Mendes ainda fazer as vezes de treinador dentro de campo). O André Santos porque corre e joga por eles.

No ataque, o Postiga joga sempre e a até ao último minuto praticamente; mesmo quando está a entrar em coma. Sobram dois lugares. Um acaba por ser para o Liedson. Porque ou ele começa a jogar e ainda podemos aspirar a alguma coisa ou então nada feito. Sobra um. Hoje calhou ao Vukcevic. Jogou bem, em minha opinião. O que, provavelmente, significa que para o próximo jogo sai.

Quanto ao jogo, como disse, lembro-me de pouco. Na segunda parte, então, penso que não terá acontecido mesmo nada. O Patrício está cada vez mais guarda-redes. O André Santos começa a parecer melhor que o Moutinho (atenção, só deixei de gostar do Moutinho quando o começaram a por a jogar a 10; nessa posição decidia sempre mal: passava quando devia fintar ou levar a bola, levava a bola ou fintava quando a devia passar).

Dois ou três apontamentos finais. Os livres são marcados por quem berra mais alto. Nem sei sequer se esse é o critério. Quando vi, primeiro, o Polga e, depois, o Postiga a marcar livres directos à entrada da área, ia-me dando uma coisa. Vale a pena não insistir com o Vukcevic e o Maniche não vão eles querer marcar golos. No golo do Portimonense, assistiu-se a mais um capítulo da nossa interminável saga de golos sofridos na sequência de lances de bola parada. A defesa, como diz o meu amigo Júlio Pereira, avançou às arrecuas para a bola.

Por fim, o nosso treinador teve que contribuir para uma parte final do jogo mais emocionante. Alguém lhe deve ter dito que quando estamos a ganhar devemos defender com unhas e dentes o resultado mesmo que o adversário não ataque. Assim não foi de modas: tratou de tirar um avançado para meter um defesa e deixar-se pressionar pelo adversário.

Isto foi tudo tão chocho que não me ocorre sequer a “punch line” habitual.

Mestre Pal Hu promete: “O melhor está para vir” (*)

Pouco a pouco, subtil e pacientemente, a filosofia militar do Mestre Pal Hu vai-se impondo e fazendo escola no Reino de Alvalade.
A sua estratégia militar baseia-se, como já aqui dissemos, na Arte Oriental da Guerra e é genialmente simples: o inimigo deve desconhecer sempre a zona chave que Pal Hu pretende atacar, porque, ao não a conhecer, terá de se dividir e, consequentemente, de dispersar cavaleiros por todo o campo de batalha. Ora, se o inimigo tiver que cobrir todos os pontos, em todos os pontos ficará fraco, resultando daqui que Pal Hu, ao concentrar a sua força de ataque numa determinada zona chave, encontrará muito poucos cavaleiros a defendê-la.
Para se transformar no senhor do destino do seu adversário, Mestre Pal Hu, antes de cada batalha, oculta totalmente as suas ideias para que ninguém as note, conservando-se calado para que ninguém o ouça. Depois, de forma súbita e imprevisível, decide, por vezes, utilizar cavaleiros para atacar onde o inimigo menos espera, outras vezes recorre a besteiros e arqueiros para tomar um ponto chave aparentemente insignificante, para agitar a sua direita, ultrapassar a sua esquerda, alarmá-lo na vanguarda e, finalmente, golpear furtivamente pela retaguarda. Durante o dia, confunde o inimigo, agitando freneticamente bandeiras e guiões de um lado para o outro. De noite, perturba-o com bombos e vuvuzelas. Temeroso e a tremer, o inimigo divide as suas forças a fim de tomar precauções.
Segundo o Mestre, com esta estratégia “o inimigo não descobrirá onde surgirão os meus carros, de onde virá a minha cavalaria, para onde irá a minha infantaria, pelo que se dispersará e se dividirá, tentando defender-se de mim em todos os lados. Com as forças espalhadas e enfraquecidas e a sua força dissipada e quebrada, no local em que eu atacar, poderei servir-me de uma grande hoste para vencer então as suas pequenas unidades isoladas”.
Infelizmente, nestes cinco meses do seu comando, esta estratégia não tem dado os resultados esperados. Geralmente, seguindo o exemplo do General Inglês William Forbes Gatacre na Guerra dos Boers, Pal Hu decide efectuar uma marcha nocturna seguida de um ataque de surpresa pela madrugada. Normalmente, não só desconhece o caminho, como também consegue esquecer-se de trazer alguém que o conheça. Como resultado, a madrugada encontra-o, frequentemente, a ele e ao seu exército, atrás dos montes à frente dos quais deveria estar.
Após alguns momentos de confusão, durante os quais perde completamente o sentido de orientação, Mestre Pal Hu conduz o seu exército, regra geral, na direcção errada, com as costas voltadas para o inimigo. Este último, recobrando-se da nova experiência de ser atacado por um exército que parece mover-se em sentido contrário, lá acaba por abrir fogo, geralmente com resultados tão devastadores que, em apenas 45 minutos, a tropa de Pal Hu está em debandada. Quando o exército se reagrupa, Pal Hu fica normalmente encantado ao verificar que apenas sofreu 2 baixas – geralmente, Maniche e Pedro Mendes. A euforia dura, no entanto, pouco, porque uma segunda contagem revela afinal que, por mero equívoco, 3 soldados - Postiga, Liedson e Valdés - são frequentemente deixados para trás, nos montes dominados pelo inimigo. Uma vez que ninguém lhes disse para retirar, ficam geralmente prisioneiros do inimigo. No final, forja-se uma história com o intuito de preservar a reputação do Mestre – ou é o azar de ter atirado muitas bombardas a rasar os alvos inimigos, ou é o terreno de combate que estava irregular, ou, então, são os prometidos reforços que afinal não chegaram”…
Enfim, parece que finalmente estes sucessivos desastres estão definitivamente ultrapassados e, agora sim, promete Mestre Pal Hu que “O melhor está para vir!”. Suspeito é que, infelizmente, ontem não tenha sido a véspera desse dia…

(*) Adaptado de “A Arte da Guerra” de Sun Tzu e “A Psicologia da Incompetência dos Militares” de Norman Dixon

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pode ser que despeçam o Paulo Sérgio até chegarem os dezasseis-avos-de-final

Bom, muito bom mesmo. Dificilmente poderia ser melhor: jogar tão pouco e mesmo assim ganhar ao Lille. Ganhar, ainda por cima, com um golo de Polga.

Um senhor na televisão disse que jogámos em 4x3x3. Eu não sei. Aliás, nunca sei em que táctica jogamos. Não sei sequer se temos uma. Umas vezes jogam uns, outras jogam outros. Chamar a esta gestão, de entradas e saídas, mais ou menos caótica, de jogadores na equipa, táctica(s) só com muito boa vontade.

Salvou-se, como sempre, a vontade dos jogadores. Deram o que puderam, apesar de na segunda parte parecerem estar com os bofes de fora. Nada que não aconteça noutros jogos, o que suscita algumas suspeitas sobre a preparação física da equipa.

A defesa, com um ou outro susto, esteve bem. O Patrício esteve magnífico. Praticamente não fez uma defesa e a única bola com selo de golo acabou por ir de encontro ao poste. Na recarga, quase sem saber como, a bola acabou por lhe ir parar às mãos. Os grandes guarda-redes têm duas características fundamentais: sorte e dão frangos com estilo

O meio campo parece a equipa de veteranos do Porto. Penso que o Costinha ainda pode lá fazer uma perninha. Dessa equipa do tempo do Mourinho, ainda temos o Nuno Valente e o Postiga. Penso que devíamos pedir ao Jorge Costa e ao Pedro Emanuel para virem dar uma ajuda também. A entrada do Zapater foi providencial. Gostei da forma como, na única vez que tocou na bola, marcou um livre directamente para fora quando queria passar para um colega que estava a dez metros.

O ataque também esteve ao nível que nos vem habituando. Ninguém se consegue lembrar de nada que tenha feito, a não ser da mão (de Deus) do Postiga no lance do golo. O Vukcevic entrou um pouco mais animado e ainda fez das suas. Deu um golo ao Liedson, mas ele já não resolve como resolvia. O “killer instinct” continua intacto, a idade é que não perdoa.

Em Março, quando chegarem os dezasseis-avos-de-final, pode ser que já tenham despedido o Paulo Sérgio. Pode ser …

domingo, 28 de novembro de 2010

Até amanhã camaradas



Vi o jogo de ontem com o Porto enquanto jantava com os meus amigos de Viseu. O pretexto foi a tentativa do Liceu Alves Martins de bater o record do Guiness da “maior reunião escolar do mundo”. O jantar foi o derby do costume. Há os sportinguistas, em maioria, e os benfiquistas. Nos tempos que já lá vão, em Viseu, ninguém era do Porto. Assim, havia os que queriam que ganhasse o Sporting e os que o Porto perdesse.

A parte das entradas e do arroz de míscaros correu muito bem. O Falcão quase que me fazia engasgar com um bocado de morcela. Mas, com excepção desse lance, a coisa foi correndo bem. Tão bem que até marcámos um golo: pontapé de baliza do Patrício, tentativa do Liedson de cabecear a bola, asneirada de um tal de Maicon e golo de Valdés.

Ao intervalo começou a chegar o bacalhau. O bacalhau mudou tudo. Os do Porto desataram a correr e a passar com rapidez a bola de uns para os outros, No Sporting só o André Santos se parecia com eles. Estava-se mesmo a ver o que se ia passar. O Patrício ainda salvou a primeira (momento em que gritei: “Patrício a titular da selecção, já!”). A segunda foi a crónica de uma morte anunciada. Falcão marcou mas podia ser qualquer outro. A partir do momento em que o Maniche ficou esparramado no chão e a bola chegou ao Hulk, sabíamos que o golo ia acontecer.

Temeu-se o pior. Ainda está demasiado presente a goleada impressionante do Porto ao Benfica. As tranches de vitela já chegaram em ambiente de elevada a ansiedade. Por essa razão, atacámo-las com todas as forças que nos sobravam, enquanto o Liedson tratava do Maicon. O jogo ficou cada vez mais confuso. O Sporting sentia que tinha a obrigação de ganhar mas não sabia o que fazer. O Vukcevic ainda entrou mas dedicou-se a mostrar as suas qualidades de jogador de “futsal”. O Porto, mais pragmático, deu o assunto por encerrado.

O café e o digestivo (es)correram em ritmo de rescaldo. A noite foi avançando e o jogo foi ficando cada vez mais distante.

Acordei, hoje, com uma dor de cabeça das antigas e com a boca, como se dizia, a saber a papel de música. Arrumei a mala e regressei a casa. No caminho, soavam-me na cabeça as palavras de um amigo meu recordando o Eça e o final do Maias:

“— Falhámos a vida, menino!
— Creio que sim... Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é, falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: «Vou ser assim, porque a beleza está em ser assim.» E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Às vezes melhor, mas sempre diferente”.

Combinámos que não deixaríamos passar tanto tempo sem voltarmos a jantar juntos. Em Março, voltamos a encontrar-nos, provavelmente, sem Paulo Sérgio e com o FMI.

Até amanhã camaradas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Porque espera o FMI?

Somos todos portugueses e, portanto, hoje somos todos benfiquistas. O que aconteceu ao Benfica merece reflexão cuidada. Um reflexão a partir de fora e, por essa razão, mais isenta e menos comprometida. Uma reflexão sem sectarismos clubísticos. É tudo isto que nos propomos fazer.

Há coisas que não se percebem. Joga o Kardec, joga o Cardozo ao pé-coxinho e não joga o Nuno Gomes. Alguém é capaz de explicar isto? Será que ninguém se lembra da forma como, de costas para a baliza, vai criando linhas de passe para os seus colegas? Da sua pontual mas, quantas vezes, providencial eficácia? Do ponto de apoio que constitui para a construção da dinâmica de ataque? Quem é que pode tabelar com o Cardozo? Quem pode fixar os centrais para permitir os remates de meia distância do Carlos Martins ou, mesmo, do Aimar?

E em situações desesperadas como as de hoje, depois de sofrer o segundo e terceiro golos, quem é que pode entrar e mexer com a alma da equipa? Alguém acredita que é o Jara? Ou o Cardozo? Todos nós sabemos quem deve entrar nestas alturas. Foi assim no passado e nada impede que não seja assim no futuro. Vamos soletrar para todos perceberem: M-A-N-T-O-R-R-A-S.

E que dizer das aquisições? Com Roberto, Jara, Gaitan e Salvio esta equipa não é capaz de jogar mais do que jogou contra o Hapoel (que ganhou, pela primeira vez, na Champions League)? Onde está a ambição enunciada no final da época passada e no princípio desta?

O Benfica continua um projecto adiado. Continua a prevalecer uma óptica de curto prazo em detrimento de uma estratégia pensada e amadurecida de médio e longo prazo. Há Jesus e Viera a mais e Rui Costa a menos. É preciso revisitar as razões que levaram o Rui Costa para a SAD. É preciso mais projecto e mais mística. É preciso pensar o futuro sem esquecer o passado.

Recriar, hoje, o Benfica no seu glorioso passado pressupõe alguém com outra visão estratégica. Alguém que pense o Benfica para os benfiquistas. Alguém como o Queiroz. Perguntem ao Toni se eu não tenho razão?...

domingo, 21 de novembro de 2010

Há pior do que isto?

Hoje esteve frio. Sai de casa para ver o Sporting no café da esquina. Estive a ver o jogo com mais meia dúzia de almas que a vida não tem tratado bem. Apesar de tudo, nenhum era do Sporting. Para além de sportinguista sou, sem dúvida, anormal.

Assisti a um dos piores jogos de sempre. O treinador não pára de me surpreender. Jogámos com dois pontas de lança (Postiga e Liedson). O Valdés, que se começava a notabilizar a jogar a 10, foi outra vez mandado para médio esquerdo. O Djaló entrou para médio direito. A primeira parte foi a confusão total. Acabámos por marcar um golo de ressalto. Isto depois de termos assistido a uma jogada entre o Djaló e o Postiga digna do Bucha e Estica.

Por mais incrível que possa parecer, na segunda parte a coisa foi pior. Nos primeiros minutos, o Valdés veio para o meio, o Liedson foi para o lado direito e o Djaló passou para médio esquerdo. Depois saiu o Djaló e entrou o Vukcevic. O Valdés voltou para médio esquerdo e o Liedson para ponta de lança. A seguir entrou o Diogo Salomão para médio esquerdo e saiu o Liedson. O Valdés veio para o meio outra vez. Ninguém entendia nada daquilo e muito menos os jogadores.

Enquanto o Pedro Mendes jogava a passo, o desgraçado do André Santos corria que se fartava. Era ele que tinha que tapar aquele enorme buraco no meio campo que ia do Pedro Mendes, quase sempre encostado aos centrais, aos pontas de lança. O rapaz deu o que tinha e o que não tinha. Mas o jeito também não é muito e ninguém lhe pode pedir que, sempre em desvantagem no meio, vá organizando jogo.

O Paços de Ferreira ainda conseguiu jogar pior do que nós. É difícil. Mesmo assim, a meio minuto de acabar o jogo, ainda ia empatando. Essa jogada foi notável. A acabar o jogo, com o Sporting a ganhar um a zero, o Paços de Ferreira fez um contra-ataque e ficaram três avançados para dois defesas. A falta de jeito deles também é tanta que a bola acabou por ser rematada para fora.

No meio desta desorganização toda, o árbitro ainda conseguiu ser pior do que qualquer das outras duas equipas. O Bruno Paixão é um fenómeno e maior fenómeno é quem o deixa andar nesta vida.

Há pior do que isto? Não sei, mas duvido.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

¡Hasta La Victoria Siempre!




Aprendimos a quererte,
Desde la histórica altura,
Donde el sol de tu bravura
Le puso cerco a la suerte.

Tu mano gloriosa y fuerte
Tu batalla por la verdad,
Quando todo Alvalade
Se despierta para verte.

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa,
Donde espera la firmeza
De tu brazo libertario.

Seguiremos adelante,
Como junto a ti seguimos
Y como leones te decimos :
«¡Hasta siempre Comandante!»

Aquí fuiste general y sargento,
Com la entrañable transparencia
De tu querida presencia,
Comandante Paulo Bento!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Uma tareia das antigas

Nem tudo corre sempre mal. Este fim-de-semana demos uma tareia das antigas ao Benfica em andebol. O resultado final (28-21) não traduz a nossa superioridade. No último minuto, o nosso guarda-redes, que fez uma exibição notável, facilitou um bocadinho e deixou-lhes marcar dois golos. Percebe-se a magnanimidade: são todos colegas dele (na Selecção) e não gosta de os desmoralizar, tanto mais quando eles estavam desde, praticamente, os cinco minutos da segunda parte sem marcar qualquer golo.

Fizemos um excelente jogo. Sobretudo, defendemos muito bem, com o Hugo Figueira a fechar simplesmente a baliza na segunda parte. O resultado final deve-se muito a esta performance defensiva. No ataque, embora não tão bem, surpreendemos o adversário. Não nos precipitámos. Tivemos tempos de ataque longos sem cair em jogo passivo. Fomos mais imaginativos (aquela de colocar o Ricardo Dias a “pivot”, que frequentemente se deslocava para a primeira linha, surpreendeu a defesa do Benfica, que, em certas alturas, não tinha referências para as marcações), apresentámos maior mobilidade dos jogadores e um leque mais variado de soluções ofensivas.

Os jogadores do Benfica reagiram muito mal ao baile que estavam a levar. Fartaram-se de dar pancada e de fazer birrinha com os árbitros. Foram sendo suspensos e alguns expulsos. No cômputo final, não se registou o desequilíbrio que se deveria ter registado. O Benfica só teve mais quatro minutos de suspensão que o Sporting. Mas eles consideram-se roubados. Um tal de João Coutinho, Vice-presidente das modalidades (ditas) amadoras, veio ameaçar com a desistência do Benfica do campeonato. Espera-se a todo o momento que os órgãos sociais se reúnam e deliberem por unanimidade a proibição dos adeptos do Benfica se deslocarem aos pavilhões dos outros cubes para assistirem a qualquer partida, mesmo que seja de berlinde.

Enfim, ganhar ao Benfica é bom. Dar-lhes uma tareia é ainda melhor. Dar-lhes uma tareia em andebol, para quem é um jogador frustrado, é excelente. Dar-lhes uma tareia em casa deles e deixá-los a fazer beicinho, então, é de ir às lágrimas.

domingo, 14 de novembro de 2010

Rivalidades

Deixámos a Académica para trás. Ficaram a três pontos, pelo menos por enquanto. Acabámos o jogo de dentes cerrados, com três centrais e três trincos, e a queimar tempo. Não foi bonito mas foi bom. É assim que se joga, quando se joga para não descer ou para o meio da tabela. Tem sido assim que o Paços de Ferreira se tem mantido na Primeira Liga. Também já temos um relvado impraticável, só precisamos de encurtar o campo e colocar o público atrás de umas grades a um metro dos fiscais de linha.

Não sei o que se pode dizer mais sobre o jogo. Pode-se dizer que o Postiga é um brinca na areia, mas todos sabemos isso. Pode-se dizer que no ataque escapa o Vukcevic e o Valdés, mas todos sabemos isso também.

Falando um pouco mais a sério, devemos a vitória ao nosso guarda-redes, que fez uma defesa do outro mundo quando o resultado estava dois a um. O treinador estava completamente ansioso por meter o Pedro Mendes. Percebe-se; é a sua derradeira oportunidade. Espera que seja o Pedro Mendes a fazer com que os jogadores se entendam dentro de campo, já que ele não consegue isso através dos treinos.

Enfim, este jogo teve um significado particular para mim. Adoro rivalidades e, particularmente, as que envolvem a Académica. Em Viseu, podíamos perder com todos, o que não desculpávamos é que o nosso Académico não ganhasse aos de Coimbra. Na época de 1978/79, fomos, pela primeira vez, disputar a primeira divisão. Acabámos em últimos com 11 pontos, mas valeu a pena. Ganhámos-lhes um a zero, no Estádio do Fontelo, com golo de Joaquim Rocha (que tínhamos ido precisamente contratar à Académica). Foi a nossa primeira vitória na primeira divisão, há aproximadamente 32 anos.

Já me esquecia: estamos com os mesmos pontos do Benfica.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O primeiro Sporting - Vitória: Carta para o novo Afonsinho do Condado

Querido Afonso,
Confesso que sempre gostei de Guimarães, a tua orgulhosa Cidade Berço. Da beleza e animação do seu notável Centro histórico, do Toural, à Praça da Oliveira, às suas mil ruelas e igrejas, sempre resplandecentes naquela desorganizada harmonia. Do bucho no Florêncio e das “tainadas” no ETC, mas, também, do requinte cultural do Vila For. Do verde tranquilo, descansando ali ao lado na Penha. E, claro, da magia do mítico Castelo - dizia há uns anos um responsável da Cidade de Nottingham a um antigo autarca de Guimarães: se, além da lenda do nosso Xerife de Nottingham, pudéssemos ter a imponência do vosso Castelo, o que não faríamos...
Sempre gostei, também, dos vimaranenses com que convivi: pessoas dinâmicas, trabalhadoras e com uma simpatia contagiante, sabem o que custa a vida e não têm medo de a enfrentar olhos nos olhos, dizendo o que pensam, de forma por vezes crua, mas sempre frontal. É certo que, com o seu antigo espírito de mercadores, têm aquela costela guicha dos minhotos, bem traduzida no que me disse uma vez o tal antigo autarca vimaranense: Indicadores, indicadores, Ó Doutor, quer indicadores, eu arranjo-lhe os indicadores. E diga-me lá, que indicadores quer? Para pagar ou para receber?
No futebol e apesar de algumas escaramuças pontuais com o Sporting (quem se recorda do caso Marlon?), sempre mantive bastante simpatia pelo Vitória – uma espécie de segundo clube, a par do Rio Ave e do Setúbal. Não sei explicar porquê. Talvez tenha sido das boas recordações daquela vitória do Sporting num jogo decisivo da época de 79/80 (com o famoso auto-golo do Manaca) que praticamente nos deu o primeiro título que eu tenho plena consciência de festejar. Ou, mais tarde, pela ideia que tinha de que a sorte nos era muitas vezes favorável nos jogos contra o Vitória (ao contrário do que sucedia, por exemplo, contra o Boavista). Ou, também, pelo facto do Vitória ser o único Clube dito "não grande" que, regra geral, não se prestava – nem presta -  a quaisquer vassalagens ao Porto ou ao Benfica (nem claro, ao Sporting) – as Direcções sabem que a sua legião de adeptos é apenas do Vitória, unicamente do Vitória e... o resto é história.
Entretanto, a minha relação com Guimarães foi-se aprofundando. Foi lá que comecei a namorar com a minha mulher. Foi lá que o meu irmão casou com uma vimaranense de gema. É lá que os dois vivem. É lá, que tu, meu pequeno sobrinhito Afonso, dás agora os primeiros passos neste teu segundo mês de vida.
Na passada segunda feira, chegou o dia do teu primeiro confronto futebolístico Sporting – Vitória e… perdemos… ainda por cima, em Alvalade e… depois de estarmos a ganhar por 2-0 a 15 minutos do fim! Enfim, o teu pai não vai ter tarefa fácil, para te tornar o primeiro Afonso vimaranense a ser, antes de mais do Sporting e só depois do Vitória… Afinal, quem quer ser do Sporting de Bettencourt e Pál Sérgio, quando pode ter (e festejar) Vitórias?
De qualquer forma, espero que o teu pai consiga. Nem que seja porque, só assim, eu poderei perdoar a traição do Guimarães. Não, não foi por causa da nossa derrota de segunda feira. É “apenas” por, com a tradicional malícia minhota, nos terem “endrominado" com o… Pál Sérgio – treinador que se preparavam para cobrir de "alcatrão e penas" por ter falhado o acesso do Vitória às competições europeias. Não contentes com isso, estes minhotos manhosos ainda surripiaram 600 mil Euros de indemnização aos totós de serviço em Alvalade…
Enfim, por estes dias, ao passear à noite em Guimarães ainda ouço gargalhadas a ecoar nas muralhas do vosso Castelo. Como diziam os antigos vimaranenses: “Quem se carrega de nabos, carrega-se de diabos…”
Beijinhos do tio sportinguista,

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para a rua, já!

Não vi o jogo do Sporting ontem. Fui a um jantar-debate. Quando comecei a comer, estávamos a ganhar dois a zero. Quando acabei e começou o debate, fiquei a saber que tínhamos perdido por três a dois.

Logo ali me enchi de raiva. Pensei que me passasse. Hoje, durante o dia, apesar de uma ou outra piada no trabalho, quase não me lembrei do jogo. Vi, há pouco, um resumo. Voltei-me a encher de raiva como da primeira vez.

Não sei o que me enche mais de raiva. O resultado em si mesmo. O facto de se ter tratado de uma reviravolta, ainda para mais, no último quarto de hora. A expulsão do Maniche e a circunstância de nos termos desorganizado completamente. Os falhanços dos avançados, com o Postiga à cabeça, na primeira parte. O ar patético e indeciso do treinador.

Talvez o que me encha de raiva seja mais do que aquilo que aconteceu ontem. Chega de contratar treinadores amadores. Chega de comprar centrais “ a granel” sem encontrar um de jeito. Chega de contratar médios para as mesmas posições quando nos falta um trinco e um avançado em condições. Chega de asneiras e mais asneiras.

Pelo menos um tem que ir para a rua. Já!

domingo, 7 de novembro de 2010

O Dragão, a Águia e o Leão: Razão & Pulsão (*)

A Águia acusou o Dragão de lhe ter roubado meio quilo de Paixão e três quartos de Benquerença.

No Tribunal da Selva, perante o juiz Leão, o Dragão defendeu-se das acusações da Águia e, no calor do debate, um e outro foram denunciando todas as malfeitorias que, em segredo, haviam perpetrado.

O juiz Leão ouviu-os atentamente e, por fim, sentenciou: "Condeno-vos a ambos: a ti, Dragão, porque roubaste o que de ti reclama a Águia; a ti, Águia, porque ninguém te roubou o que do Dragão exiges".

Moral - Razão ‐ Em contendas entre perversos, tão iguais como a Águia e o Dragão, raramente há quem tenha ou quem deixe de ter razão.

Moral - Pulsão – Como hoje não podem perder os dois (bem, se tivéssemos uns desordeiros infiltrados e um Conselho de Disciplina da Liga do nosso lado, isso podia-se arranjar, agora assim…), epa, desculpem, mas é mais forte do que nós: “Allez, Dragão, Allez, Nós somos a tua voz, Queremos esta vitória, Conquista-a por nós…”

(*) Adaptada da Fábula de Esopo “O Lobo, a Raposa e o Macaco”

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O insubstituível Abel

O Record descobriu, há dias, que com o Abel em campo não perdíamos. Não procurou saber se com ele jogávamos melhor. Dava sorte, como há quem diga que uma pata de coelho também dá, e ponto final.

O Paulo Sérgio, que é desta nova geração de treinadores que usa computadores, não perdeu a oportunidade e meteu esta estatística na táctica. Saiu o nosso renovado flanco direito com o Abel a defesa e o João Pereira a médio. As estatísticas foram-lhe dando razão. Com o Abel em campo era só ganhar.

Contra o Gent o Abel tudo tentou para demonstrar que esta coisa da sorte é para levar mais a sério. Começou por fazer um penalty parvo que o Gent aproveitou. Ninguém acreditaria que com o Saleiro em campo viéssemos a recuperar e recuperámos. Arranjou maneira de ser expulso e … zás! Nem tivemos tempo de perceber o que nos tinha acontecido: já estávamos com mais duas bolas mais lá dentro.

Espero que este fim-de-semana o Abel jogue. Espero, também, que o não substituam. Pedia-lhe, por fim, que não se deixasse expulsar de forma imbecil através de faltas ridículas à saída da grande área do adversário. Quer chova quer faça sol, o Abel tem que ficar em campo o tempo todo. Mesmo assim, pelo sim, pelo não, fui à procura da pata de coelho que levei para o último jogo com o Leiria.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O que é bom para o Benfica é bom para Portugal

O jogo de hoje (ontem) do Benfica contra o Lyon na Champions League foi excelente a três níveis.

Em primeiro lugar, o Benfica é um clube português e ninguém me vai apanhar em faltas de patriotismo. Quando se trata de futebol ou do Festival da Eurovisão, sou uma autêntica padeira de Aljubarrota.

Em segundo lugar, foram mais três pontos para o “ranking” da UEFA. Não podemos ser só nós e o Porto a dar para este peditório. Não é fácil para o Benfica contribuir para o acesso de outros clubes portugueses à Champions League, mas o país está primeiro, mesmo que se confunda o país com o Benfica.

Em último lugar, foi o momento de nos recordarmos porque é que, no final do Verão, nos andámos a rir à gargalhada com a contratação daquele guarda-redes pernalta do Benfica. Foi caro mas valeu a pena. Aquele frango só tem a classe que tem porque o Benfica pagou pelo frangueiro o que pagou. Um frango barato nunca pode ser um bom frango.

Gostei sobretudo quando ele, depois do frango, fez um sinal com as mãos de que alguém devia ter falado. Imagino que se estivesse a referir ao jogador do Lyon. É de facto imperdoável que um jogador como o do Lyon, que anda nesta provas internacionais há tanto tempo, não tenha a cortesia de, antes de cabecear, informar devidamente o Roberto sobre o que ia fazer. Qualquer coisa do tipo ”Roberto, acho que te estás a sair à maluca e, portanto, vou-me antecipar e fazer-te um chapelada”, mas em francês.

domingo, 31 de outubro de 2010

Vamos voltar ao início

Parafraseando um antigo “spot” publicitário, apetece dizer que “há sempre um Sporting desconhecido que espera por nós”. Em cada jogo, muda a táctica, mudam os jogadores, trocam-se as posições entre eles e, por vezes, acerta-se.

Sabíamos que o Valdês não é extremo ou médio ala. Não sabíamos é que pode ser um excelente dez. Sabíamos que o Nuno André Coelho e o Polga são dois meninos. Não sabíamos é que o Torsiglieri pode ser uma excelente opção para emparelhar com o Carriço: tem cara de homem, entra com força sobre os adversários nas antecipações (é verdade que tem um pé direito completamente “cego”, parecendo, por vezes, ir tropeçar na bola quando ela lhe vem para esse pé; mas, quando não se tem cão, caça-se com gato ou, neste caso, com o Torsiglieri).

Quanto ao jogo (contra o Leiria), ficámos a dever a nós próprios uma goleada ou, antes, ao Postiga. Sem o Postiga e mesmo com dez, hoje, não escapavam. Sabíamos que ele não marcava golos (neste campeonato, após nove jornadas, ainda não marcou um único golo). Sabíamos que ele atrapalhava os colegas. Não sabíamos é que não só os atrapalhava como evitava que os seus remates se transformassem em golos. Toda a gente continua a dizer que ele está em grande forma, que isto e que aquilo e quem somos nós para dizer o contrário.

O João Ferreira é um amigo. Sabíamos isso dos telefonemas. Sabíamos isso, se mais não fosse, pela arbitragem da Super-taça. Não vá o Benfica perder na próxima jornada e o Sporting ganhar e passar à frente, tratou de fazer uma arbitragem preventiva. Como ninguém tem vergonha na cara, vai continuar a apitar jogos por aí, num relvado perto de si.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

His name is…

… Abel. O Abel é um excelente rapaz. Basta olhar-lhe para a cara. Simpatizamos logo com ele. É o genro que todos nós escolheríamos. Imaginamo-nos, com ele, a lavar o carro ao sábado ou a passear ao domingo de fato de treino de tactel no shopping.

O que não o imaginamos é como herói do nosso clube. Podia ser um herói improvável. Acontece, às vezes. Por exemplo, o Acosta tinha cara de um responsável funcionário de meia-idade das finanças e não deixou de ser um dos meus heróis por isso. Mas o Acosta marcava golos (sobretudo quando o Secretário se distraia). O Abel não é assim.

O Abel é um jogador mediano, mas esforçado, que, por uma série de coincidências e de alinhamentos dos astros, acabou no Sporting (até chegou a ser convocado para os treinos da selecção). Ele próprio sabe isso. Ele próprio não aspiraria nesta altura a muito mais do que regressar às origens no seu querido Penafiel, onde se reformaria do futebol e abriria uma loja de material desportivo. Talvez viesse a ser, quem sabe, treinador do Paredes, do Lousada ou assim.

Mas não. O Abel, hoje, é um dos jogadores mais importantes do nosso Sporting. Marca as bolas paradas. Marcou, no último jogo, um golo decisivo contra o último classificado. Este estatuto do Abel é a mais sublime ironia do nosso Sporting actual. Representa, na perfeição, o buraco em que nos metemos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Hoje foi melhor

Estive tentado a dizer que “hoje gostei”. As expectativas não são muitas e cada vez mais nos contentamos com pouco. Mas hoje, de facto, foi um pouco melhor do que o costume.

Ganhámos e isso é bom em si mesmo. Ganhámos de forma esforçada e sem dar grande descanso ao adversário, que, na última meia hora, não conseguiu sair do seu meio campo. Nesse período, pressionámos, recuperámos bolas sobre bolas e, mais em força do que em jeito, lá fomos criando lances que nos teriam permitido descansar um pouco mais cedo.

Gostei de alguns jogadores. O Patrício comportou-se como um guarda-redes de clube grande. A bola pouca vezes lhe chegou mas quando tal aconteceu esteve muito bem. Fez três defesas decisivas. O Torsiglieri pareceu um jogador interessante. É agressivo sobre a bola. Pressiona bem os adversários, não os deixando dominar a bola e segurá-la no ataque. Mais importante do que isso, é o único defesa que tem cara de poucos amigos.

Quanto aos restantes, não há muito a dizer. Temos a originalidade do Abel a marcar as bolas paradas e a sua transformação em goleador de último recurso. O João Pereira continua com a mesma determinação do costume. Merecia ter marcado aquela que foi ao poste. O André Santos lá continua abnegado e trapalhão. Um pouco mais clarividente esteve o Maniche. O Postiga prossegue a sua saga no Campeonato. Continua sem marcar um golo apesar de estarmos praticamente a meio da primeira volta. É verdade que teve algum azar. Mas tanto azar ao fim de tantos anos tem outro nome.

Os comentários foram magníficos. É sempre bom podemos continuar a ouvir o Manha. Gostei daquela em que o lateral esquerdo do Rio Ave, depois de ter um amarelo, fez uma falta sobre o Abel (com mão à mistura) que poderia ter originado a sua expulsão. Comentário imediato: “o Sporting também não se pode queixar pois já fez mais faltas que o Rio Ave”. Percebem a relação entre o toucinho e a velocidade? Não percebem pois não?! Foi mais ou menos assim que fiquei após esse comentário. Também fiquei surpreendido (ou não) por a TVI não ter dado a repetição de um lance em que se reclamou penalty após centro do Valdés.